Processos Judiciais Trabalhistas de Paulista

Em Paulista, os processos judiciais trabalhistas se constituem em fontes históricas largamente diversificadas e informativas. Preservam histórias que não são encontradas em outros documentos oficiais e revelam uma dura condição de vida de trabalhadoras e trabalhadores, em que as queixas mais comuns eram as de demissão sem justa causa seguida do não recebimento de qualquer parcela indenizatória e não pagamento de horas extras e noturnas.

A vedação do serviço noturno ao sexo feminino exceto em casos especiais (segundo os artigos 379 e 381 da CLT) parecia ser completamente ignorada, onde era comum ver operárias trabalhando em regime de revezamento semanal até às 23 horas ou madrugada adentro, sem receber nem ao menos os 20% (vinte por cento) de acréscimo salarial estabelecidos em lei.

Também eram persistentes os relatos de demissão após retorno de licença médica ou licença maternidade, assim como a demissão sem justa causa realizada após retorno de benefício temporário no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (I.A.P.I.).

Apesar de o movimento operário ser liderado por homens, que não raramente tentavam obstaculizar a presença feminina nas entidades classistas, as fontes históricas tornam evidente o fato de que as trabalhadoras não apenas estavam presentes em grande número nas fábricas ou no campo, como também não aceitavam passivamente os desrespeitos aos seus direitos, não se calando diante das injustiças sofridas com disposição de enfrentar o patronato para terem seus direitos considerados.

Embora as trabalhadoras não figurassem em posições de poder dentro das associações sindicais ou das forças políticas, a Justiça do Trabalho constituiu-se em ferramenta de reclamação particularmente útil para a garantia de seus direitos.

Origem do Polo Têxtil de Paulista

Paulista é um Município pernambucano localizado no litoral norte, pertencente à Mesorregião Metropolitana do Recife e está a 18 quilômetros da Capital do Estado.

As origens de Paulista remontam à primeira metade do século XVI. A região, originalmente, era habitada por povos indígenas Caetés, Cariris e Tabajaras.

O crescimento populacional de Paulista está diretamente relacionado ao início das operações da indústria têxtil, liderada pela família Lundgren, que em 1904 adquire uma fábrica na região.

A Companhia de Tecidos Paulista (CTP) se destacava, chegando a empregar mais de 20 mil trabalhadores. Tornou-se um significativo polo da indústria nacional da época.

Adotava o sistema de fábrica com vila operária, onde trabalhadores permaneciam subordinados às normas impostas pelos patrões, desde a moradia à segurança, da utilização dos rios ao cultivo das terras. Foram essas vilas de operários que deram origem aos bairros do Município.

Tecido Memória

Documentário de José Sérgio Leite Lopes, Rosilene Alvim e Celso Brandão.
A contracorrente de esquecimento de sua importância social, os trabalhadores têxteis de Pernambuco reconstituem a sua vida cotidiana no auge do poder patronal sobre cidades e bairros industriais: e narram a saga de suas lutas por direitos sociais e melhores condições de trabalho e moradia até os anos recentes. Baseado em pesquisa antropológica e historiográfica feita desde 1976 e retomada para filmagem entre 2006 e 2008.
Filme completo: https://youtu.be/MRsQU4Pt-QI

Quem bate? É o frio