Biot, Jean Batiste (1774-1862)

Jean Baptiste Biot

Físico e matemático, nascido nasceu em Paris em 21 de abril de 1774, iniciou seus estudos no colégio Louis-Le Grand em 1793 e alistou-se no regimento de artilharia do exército do norte. Uma vez que Biot foi criado nos tempos turbulentos da Revolução Francesa, não é de se surpreender que ele participou como um dos insurgentes que tentaram derrubar a Convenção Nacional.

Logo em seguida, Biot deixou o serviço militar para entrar na escola politécnica. Posteriormente foi para Beauvais, onde foi ser professor da escola central da cidade e retornou à Paris em 1800 para ocupar cadeira de Física Matemática no Colégio de France, aos 26 anos de idade. Em 1803, Biot foi admitido à Academia de Ciências da França.

Ainda em 1803, Biot foi enviado pela Academia Francesa para apresentar um relatório sobre 3000 meteoritos que caíram sobre Làigle na França. Ele descobriu que os meteoritos, chamadas “pedras" na época, eram do espaço exterior à Terra. Com seu relatório, Biot ajudou a apoiar a teoria que Ernest Florens Friederich Chladni havia publicado em 1794, que dizia os meteoritos eram restos do espaço.

Antes da completa investigação de Biot dos meteoritos que caíram próximo a L. Aigle na França, muitos poucos realmente acreditavam que rochas encontradas no solo da Terra poderiam ter origens extraterrestre. Haviam rochas incomuns encontradas no chão depois de que bolas de fogo tinham sido avistadas no céu, mas muitas as hipóteses de que tinham origem do espaço eram descartadas por parecerem ideias fantasiosas. Muitos debates se iniciaram a pós a publicação do livro do físico alemão Chladin, que afirmava que aquelas rochas tinham uma origem extraterrestre. Somente após as investigações de Biot, e a consequente análises químicas acuradas dos meteoritos, resultando também na descoberta da composição química do nosso sistema solar, houveram evidências para suportar a origem extraterrestre dos meteoritos.

Em 1841, Biot foi admitido para a Academia de Inscrições e Belas Letras; e em 1856 foi admitido na Academia da França. Após o início de sua carreira como matemático e astrônomo, Biot foi designado para a seção de geometria da Academia de Ciências. Entre os incidentes interessantes de sua carreira, pode ser citada sua ascensão em um balão de ar quente junto com Gay Lussac, alcançando um recorde de ascensão com altura de 7400 metros. O propósito do experimento era estudar as condições magnéticas, elétricas e químicas da atmosfera da Terra em várias altitudes.

Biot participou ativamente nos vários ramos da geodesia e esteve envolvido na famosa medição de um quadrante de um meridiano terrestre, com a finalidade de padronizar o comprimento de uma nova unidade, o metro. Como membro do Bureau de Longitudes, Biot foi em 1806 para Formentera, nas Ilhas Baleares, para retomar a medição de um grau do meridiano, que foi iniciada em 1804 por Méchain, que morrera tentando.

Em 1817 Biot foi para as ilhas Shetland Escócia para verificar as operações geodésicas dos ingleses, sob o comando do coronel Mudge. Em 1824 ele retornou à Itália, Sicília e Espanha, a fim de corrigir algumas medições de geodesia feitas em 1808. Ele contribui com mais de 250 ensaios para várias sociedades e periódicos. Este enorme trabalho abrange todo campo da Física experimental e da matemática, bem como astronomia. Ele foi o campeão da teoria corpuscular da luz, sobre a qual ele teceu algumas das mais engenhosas explicações dos fenômenos muito complexos de sua polarização. Biot descobriu as leis da polarização rotativa por corpos cristalinos e aplicou estas leis à análise de soluções de sacarina. Sua fama repousa principalmente sobre seu trabalho sobre a polarização e a dupla refração da luz.

