Ingold, Christopher Kelk (1893-1970)

CHRISTOPHER KELK INGOLD (1893-1970)

Christopher Kelk Ingold era filho de Willian Kelk Ingold e Harriet Walker Newcomb, nasceu em Forest Gate, Londres, em 28 de Outubro de 1893, por causa de problemas de saúde de seu pai a família mudou-se para Shanklin, na ilha de Wight, quando ele era um bebê seu pai faleceu, quando Christopher tinha 5 anos e sua irmã Dóris, 2 anos.

Christopher Ingold frequentou a escola primária Sandown e foi para a faculdade Hartley. Ele obteve seu bacharelado em ciências como aluno externo da universidade de Londres, em outubro de 1913. Na escola e na universidade ele era melhor em Física do que em Química. A Física naquela época fora ensinada como uma matéria completa muito limpa, arrumada e bastante aborrecida, enquanto que a Química ensinada pelo professor D. R. Body era animada, crescente e excitante ciência. Parece que ele nunca se dedicou aos esportes tanto no colégio e nem na universidade, declarou que teria tido melhor notas na sua prova de graduação se não tivesse dedicado tanto de seu tempo ao jogo de xadrez. Ele começou prontamente a faculdade imperial e iniciou sua colaboração com Jocelyn Field Thorpe (por muitos anos professor de Química Orgânica nessa instituição), membro da Royal Society de Londres.

Em 1918, Ingold por dois anos deixou sua associação com J. F. Thorpe e foi trabalhar como pesquisador químico na empresa de cianeto Cassel em Glasgow, mas retornou a Faculdade Imperial como conferencista em Química Orgânica, em 1920.

A partir de 1920, ele publicou uma série de artigos sobre Química Orgânica, que lhe garantiram o grau de Doutor em Ciências da Universidade de Londres em 1921. Nessa mesma ocasião conheceu Edith Hilda Usherwood, onde se associaram em pesquisas.

Edith Hilda Usherwood obteve o título de Bacharel em Ciências Químicas na Universidade de Londres sob a orientação do professor T.S. Moore. Na faculdade Real Holloway, em 1920, e foi trabalhar com a Dra. Martha Whiteley, na Universidade Imperial. Ela obteve seu PhD em 1922 e seu grau de Doutor em Ciências Químicas, em 1925. Em 1923, Ingold casou se com a Doutora Edith Hilda Usherwood.

A influência discreta e útil da Senhora Ingold sempre foi evidente para os amigos e colegas de seu marido, depois de 1939 se dedicou a trabalhar como secretária de seu marido datilografando todos seus artigos, bem como os manuscritos de ambas, edições de seu livro. Ingold repetidamente demonstrou sua gratidão a ela. Em 1924, com a idade de 30 anos foi eleito membro da Royal Society de Londres, neste mesmo ano ocupou a cadeira de Química Orgânica deixada vaga pelo professor J.B. Choen (membro da Royal Society), na Universidade de Leeds, Ingold permaneceu em Leeds por seis anos, foi durante esse período que ele ampliou sua capacidade para abarcar toda a Química Orgânica, este processo conceitualmente se completou em 1927, ano em que o quadro teórico de indução e de conjugação como modos de polarização e polarizabilidade foram criados.

De 1925, em diante acrescentou substituição aromática eletrofílica aos seus interesses, bem como efeitos alternados em cadeias de carbono. Ingold se interessou pelas curvas de titulação de ácidos dibásicos e publicou três artigos sobre o assunto em 1928-1929, com R. Gane.

Durante no seu período em Leeds 1924-1930, Ingold interessou-se por todos os aspectos da Química Orgânica; o âmbito de sua influência expandiu-se para abraçar á todos, aspectos da Química Orgânica, um processo que estava conceitualmente completo por volta de 1927, ele escreveu cinco relatórios anuais sobre o progresso da Química (Divisão homocíclica), para a Sociedade Química, a qual revisou um amplo número de campos da Química nos quais ele não era pessoalmente ativo: Terpenos, radicais livres, estereoquímica do nitrogênio, enxofre e arsênico, oxidação e ozonetos; a Reação de Grignard, cetis metálicos, difenilos, pinacol pinacolona; os rearranjamentos de Wagner-Meerwein, esteróis e ácidos biliares.

