Boyle, Robert (1627-1691)

Robert Boyle (1627-1691)

Os pais de Robert Boyle eram ingleses, e durante o governo dos Tudor em 1588 foram para a Irlanda. Seu pai Richard Boyle, primeiro conde de Cork, foi nomeado como Lorde Chanceler para a Irlanda (funcionário da realeza que recebia terras como favor real). Sua mãe Catherine Fenton era filha de Sir Geoffrey Fenton, ex-Secretário de Estado para a Irlanda. Pela ocasião do nascimento de Robert Boyle, em 25 de janeiro de 1627, seu pai tinha um vasto latifúndio que ia do mar da Irlanda ao Oceano Atlântico.

O jovem Robert Boyle deu mostras de um talento excepcional, sendo fluente em latim e grego aos 8 anos de idade. Após a morte de sua mãe, quando tinha 12 anos, Boyle foi enviado para estudar no colégio Eton, na Inglaterra, junto com um de seus irmãos, sendo que nessa época o reitor era Sir Henry Watton, amigo do seu pai. A pedagogia principal do colégio consistia de homéricas surras regulares para todos os alunos, independentemente de seu grau de nascimento, seu desenvolvimento intelectual. Sendo uma criança enfermiça, esse tratamento fez com que Boyle fosse marcado de tal forma, que ele “esqueceu” boa parte de seu latim, adquiriu gagueira e foi reduzido a acessos de melancolia suicida, que continuou até sua adolescência.

Aos 14 anos, Boyle e seu irmão foram enviados juntos com um preceptor por uma turnê pela Europa. Em Genebra, durante uma noite, despencou uma tempestade que marcaria a sua vida para sempre. O ribombar dos trovões e a luminosidade dos raios pareceram à Boyle que chegara o juízo final. De fato, após esse evento, Boyle fez votos de castidade, que o fez levar uma vida marcada por uma forte religiosidade. A religiosidade se tornara um traço marcante de sua personalidade durante toda a sua vida. Boyle continuou a sua viagem pela Europa, recebendo de seu preceptor uma instrução excelente, livre das coações do tedioso método de ensino comum. Boyle teve condições de seguir seu próprio padrão de leitura e sua precocidade retornou sob uma roupagem científica.

Na Itália leu as obras de Galileu. Leu também Descartes e absorveu suas visões de mundo. Ele voltou para a Inglaterra da Europa continental em meados de 1644 com um grande interesse na investigação científica. Seu pai havia falecido no ano anterior e havia deixado a mansão de Stalbridge em Dorset (Inglaterra) e propriedades substanciais no condado de Limerick (Irlanda) para Boyle. A partir desse momento, Boyle dedicou sua vida à pesquisa científica e logo assumiu um lugar de destaque no grupo conhecido como a "Universidade Invisível" (precursor da Royal Society of London), que se dedicava ao cultivo da "nova filosofia". Eles se reuniam com frequência em Londres, muitas vezes em Gresham College, e alguns dos membros também se reuniam em Oxford.

Em 1656 Boyle mudou-se para Oxford, que durante os períodos de Guerra fora um reduto realista, atraindo muitos refugiados. Entre eles, estudiosos, que a partir dos trabalhos de Bacon, se dedicavam ao experimentalismo. Nessa época Boyle fez uma lista de 24 possíveis invenções, que incluíam "o prolongamento da vida", a "arte de voar", "luz perpétua", fazer uma armadura leve e extremamente dura, um navio que navegasse com qualquer tipo de vento e um navio que não afundasse, uma maneira viável que determinasse para se encontrar as longitudes (como faz hoje o GPS), medicamentos potentes para melhorar a memória e medicamentos que promovecem a diminuição da dor (analgésicos), obtenção de sonhos inofensivos (calmantes), entre outros.

Nessa época a Inglaterra estava mergulhada no conflito entre os parlamentaristas e os realistas. Disso resultou em uma guerra civil, que culminou com a execução de Carlos I em 1649 e o estabelecimento de um parlamento independente, acabando com o Direito Divino dos reis. Na família de Boyle todos eram realistas, com exceção de sua irmã Catherine, que apesar de nobre, era uma fervorosa parlamentarista.

