Diamantino Bártolo

25 de Abril de 1974 em Portugal. O Antes e o Depois.

Diamantino, um jovem ainda imberbe, com apenas 17 anos resolve alistar-se na Armada Portuguesa, no dia 01 de Abril de 1966. Na época, foi uma opção que tinha por objetivo servir a Pátria, porque o regime de então, não oferecia outra alternativa.  Vivia-se um período, já longo, de perseguição política, a quem fosse denunciado ter posições antigovernamentais. Nestas circunstâncias, muitos jovens decidiram emigrar, passando à situação de refratários, impossibilitados de regressarem ao seu país, durante vários anos.  Portugal, a nível internacional, era um país praticamente isolado, devido à sua política antidemocrática, expansionista, que através dos seus navegadores, foram descobertos outros territórios e os ocupavam, provavelmente contra a vontade os povos autóctones, impondo-lhes severas obrigações, tentando dominá-los pela evangelização, porém, recorrendo também, em alguns casos, à escravatura, apesar da abolição do tráfico de seres humanos, se verificar em 29 de Abril de 1875, em todos os territórios ocupados pelos portugueses.
Em 09 de agosto de 1969, o jovem marinheiro radiotelegrafista, embarca para Angola, a bordo do navio Índia, chegando a Luanda e seguindo posteriormente para o Comando das Forças de Marinha no Leste de Angola, na cidade do Luso (hoje, Luena), onde desempenhou as suas funções até 17 de Novembro de 1972, regressando ao Continente, para, finalmente, em 08 de Janeiro de 1973 lhe ser dada baixa do serviço militar ativo.  Devido à situação de guerra, com as então colónias portuguesas, este jovem deu o seu contributo à Pátria, colocando a sua vida em risco durante mais de 3 anos.  Já em Portugal continental e desligado da vida militar, tentou trabalhar e dirigindo-se a uma repartição pública da área do seu concelho foi-lhe entregue um questionário para preencher.  Verificando que tinha dificuldade em responder a algumas questões políticas, dirigiu-se à delegação da Direção Geral de Segurança (Ex-PIDE), para solicitar os esclarecimentos que lhe faltavam. Houve um desentendimento com o chefe da Delegação que, logo ali, pretendia prende-lo, não fosse a intervenção de um familiar, solicitar que tal não acontecesse.  O jovem Diamantino, já casado e com uma filha, após um concurso para trabalhar como operador de comunicações em Angola, e tendo obtido bons resultados nos exames, apresentou-se na companhia que o contratou, situada no Leste de Angola, iniciando funções no final de 1973.  A companhia tinha uma estação diretora de comunicações e dispersos por vários pontos do território, havia postos de comunicações.  Na noite de 24 para vinte e cindo de abril de 1974, no turno da meia-noite às seis da manhã, o radiotelegrafista Diamantino estava de serviço, em escuta permanente, na frequência atribuída a esta função.  Cerca das 5 horas da manhã, uma mensagem emitida pela agência noticiosa France-Presse, transmitida em morse acústico, despertou a atenção do telegrafista, que logo começou a escrever a mensagem com o seguinte teor: “Golpe de Estado Militar em Portugal.  As Forças Armadas Portuguesas derrubaram o Governo fascista, autoritário, autocrático e corporativista que vigorava desde 1933.  Mário Soares e Álvaro Cunhal seguem de comboio, a partir de Paris, para Portugal, onde devem desembarcar na estação de Santa Apolónia.  Na localidade do Dundo, onde trabalhava Diamantino e onde existia uma delegação da PIDE/DGS, bem como nas diversas divisões da companhia e empregados, ninguém sabia nada, do que se estava a passar no Continente, só no dia 25 de abril à noite é que começou a propagar-se o rumor da existência do Golpe de Estado em Lisboa.  Entretanto o Serviço de Vigilância e Controlo da companhia onde trabalhava Diamantino, terá dado ordens para que a PIDE/DGS, desarmasse e partisse para Portugal.  O jovem radiotelegrafista regressaria também ao Continente, em setembro de 1975, a título de férias, porque a companhia não queria perder os seus técnicos.  Felizmente, como em tudo na vida, sempre há um princípio, um meio e um fim e, paulatinamente, os ditadores vão caindo dos pedestais, em que se colocaram, ilegítima e ilegalmente, porque a paciência, a dor, o sofrimento e a humilhação têm limites, que não podem ser ultrapassados.  Os Portugueses atingiram esse limite e, só lhes restava derrubar um regime que não cumpria com a maior parte dos mais elementares e sagrados Direitos Humanos.  O espírito e capacidade de adaptação dos Portugueses acabaram por resolver este drama da descolonização.  O Estado-Governo que se seguiu à “Revolução dos Cravos” enquadrou e integrou nos seus quadros, milhares de funcionários, assim como as grandes empresas e bancos, entre outras. Resta, passados cinquenta anos, indemnizar os Portugueses que perderam os seus bens: imobiliários, financeiros, empresariais e empregos.  Apesar de todas as dificuldades, Portugal pode orgulhar-se da sua “Revolução dos Cravos”, da implementação de um regime democrático com amplos direitos, liberdades e garantias, que, ainda hoje, faz inveja a muitos outros países.  Não há dúvida que somos um “povo de brandos costumes”, pacífico, hospitaleiro e humanista, um povo resiliente, sem dúvida nenhuma.  A “Revolução dos Cravos” proporcionou aos Portugueses uma vida nova, com esperança num futuro de desenvolvimento, emprego e justiça social, porque Democracia é isto mesmo: igualdade de oportunidades, redistribuição justa da riqueza nacional, cuidar de todos os cidadãos de igual modo, sem discriminações negativas, nem marginalização dos mais fracos.  A “Revolução dos Cravos”, ainda não terminou, todos os projetos então prometidos, possibilitou retirar o país do isolamento internacional, em que já se encontrava.  Abriu as portas para a integração na União Europeia, com todos os deveres e direitos que tal implica, reconhecendo-se hoje, terceira década do século XXI, que valeu a pena correr os riscos que uma revolução pode suscitar, para aqueles que nela se envolvem.  Portugal, hoje, é um país pacífico, onde se pode olhar o futuro com otimismo, um território cujo povo se revela profundamente humanista e bondoso, basta analisar a nova política de acolhimento de refugiados, oriundos de países em guerra, de regimes extremistas, nos quais a dignidade e os direitos humanos perderam ilegítima e ilegalmente qualquer sentido.

Venade/Caminha – Portugal, 2024

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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