Algumas destas revisões estimularam incursões preliminares, mas bem-sucedidas em novas áreas, por exemplo, a formação e estabilidade de radicais livres o mecanismo de rearranjos moleculares. Em 1927, o quadro teórico indução e conjugação, como modos de polarização e polarizabilidade, fora criado e conduziu no devido tempo a uma teoria eletrônica de reações químicas orgânicas. Em 1929, o mecanismo físico para uma produção de um estado molecular intermediário entre aqueles cujas fórmulas comuns poderiam ser escritas, foram percebidas como uma extrapolação da teoria de troca da mecânica quântica de uma ligação localizada e como um fator de estabilidade molecular; subsequentemente em 1933, o termo mesomérico foi introduzido para descrever tais estados intermediários.

O trabalho inicial de Ingold com Thorpe, relacionavam-se com a formação e a estabilidade dos compostos spiro (aqueles cujas moléculas tem dois anéis com um átomo comum a ambas) derivadas dos ciclos: hexano, ciclo pentano e ciclo butano, um desses artigos demonstra a habilidade matemática de Ingold e descreve a tendência das ligações “banana” do ciclo propano e a conformação “borboleta”, do ciclo butano, o estudo dos compostos espiro e a série concomitante de artigos sobre a formação de compostos insaturados e cíclicos, a partir de derivados halogenados de cadeias abertas derivadas em estruturas policíclicos em relação aos seus isómeros insaturados homocíclicos foram direcionados em apoio á hipótese de deflexão de Valência Thorpe-Ingold, foi só compreendida 25 anos depois, e que muita evidência anteriormente detida para apoiar a hipótese de deflexão de valência, consistentemente podia ser explicada em termos de impedimento estérico. A esse período também pertence o trabalho sobre o ácido triacético metano, algum trabalho inicial sobre prototropia, os estudos iniciais da estrutura do benzeno e as pesquisas e a formação aditiva de membros de quatro anéis. A síntese do ácido triacético metano, foi realizada a pedido de Thorpe, porque o ácido era necessário em conexão aos estudos sobre compostos espiro e aos sistemas de anéis associados; o ácido não era obtido pelos mais óbvios métodos sintéticos, mas foi obtido através do (Beta) hidroxilglutarato e etilo sódio ciano acetato e a hidrólise do produto a 63 % e uma síntese melhorada, foi subsequentemente descrita. A prova da reversibilidade da reação de Michael levou ao reconhecimento dessa propriedade tendo como base três carbonos prototrópicos e mais geralmente, ao reconhecimento que cada reação de adição nucleofilica reversível tem sua contraparte em um sistema prototrópico, por exemplo, a reação de aldol em ceto-enol.

Os estudos obre a formação aditiva de anéis de quatro membros foram originalmente realizados em ligação com o trabalho sobre a estrutura do benzeno, e em conexão com a visão atual da relação entre a fórmula de Kekulé e Dewar para o benzeno. Estes artigos contêm as sementes da controvérsia entre Ingold, Lapworth e Robinson, a teoria das polaridades alternadas previram os compostos contendo as porções:

C+ =N- e O- =N+ e C+=N- e O-=C + deveriam adicionar-se uma a outra de modo que as polaridades fossem concordantes, enquanto que experiência mostra que a direção de adição foi discordante. Os estudos sobre a formação aditiva de anéis de quatro membros foram á causa da nomeação de Ingold como titular da cátedra da cadeira de Química Orgânica, na Universidade de Leeds e de seu início no campo da substituição aromática eletrofílica com uma série de artigos sobre a natureza do efeito alternante em cadeias carbônicas. Uma análise penetrante da teoria das afinidades alternadas, como enunciada por Flurschien em 1902 e a teoria das polaridades alternadas como a enunciada por Lapworth e Robinson em 1924, levaram-no a trabalhar nos efeitos diretos na substituição aromática de certos grupos críticos [NO, -CH(OMe)=CH2], para os quais as teorias previram resultados opostos, a substituição oposta (op) do grupo nitrosos e substituição (m), para a substituição (alfa) metóxivinil, diretamente opostas. Uma ampliação da teoria das polaridades alternadas de Robinson em 1925, a qual sugeria que átomos de chaves negativas para formação de sais ònion, como o reagente para atuarem como átomos de chaves positivas, foram demonstrados serem incorretas por uma comparação do efeito diretivo dos álcoois de benzilo e benzilaminas. Contraria a previsão da teoria das polaridades alternantes as experiências demonstraram que a substituição que prevalece contra derivados do álcool benzílico é do tipo PhCh2OA [A= alquilo ou alcilo] e que a formação do sal oxônio com o reagente não é o responsável, enquanto que a substituição (m), é frequente pelos derivados da benzilamina do tipo PhCH2NAA[A,A=alquilo ou alcilo]e prevalece em cada caso em que é impedida a substituição através de um sal de Amônio. Tudo isso adicionou combustível a controvérsia entre Ledds e Manchester, embora um artigo conjunto com Laworth sobre a nitração do tolueno fosse publicada em 1931. Esta longa série de 32 artigos, levaram a três relatos e declarações detalhadas que resumem os princípios da substituição aromática e aos princípios da reatividade da cadeia aromática lateral, a partir do ponto de vista da teoria eletrônica de valência.