Nessa época a Universidade Invisível reunia-se para discutir os últimos empreendimentos científicos. Boyle era um dos fundadores do grupo e recebeu a carta Patente do rei Carlos II em 1662. Boyle foi indicado como presidente da Royal Society of London em 1680, mas não aceitou a sua nomeação, uma vez que deveria proferir um juramento que conflitava com suas convicções religiosas Anglicanas.

Boyle é considerado um dos fundadores da química moderna e de fato ele deu-se conta que a química é digna de ser estudada por ela mesma e não meramente como um auxílio para a medicina ou alquimia. Além disso, Boyle introduziu um método rigoroso experimental na química, e deu uma definição clara do que era um elemento e mostrou por experiências que os quatro elementos de Aristóteles (água, terra, ar e fogo) e os três princípios dos alquimistas (mercúrio, enxofre e sal) não deviam ser chamados de elementos. As percepções de Boyle sobre os elementos são definidas no seu livro entitulado "O Químico Cético" (veja mais abaixo).

Em Oxford, Boyle passou residir em uma casa na High Street, onde montou um laboratório e contratou como seu assistente o jovem graduando de Oxford, Robert Hooke. Essa dupla colaborava muito bem e formaram uma profunda relação de trabalho, que duraria pelo resto de suas vidas. Com a ajuda de Hooke, Boyle projetou uma bomba de vácuo, que ficava presa a um balão de vácuo. Usando esse dispositivo, Boyle provou a previsão de galileu que no vácuo dois corpos cairiam na mesma velocidade, independentemente de seus pesos. Na ausência da resistência do ar, uma pluma e um pedaço de chumbo cairiam com a mesma velocidade. Boyle e Hooke também confirmaram que no vácuo o som não se propaga. Levando a cabo outras experiências, uma corrente elétrica podia ser sentida através do vácuo, (se tivessem colocado um filamento descobririam a lâmpada elétrica antes de Edson). Estes experimentos na ausência do ar levaram Boyle a conduzir experimentos para descobrir a natureza do próprio ar. Usando camundongos e aves, descobriu que através da respiração (inalação e expiração) as impurezas eram removidas. O ar era apenas uma substância da natureza que provocava o enferrujamento do ferro e tornava verde um domo de cobre. Além disso, quando comprimido, parecia ter elasticidade. Boyle concluiu nesse estágio que o ar era semelhante a um fluido elástico com partículas reativas flutuando nele. Prosseguindo em seus experimentos, Boyle descobriu a sua famosa lei, que declara que o volume de um gás varia na proporção inversa de sua pressão, ou seja, quanto maior a pressão menor é o volume ocupado pelo gás. Porém, por um descuido, Boyle não levou em conta a temperatura. Para que essa assertiva seja verdadeira, a temperatura deve ser constante, pois, se houver um aumento de temperatura, o gás se expande por si só, causando um aumento de volume e, quando esfriado, ele se contrai, acontecendo o contrário.

Boyle era um pensador científico, sua obra prima foi o Químico Cético, publicada em 1661. O Químico Cético foi escrito em um bom estilo, embora um pouco prolixo, com toques de humor. Esta obra compreende um ataque direto à teoria dos quatro elementos de Aristóteles, que perdurou por mais de 2000 anos, e também a teoria dos três elementos de Parcelso. Boyle afirma que os elementos são partículas primárias: Corpos primitivos sem mistura, ou seja, qualquer substância que não pudesse ser decomposta em outra substância mais simples poderia ser considerado um elemento. Boyle expôs dessa forma pela primeira vez uma compreensão dos elementos químicos que correspondem à ideia que temos hoje. Boyle seguiu adiante e verificou que esses elementos se combinavam em grupos para formar um composto. Boyle compreendeu que as propriedades de todas essas substâncias compostas dependiam do número e da posição dos elementos que a continham. Estas observações, mais tarde, levariam à Teoria Molecular. Após a publicação desse trabalho, Boyle iniciou a prática de anotar seus experimentos de maneira clara e facilmente compreensível, de modo que pudessem ser entendidos, repetidos e confirmados por outros cientistas. Isto era o oposto do sigilo alquímico e provou ser um grande avanço para a ciência como um todo. De fato, o método científico moderno tem esses parâmetros como uma de suas bases.