Jean Baptiste Biot fez muitas contribuições à comunidade científica em sua vida, mais notavelmente em ótica, magnetismo e astronomia. A lei de Biot-Savart, é uma equação descrevendo o campo magnético gerado por uma corrente elétrica. A lei é válida na aproximação magnetostática é e consistente com ambas leis circular de Ampére e do magnetismo de Gauss. A relação ou lei de Biot-Savart foi descoberta em em 1820.

Na experiência que determinou a lei, Biot e Savart demonstraram uma conexão entre a eletricidade e o magnetismo, colocando um longo fio vertical e uma agulha magnética à uma distância do fio, e mostraram que a passagem da corrente elétrica ao longo do fio causou movimento na agulha.

Em 1812, Biot voltou sua atenção para o estudo da Ótica, particularmente para a polarização da luz. Antes do século 19, acreditava-se que a luz consistia em pacotes separados chamados de corpúsculos. Durante o início do século 19, muitos cientistas começaram a discordar da Teoria Corpuscular e a adotar a Teoria Ondulatória da luz. Biot começou seu trabalho na polarização para mostrar que os resultados que ele estava obtendo poderiam ser confirmados se a luz fosse constituídas de corpúsculos. Seu trabalho sobre a polarização cromática e a polarização rotativa causaram um grande avanço no campo da ótica. Contudo, como foi posteriormente demonstrado, suas descobertas poderiam ter sido feitas usando a Teoria Ondulatória da Luz. Os trabalhos de Biot sobre a polarização da luz levaram à muitas descobertas no campo da ótica. Cristais líquidos ou LCDs (do inglês Liquid Crystals Displays), como os usados nas telas de televisores e computadores, usam a luz polarizada por um filtro quando ela alcança o cristal líquido. O cristal então pode modular a intensidade da luz transmitida. Isto acontece devido uma vez que a polarização do cristal líquido varia em resposta à um sinal de controle elétrico aplicado através dele. Filtros polarizadores são usados extensivamente em fotografia para cortar reflexos indesejados ou para aumentar a reflexão.

Os trabalhos mais elaborados de Biot são: Tratado de Geometria Analítica em 1802 (oitava edição 1834); Tratado de Física Experimental e Matemática (4 volumes, 1816); Física específica (2 volumes, 1817); Tratado de Astronomia Física (6 volumes, 1850) Misturas Científicas e Literárias (3 volumes, 1858). Este último é uma compilação de grande parte de suas críticas, autobiografias e relatórios de viagens.

Prêmios e honrarias: Biot foi um membro da Legião de Honra. Ele foi eleito cavaleiro por aquela instituição em 1814, sendo elevado ao grau de comandante em 1849.

Em 1816 ele foi eleito membro estrangeiro da Academia Real de Ciências Sueca.

Em 1840 Biot recebeu a medalha Rumford, concedida pela Royal Society, no campo das propriedades térmicas e óticas da matéria.

Jean Baptiste Biot teve um único filho, Édouard Constant Biot, um engenheiro e sinólogo nascido em 1803. Édouard faleceu em 1850 e só foi graças aos esforços extraordinários de seu pai que a segunda metade do último livro de Édouard: O clássico chinês "Tchou Li" foi preparado para a publicação. Para publica-lo em sua forma correta, Jean Baptiste Biot teve que consultar Stanislas Julien, o famoso sinólogo. Ele mesmo teve que visitar muitas oficinas e questionar artesãos sobre o vocabulário, a fim de verificar a exatidão do trabalho de seu filho. Até hoje a tradução de Biot permanece a única tradução em uma língua ocidental desse livro.

Seus pontos de vistas religiosos tornaram-se mais pronunciados no final de sua vida. Ele disse ter recebido o Sacramento da confirmação das mãos de seu próprio neto.

Jean Baptiste Biot faleceu aos 88 anos em 03 de fevereiro de 1862 .


Bibliografia

A Short History of Chemistry J. R. Partington Macmillan and Co limited London 1951.

The Historical Development of Chemical Concepts. Roman Mierzecki. Polish Scientific Publishers Varsóvia 1985.

História da Química Bernard Vidal Edições 70 Lda Lisboa Portugal 1986.

Texto desenvolvido por: Sidney Cormanich