Embora na faculdade imperial em 1922-1923, o 1,3 o sistema diarilo de três carbonos e o sistema 1,3 diarilo azometina metileno provassem ser estáticos em Leeds, a interconversão foi afetada pela catálise com íon etóxido, alternativamente foi conseguida a mobilidade no sistema N-C=C-N, através da presença de elétrons fortemente atraindo grupos terminais. O mecanismo unimolecular de duas fases de prototropia envolvendo um aníon mesomérico:

H-X-Y=Z-X-Y-Z -X = Y-Y –H

Que pode reagir com uma catálise básica ou ácida. Este mecanismo foi apoiado pela determinação cinética dos efeitos polares de substituintes sobre a mobilidade, pela demonstração que a taxa de racemização que uma cetona oticamente ativa era idêntica a taxa de bromação e com a taxa da troca do hidrogênio pelo deutério. Sobre condições ácidas quando o substrato está presente age como um ácido conjugado. Este mecanismo de novo foi apoiado pela demonstração que a taxa de racemização de uma cetona oticamente ativa era a mesma da bromação.

O mecanismo biomolecular de uma fase da prototropia: H-X-Y =Z+H+ H+X=Y-Z-H.

Foi proposta por Lowry e sua realidade foi comprovada pela comparação da taxa de isomerização de base catalisada, rancemização e a troca de hidrogênio com pares de deutérios oticamente ativos de metilenoazometina. Dados extensos coletados por Thorpe, Kon e Linstead sobre a mobilidade e o equilíbrio em sistemas tríade e prototrópico pêntade foram resumidos por Ingold, foram posteriormente interpretados e o conceito do controle cinético e termodinâmico do equilíbrio foi enfatizado.

Um exame preliminar da aniontropia, o homológo polar da trotropia na Universidade Real, em 1924, falhou o sistema tríade: N-C=H provou ser estático. Em leeds a mobilidade foi alcançada no sistema de três carbonos: Ar.C-C=C e N.C-C=C ,por um mecanismo de dois estágios unimolecular envolvendo um cátion mesomérico (R=OH, OAcyl hall): R-X-Y=Z X-Y-Z X=Y-Z-R.

Tentativas para estabelecer o mecanismo biomolecular de um estágio usando reações cinéticas e mudanças na atividade ótica conduziram a mais uma prova em apoio ao mecanismo unimolecular de dois estágios. O trabalho de leeds sobre a decomposição de compostos de amônio quaternário indicou o funcionamento do mecanismo de eliminação bimolecular E2 e o possível envolvimento do mecanismo de eliminação unimolecular E1: Z-+H-C(beta) –C(alfa)-Y-------ZH+C(beta)=C(alfa) + Y-H-C(beta)-C(alfa)-Y lento H-C(beta)-C(alfa)-C(beta)=C(alfa)+ H + (pg 356art W.C Schoppee).

A operação do mecanismo de substituição unimolecular SN1 também foi revelada e foi constatado pelo estudo de produtos em função da concentração, que uma substituição bimolecular simultânea SN2 poderia também operar estudos cinéticos confirmaram que os mecanismos E2, Sn2 e SN1 estavam envolvidos e posteriormente demonstrou a ocorrência do quarto mecanismo E1. Inversamente, uma investigação sistemática da substituição alifática nucleofílica em uma série de artigos sobre o mecanismo de substituição em um átomo de carbono saturado levou ao reconhecimento de que essas reações formaram uma única família com quatro tipos de distribuição de carga e correspondentes efeitos solventes e revelou a operação concorrente do processo de substituição bimolecular SN2, o processo de substituição unimoleular SN1 e o processo de eliminação unimolecular E1, conduzindo à formação de olefinas.