Boyle e seus colegas acreditavam que o mundo era composto de corpúsculos que se comportavam de maneira mecanicista. Apesar de que essa hipótese não podusse ser testada em laboratório na época, o sistema mecânico-corpuscular explicava a imensa variedade de fenômenos científicos. Em outras palavras, a hipótese funcionava embora a ciência não soubesse o por quê. Isso deixou Boyle numa situação anômala. Embora tivesse definido o que era um elemento, Boyle não sabia de fato o que era um elemento. Como resultado de seus trabalhos, Boyle chegou à errônea conclusão de que os metais não eram elementos. Daí se um metal não era uma substância primária (elemento), podia ser decomposto em seus elementos constituintes e congregado novamente, ou pior, transmutado em outro. Eis aqui Boyle voltando a cair na armadilha da Alquimia.

Boyle fora contagiado pela alquimia. Cadernos secretos codificados de Boyle revelam uma busca persistente e vasta pela Pedra Filosofal. Porém, Boyle empreendeu seus experimentos alquímicos com todo seu rigor científico usual, tentando repetir um a um todos os experimentos alquímicos tidos como bem-sucedidos que chegavam à seu conhecimento. Apesar de todos os embustes que ele descobriu, sua crença no aspecto "nobre” da alquimia persistiu. Ele chegou a usar a sua influência na Royal Society para revogar a lei anti-alquimia sancionada quatro séculos antes por Henrique III. De fato, a lei foi revogada pelo parlamento em 1689.

Boyle não era contra essa lei por causa da inanidade da atividade que ela proibia. Ao contrário, parecia-lhe que a manufatura do ouro seria de grande benefício para o país e sua economia. Boyle exortou os cientistas de todo o país a levar adiante essa importante busca da transmutação dos metais. Apesar desse retrocesso, o trabalho de Boyle continuou o de mais alta qualidade. Sua maior descoberta foi a determinação para diferenciar um ácido de um álcali. Ele descobriu que o xarope de violetas tornava-se vermelho com os ácidos e verde com os álcalis e permanecia da mesma cor com soluções neutras (como os atuais corantes indicadores de pH).

Boyle tornou-se cada vez mais obcecado contra o ateísmo e ele acreditava que a Pedra Filosofal seria capaz de atrair anjos, e seria uma arma eficaz contra o ateísmo. Isso significava que o exercício da alquimia era também um dever religioso. Como diretor da Companhia das Índias Orientais, Boyle gastou grandes somas em promover a difusão do cristianismo no Oriente, contribuindo generosamente para sociedades missionárias e para as despesas de tradução da Bíblia em várias línguas. Boyle apoiou a política de que a Bíblia deve estar disponível em língua vernácula do povo. Uma versão do Novo Testamento na língua irlandesa foi publicada em 1602, mas era raro na vida adulta de Boyle. Em 1680-1685 Boyle pessoalmente financiou a impressão da Bíblia, tanto do Antigo e do Novo Testamento, em irlandês. A este respeito, a atitude de Boyle para a língua irlandesa diferia da Ascendência Inglesa na Irlanda na época, que era geralmente hostil ao idioma e, em grande parte, se opunha ao uso do Irlandês.

Em seu testamento, Boyle forneceu o dinheiro para uma série de palestras para defender a religião cristã contra aqueles que considerava "infiéis notórios, nomeadamente ateus, deístas, pagãos, judeus e muçulmanos", com a disposição de que as controvérsias entre os cristãos não fossem mencionadas. Até hoje ministradas na Royal Society, apesar de ter um foro nada científico, estas palestras tem o propósito de defender a religião cristã em acordo com o ponto de vista de Boyle. Boyle também tinha uma perspectiva monogenista sobre a origem das raças. Ele foi um pioneiro no estudo das raças humanas, e ele acreditava que todos os seres humanos, (não importa o quão diversa fossem suas diferenças físicas), vieram da mesma fonte: Adão e Eva. Ele estudou relatadas histórias de pais dando nascimento à diferentes albinos coloridos e concluiu que Adão e Eva eram originalmente branco e caucasianos e que poderiam dar à luz a diferentes cores de raças. Teorias de Robert Hooke e Isaac Newton sobre cor e luz através da projeção óptica (na física), também foram ampliadas por Robert Boyle em discursos de poligenese, especulando que talvez essas diferenças ocorreram devido à "impressões seminais". Levando isso em conta, pode-se considerar que ele imaginou uma boa explicação para a tez no seu tempo. Os escritos de Boyle mencionaram que no seu tempo, para "Olhos europeus", a beleza não era medida tanto pela cor da pele, mas em "estatura, simetria graciosa das partes do corpo, e boas características no rosto". Vários membros da comunidade científica rejeitaram seus pontos de vista e os descreveram como "pertubadores".