No campo das reações de eliminação, os mecanismos E2 e E1 foram substanciados e sua relação com os dois mecanismos Sn2 e Sn1 estabelecidos, incluindo a existência de um primeiro passo comum nos concorrentes processos E1 e Sn1.

Os problemas apresentados pelas influências do meio ambiente sobre os mecanismos E2 e E1 foram elucidados. Seus primeiros trabalhos com Thorpe levaram à descoberta do efeito Thorpe-Ingold, que ainda continua a ser uma generalização experimental importante mesmo que a explicação dada pela análise conformacional seja diferente da proposta pela primeira vez.

No outono de 1933, Ingold deixou Ledds, para ocupar a cadeira de Química da universidade de Londres, onde ele encontrou-se com o professor E. D. Hughes, como um pós bolseiro. Desse modo iniciou-se a colaboração entre Ingold e Hughes que durou 33 anos, e só foi interrompida pela morte prematura de Hughes. O diretor do departamento de Química em 1930, era Donnan (que segundo se murmurava) teria preferido a nomeação de qualquer outra pessoa do que Ingold para a cátedra de Química, Robinson ainda não tinha ainda saído da universidade de Londres para ocupar a cátedra de Química Waynflete, em Oxford, mas de uma forma surpreendente os três pareciam dar-se muito bem , havia entretanto uma situação difícil surgindo não da interação de personalidades, mas da crise econômica e política de 1930, a qual, a qual afetou as finanças da Universidade de Londres e das demais universidades do Reino Unido; as consequências financeiras impediu a nomeação de pessoal e a provisão de equipamentos por um número de anos. Mesmo assim as pesquisas de Ingold aumentaram de vigor e diferentes séries de pesquisas que muitas vezes se tornaram tão misturadas que é difícil identifica-las para descrições separadas. Enquanto estava em licença sabática em Stanford, em 1932, livre de seus deveres diários Ingold desfrutou de um período relativo de descanso e reflexão, então escreveu um resumo intitulado "Princípios de uma teoria eletrônica de reações orgânicas”, este artigo chamou muita atenção. Durante toda a década de 1930, o assunto sobre eliminação e substituição alifática nucleofílica era impopular; críticas, referências depreciativas, apareciam em revistas químicas todos os meses sobre esse tema. O artigo de Ingold foi chamado pejorativamente no exterior “A heresia Inglesa”. A cena da química orgânica americana da época não apreciava as novidades, Ingold e Robinson para os químicos americanos e poderiam ser colocados no mesmo cesto e rotulados como representantes da heresia inglesa em química, como Hughes também estava envolvido, teria sido mais preciso chamar heresia anglo-galesa.

Ingold escreveu claramente, usando a nomenclatura simplificada que está em uso até hoje. Como Ingold modestamente disse: ”O novo trabalho tornou incontestavelmente claro que a velha ordem na química orgânica estava mudando, a arte de escrever sobre assunto diminuindo e sua ciência crescendo. Já não seria apenas uma mistura de coisas: sofisticação em Físico química era a base a partir da qual todos os químicos, incluindo o químico orgânico, devia começar”. Robinson ficou furioso com este artigo, foi um "choque de titãs”. Ingold substituiu a linguagem obstrusa e às vezes obscura de Robinson, por um vocabulário muito mais simples. Ele também mostrou o valor dos estudos cinéticos precisos realizados Em colaboração com a Hughes, que justificou a citação Ingoldiana acima.

Ele era um trabalhador extremamente duro e nunca se poupou, quando ele estudou os mecanismos de onda em 1934, a sua concentração durante um período de cerca de 3 meses foi tal que ele perdeu peso. Quando Donnan aposentou-se em 1937, Ingold tomou o lugar vago e tornou- se diretor dos laboratórios. Por volta de 1939, a oposição desapareceu e as ideias de Ingold, sua terminologia e sua nomenclatura, seus mecanismos de reação hoje geralmente são aceitos e empregados em toda a parte.

O departamento de Química da Faculdade, apressadamente em 1939, mudou-se para o país de Gales. Com pouco equipamento o quase sertão País de Gales em Aberystwyth, e alguns meses depois tentou retornar, mas devido ao sistemático bombardeamento de Londres pelos alemães, em 1940, o departamento de química retornou à Gales mas desta vez levaram os mais importantes equipamentos, que permitiram que uma certa quantidade de trabalho fosse realizada aos propósitos nacionais (esforço de guerra) e lá permaneceu até 1944.

No fim da guerra, as medidas cinéticas precisas foram retomadas especialmente em reações de eliminação.

De volta a Londres, Hughes e Ingold começaram a produzir uma série memorável de artigos sobre o íon nitrônio e seu papel na nitração aromática. Todas as ferramentas para identificar o íon nitrônio foram utilizadas. Este trabalho, que sem dúvida iniciou- se durante a segunda guerra mundial na fabricação de explosivos, foi publicado em um dos muitos artigos em 1950.

Hughes e Ingold também foram os primeiros a sistematizar os mecanismos de hidrólise de ésteres. Seis diferentes Mecanismos envolvendo Acilo de Oxigênio e Alquilo de oxigênio. O primeiro trabalho pioneiro foi em 1939, enquanto uma discussão mais geral foi dada no memorável ano de 1950. Ingold mostrou em geral uma boa percepção da Importância das reações nas quais ele trabalhou. Uma reação que não estava bem nessa categoria foi o rearranjo da benzidina um problema fascinante pelas normas do dia.

Em 1946, Hughes e Ingold publicaram um artigo seminal sobre os efeitos estéricos e o rearranjo de Wagner. Posteriormente, os trabalhos sobre a solvólise de cloretos de bornilo e isobornilo conduziram ao postulado da aceleração sinártética, envolvendo íons sinartéticos. A química mudou em 1948, a Universidade de Londres tornara-se a Meca dos professores americanos e de muitos acadêmicos do programa Fulbright. Era como se Ingold fosse uma reencarnação de Alá, suas palestras eram de fato como sermões. Ingold era de fato um "profeta da ciência", ele falava com maravilhosa clareza e precisão.

A estereoquímica associada às reações Sn2 e Sn1, foi determinada e conduziu à realização mais espetacular do trabalho de substituição alifática nucleofílica, a solução do mistério da inversão e a retenção Walden. O mistério se originou em 1895, quando Walden descobriu que um composto opticamente ativo poderia ser convertido por vias alternativas em sua forma enatiomérica de um conjunto relacionado, e em 1897 estabeleceu um ciclo completo de conversões, esse ciclo deve compreender duas inversões e as duas retenções de Walden. Em 1907, Emil Fischer descreveu a descoberta de Walden, como a mais surpreendente observação no campo da atividade ótica, desde o trabalho inicial fundamental de Pasteur, em 1848, exemplos continuaram a se multiplicar e Walden listou mais de 20 ciclos em seu livro “Fenômenos da reversão ótica”, em 1919. O mistério da inversão e retenção de Walden continuou insolúvel por mais de 40 anos. A inversão era tão quase próxima da substituição que sua existência poderia ser detectada (embora ela não pudesse ser localizada ), somente introduzindo na sequência da reação uma substituição contrastante com retenção da configuração e para assegurar tal substituição envolvida satisfazer a fixação das condições constitucionais e cinéticas, estas condições foram satisfeitas nos ciclos clássicos de Walden, que envolvem compostos contendo um grupo carboxilo, removido da sede de reação de substituição ocorre por um processo "Sn2". Interno para produzir uma lactona (beta), hidrolizada por Fissão de acil oxigênio (que não quebra uma ligação no centro assimétrico) com inversão geral da configuração.

Sendo as propriedades estereoquímicas dos mecanismos conhecidas, as configurações em ciclos de Walden, poderiam ser relacionadas através de reações de substituição cineticamente controladas e mecanicamente definidas.

O trabalho em Leeds sobre a orientação em substituição aromática eletrofílica continuou, mas a atenção de Ingold dirigiu-se à cinética e ao mecanismo de nitração. Foi sugerido por Euler em 1903, que o reagente real era íon nitronium NO2 + mas isso só foi provado por Ingold em 1946. A nitração de compostos aromáticos pelo ácido nítrico em ácido em sulfúrico apresenta cinética de segunda ordem, em ácido nítrico solvente, com ácido nítrico em excesso constante o processo mecanicamente bimolecular (Se2), torna-se pseudounimolecular e cineticamente de primeira ordem, [ArH] em ácido acético ou nitrometano, a nitração com ácido nítrico em excesso constante tornam-se de ordem zero isto é o processo de reação a uma taxa constante, independente da concentração do substrato ArH, interrompe-se subitamente quando o substrato se esgota. A taxa medida deve referir-se à produção do reagente a partir de ácido nítrico, este reagente só pode ser o íon nitrónio, que é formado lentamente a partir de uma molécula de ácido nítrico protonada [o íon nitracidium H2NO3] ou em algumas circunstâncias a partir de um nitrato de acilo:

HNO3 +HNO3- rápido –H2NO3+NO3-

H2NO3+ --- lenta --- NO2+ H2O

O íon nitrônio foi descoberto e identificado crioscopicamente e espectroscopicamente no ácido nítrico e em suas misturas com os ácidos: sulfúrico, perclórico e outros ácidos muito fortes e espectroscopicamente no pentóxido de dinitrogênio cristalino. Sais puros do íon nitrônio, incluindo seu perclorato, foram preparados e comprovados espectroscopicamente terem a mesma estrutura iônica esperada.

O trabalho sobre a nitração aromática C levou naturalmente ao exame da cinética e da nitração R2NH---R2N NO2 e da nitração O, ROH-RO NO2, na qual o íon nitrônio também mostrou ser o reagente, como acima mencionado. As pesquisas das adições eletrofílicas, iniciadas em Leeds, foram continuadas em Londres. A influência dos substituintes na adição térmica [ou escura] de bromo em solução e de monocloreto de iodo e de halogenetos de hidrogénio a olefinas simples C = C e os efeitos dos catalisadores sobre as taxas de adição foram examinados.

As observações apoiaram o mecanismo aceito de dois estágios, de liberação de elétrons substituintes e aceleração e remoção de elétrons retardando a adição. Demonstrou-se ainda que a adição de halogenetos de hidrogénio a isobutano em nitrometano solvente é um processo específico do íon do hidrogênio consistente com sua inversão unimolecular. Parece que Ingold nunca trabalhou em adições nucleofílicas para compostos de carbonilo simples C = além da reação de Cannizzaro, mas ele estava profundamente interessado em adições eletrofílicas e nucleofílicas à sistemas insaturados conjugados desde seus dias na Faculdade Imperial.

O exercício de Leeds em química física sobre as reações do grupo carbóxilo, foi em Londres transformado em uma operação em química orgânica mecanicista para hidrólise de éster e esterificação dois mecanismos, envolvendo uma entidade R’CO2T e seu ácido conjugado R’CO2HR+ E relacionados uns com os outros como os mecanismos SN2 e SN1 de substituição nucleofílica, cada um deles capaz de proceder por fissão de oxigênio acil CO: OR, ou por fissão de oxigênio Alquil-COO: R, uma vez que estes quatro tipos podem, ocorrer em princípio, condições ácidas, foram previstos oito tipos de mecanismos [Bac2,Bal2,Aac2,Aal2,Bac1,Bal1,Aac1,Aal1]. Dos quais seis foram observados [os pares desaparecidos são Bac 1 e Aal1]. Os seis mecanismos observados foram verificados por estudos cinéticos, estruturais, estudos estereoquímicos e por estudos isotópicos.

O interesse de Ingold em rearranjos moleculares saturados iniciados em seus dias na Universidade Imperial, quando ele publicou um artigo sobre o mecanismo do Piacnacol-pinacolina e transformação de Wagner-Meerwein. Este interesse continuou em Londres, e se ampliou a outros rearranjos. Em Londres a mudança de Wagner foi observada durante a degradação de Hofmann e vinculada e ligada à substituição nucleofílica (SN1) e à reação de eliminação (E1); Isso leva à teoria da sinartese e aceleração sinártética. Antiga, novas ideias e sobre rearranjos saturados, fora o tema do primeiro discurso presidencial de Ingold a Sociedade Química. A conversão de hidrazobenzeno por ácidos para benzedina foi descoberto no Royal College of Science por A.W.Hofmann.

Ingold nunca esqueceu seu amor pela estrutura do benzeno. Ele Retornou ao problema quando benzenos deteratedos tornaram-se disponíveis na década de 1930. Em 1934 a água de deutério foi produzida eletroliticamente na Faculdade Universitária e logo se tornou disponível comercialmente e foi usada para introduzir Deutério no interior da molécula de Benzeno.

Iniciou-se assim a primeira incursão de Ingold na espectroscopia molecular no estado fundamental do benzeno, numa época em que havia oposição espectroscópica a considerar o benzeno como possuindo simetria hexagonal regular. Os resultados foram publicados em duas comunicações em 1935 e um conjunto de oitavo papéis em 1936 e uma outra comunicação em 1937, três comunicações apareceram em 1945, e um conjunto adicional de sete papéis escritos principalmente em 1939, foram publicados em 1946. Este foi o primeiro uso principal do princípio de que os isótopos mudam de frequência sem alterar o campo de força, que foi empregado com vários deuterobenzenos, para encontrar um conjunto abrangente de frequências tornadas não observáveis pela simetria no benzeno ordinário e assim determinar simetria molecular e quantitativa geométrica e mecânicas características.

A segunda incursão de Ingold na espectroscopia molecular diz respeito ao primeiro estado excitado do benzeno, foi motivado pelo pensamento de que a polarizabilidade em estados moleculares terrestres envolvem a inclusão de estados excitados de modo que o conhecimento aumentado de excita estados em forma pura deve levar a uma melhor compreensão da contribuição de polarizabilidade para reações químicas.

Ele usou o princípio do isótopo e publicou em 1948, um conjunto de doze artigos, levando à primeira elucidação quantitativa da característica geométrica e mecânica de uma molécula poliatômica excitada. A simetria do estádio de excitação do estado (singuleto) do benzeno foi considerada.

A terceira incursão de ingold na espectroscopia molecular relacionada com o primeiro estado excitado de acetileno; tornou-se o primeiro caso em que foi estabelecida uma mudança grosseira de forma, de uma geometria linear a curva, na excitação. O primeiro estado excitado estereoquimicamente alterado foi registrado em um conjunto de cinco artigos publicados em 1953. Este tópico foi o tema do segundo discurso presidencial de Ingold à Sociedade química em 1954.

A partir do resumo do trabalho de Ingold, fica claro que ele estava sempre pronto para introduzir novos conceitos teóricos e novas técnicas.

Em seus artigos, os argumentos e as conclusões são assinalados com grande precisão; ele passou muito tempo e tomou imenso cuidado em escrever papéis, talvez porque ele se esforçou para prever todas as complicações possíveis. Por causa da oposição inicial a suas novas ideias. Ele inevitavelmente se envolveu em controvérsias; a maneira vigorosa e contundente com que ele tratava, na imprensa, com oposição e crítica, contrastava com a bondade, paciência e cortesia dele como ser humano.

As palestras universitárias de Ingold sempre foram modelo de clareza, suas palestras públicas geralmente dadas sem o auxílio de anotações eram marcantes por apresentação lógica, o uso de metáforas apropriadas e respaldadas num Inglês claro. Sua visão no ensino da Química, tivera um efeito marcante sobre a estrutura do curso de graduação na Universidade de Londres depois da guerra; ele foi amplamente o responsável pelo conteúdo do novo grau de bacharel em ciências especial que envolve uma fundamentação mais completa nos aspectos matemáticos e físicos da química do que era habitual na época. Em Leeds colóquios eram necessários em uma base departamental, em Londres, a ausência de estrutura departamental levou naturalmente a uma única série de colóquios, em conformidade com a visão de Ingold da unidade da química. Suas críticas penetrantes, mas gentilmente formuladas, estimulavam a discussão; Seu manejo de declarações soltas ou perguntas ingênuas foi caracterizado por tato e paciência, o que fez muito para encorajar a seus colegas. Outro generoso costume, usado especialmente para seus associados mais jovens pesquisadores, era polir rascunhos de artigos e, em seguida, recusar-se a deixar seu nome aparecer neles, dizendo: "Vocês necessitam publicar como um único autor, a fim de estabelecerem-se como autores”.

Embora encorajando seus colegas a perseguir suas próprias linhas de pesquisa. Ele frequentemente forneceu ideias para pesquisa e nunca procurou crédito por fazê-lo. Foi uma marca apropriada da estima e do afeto que ao novo departamento de química na Faculdade da Universidade de Londres, fosse dado o seu nome.

Em seguida, em 1968, ele também publicou um artigo sobre a substituição eletrofílica em compostos organomercuriais o qual Foi seguido um ano mais tarde por dois artigos adicionais, o último com M. D. Johnson . Sua publicação final foi um verdadeiro monumento ao seu gênio. Foi a segunda edição de seu livro Estrutura e Mecanismo em Química Orgânica (A primeira edição desse livro foi em 1953). As contribuições que Ingold fez a química foram reconhecidas por muitas honrarias e prêmios, A Royal Society de Londres convidou-o pra dar a palestra Bakerian (1938) e premiou-o com a medalha Davy em 1946 e também o premiou com a Medalha Real em 1952. Ele serviu no conselho da Society Real nos períodos de (1938 a 1940) e de (1960 a 1962). Em 1957, Sociedade Química convidou-o para dar a palestra Pedler e neste mesmo ano premiou-o com a medalha Longstaff, em 1962 a mesma sociedade convidou-o para dar a palestra Faraday e o agraciou com a medalha Faraday. Em 1965 a Sociedade americana de Química concedeu-lhe o prêmio James Flack Norris em físioquímica Orgânica. Ingold recebeu os doutorados Honoris Causa em ciências de Leeds, Sheffield-Southampton, Oxford e Dublin, da Universidade Mc Master e da Universidade Nacional da Irlanda, ele também recebeu o PhD Honoris Causa da Universidade de Oslow, o grau de Doutor Honoris Causa da Universidade de Bolonha, Paris e Montepelier. Ele foi palestrante visitante na Universidade de Stanford em 1950, o mesmo aconteceu nas empresas Glidden, Davis, American Cyanamide, 3M e Redman fora palestrantes visitante nas Universidades, Notre Dame de Illinois, Kansas, Connecticu, Minesota.

Ingold foi membro da Fundação nacional da Ciência na Universidade Vanderbilt em 1964.

Ingold foi eleito membro correspondente da Academia Real de Ciência da Espanha (1948) e um conselheiro honorário para investigações científicas mais elevadas na Espanha. Membro estrangeiro: honorário do Instituto Weizman de Israel, da Academia de Ciências de Nova York, da Academia Americana de Artes e Ciências (1958) e Membro da Faculdade Imperial (1959), Acadêmico estrangeiro da Academia de Bolonha (1965).

Ingold foi residente da Sociedade Química Inglesa, e foi elevado a grau de cavaleiro (Sir), em 1958.

Em Londres Ingold se tornou muito menos prolixo, ele assumiu seu passatempo observação de aves, e escalada e começou a viajar para o exterior. No entanto, ele muitas vezes parecia viver mentalmente nas nuvens, em outro mundo. Depois da guerra, embora estivesse muito ocupado com a reconstrução de sua escola de pesquisa, que adquirira reputação internacional, encontrou tempo para fazer repetidas visitas educacionais a França e Espanha e acabou se tornando um grande viajante visitando a maioria dos países do mundo. Transformou-se um montanhista afiado e fez escaladas no País de Gales no distrito do lago, Skye e os Alpes Franceses, incluindo ascensões ao Mont Blanc e ao Aiguilles Chamonix Uma vez ele dirigiu da Inglaterra, via Gibraltar até a África sozinho embora já tivesse passado dos 60, ele se internou tão longe quanto possível no Deserto do Saara ele deu carona á um árabe fortemente armado que provou ser um golpe de sorte porque uma tempestade de areia súbita cobriu as trilhas que levava ao oásis, e não havia forma de se orientar, o caronista conhecia a direção para o oásis e era profundamente conhecedor do deserto sabendo quais áreas eram seguras para dirigir e quais e tudo terminou bem. Em 1962, visitou Nigéria durante dum período de dois meses, e pela primeira vez começou a pescar. Quando esteve na Universidade Vanderbilt, Tenesse, em 1964, dirigiu até Acapulco, no México e foi ao norte ao longo da costa do Pacífico, tão longe quanto possível, afim de observar as a aves mexicanas. Em 1964, com idade de 71, ele mergulhou com sucessos moderados no Canadá.

Sua última aparição pública, fora como presidente do Comitê do IV simpósio Internacional para o Química Orgânica do Enxofre em Veneza, em julho de 1970.

Charles. W. Shoppe prestou um merecido tributo à Ingold.

Se olharmos á 50 anos atrás, a conclusão inevitável, que Ingold teve extraordinária imaginação, visão, iniciativa e criatividade, possuída por um dos maiores intelectos em química no século 20, o qual acrescentou uma nova dimensão à química orgânica.

BIBLIOGRAFIA:

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Sir Robert Robinson, Memoirs of a Minor Prophet,70 Years of Organic Chemistry, Elsevier, Oxford, 19. C. K. Ingold, "Signs of a New Pathway in Reaction Mechanism and Stereochemistry," J. Chem.Soc., 1954, 2991-2998. [Presidential Address to the Chemical Society, April 2, 1954, Manchester.