Boyle sempre teve má saúde e gostava de dosar a si mesmo e seus amigos com receitas de fontes muito variadas: Conta-se que ele usava enxames de capas quando ele saia de casa de acordo com a temperatura do ar, e sempre controlava a sua temperatura corporal usando um termômetro que carregava consigo. Ele evitava conversas, preferindo passar a vida em estudos de química e suas aplicações em metalurgia, medicina e na fabricação de corantes e vidros. Apesar de sua diligência em registrar seu trabalho experimental, Boyle era curiosamente negligente no que dizia respeito à publicação Os trabalhos de Boyle são muitos extensos. Eles foram coletados e publicados em 1774 por Birch em seis volumes. Um resumo desses trabalhos também foi publicado por Shaw e alguns trabalhos desses volumes foram publicados em Inglês e Latim, e eram bem conhecidos na Europa.

No final da Guerra dos Trinta Anos, em 1648, Henning Brand, o alquimista, usando a maneira de pensar dessa classe, imaginou um experimento para obter ouro. "Uma vez que a urina humana era dourada, poderia ser transmutada em ouro". Assim, coletou 50 baldes de urina e deixou-a fermentar. O resíduo formado foi um sólido preto, que foi aquecido e destilado e tornou-se uma substância pegajosa e transparente. Quando desidratada, brilhava no escuro e, algumas vezes, se inflamava espontaneamente, desprendendo densos vapores brancos. Brand resolveu chamar essa substância de fósforo, que significa gerador de luz. As notícias dessa descoberta se espalharam por toda a Alemanha e era o segredo mais bem guardado do século XVII. Brand fez várias demonstrações para os amigos, mas sempre se recusou a divulgar o segredo da obtenção do fósforo. Nesta época, vários químicos ganhavam a vida fazendo turnês por várias cortes demonstrando as últimas maravilhas científicas. O fósforo era ideal para esses espetáculos.

Finalmente foi visitado em Hamburgo pelo Dr Johann Krafft de Dresden, que o convenceu a vender o segredo. Dali em diante Krafft passou a fazer demonstrações com o fósforo em cortes de toda Europa. Quando visitou a corte de Carlos II, em Londres, Boyle foi convidado para assistir ao experimento. Krafft se recusou a revelar o segredo para Boyle, mas através de um comentário casual que ele deixou escapar e da observação atenta de seu experimento, Boyle colheu certas pistas, mas o segredo ainda continuava.

É aí que entra em cena Johann Becher, misto de alquimista trapaceiro e trapaceiro alquimista. Depois de aplicar um golpe na Assembléia Holandesa, dizendo que era capaz de usar uma mistura de prata com areia para transmutá-las em ouro, convenceu os holandeses a entregar uma considerável quantidade de prata. No dia anterior ao que começaria a transmutação em massa de prata em ouro, Becher pegou a prata e tomou um navio para Londres.

Em Londres, Becher foi contratado como alquimista/químico por Robert Boyle, o qual por sua vez recomendou a Boyle que contratasse para suas pesquisas com o fósforo um jovem de dezenove anos, o químico alemão Ambrose Godfrey Hanckwitz. As pesquisas não davam em nada, mas Becher sabia que o segredo estava nas mãos de Hening Brand e o jovem Ambrose foi despachado para Hamburgo, talvez como o primeiro espião industrial da história. Ambrose trouxe a chave que faltava, ferver a urina humana à alta temperatura até conseguir um resíduo sólido, então aquecer este resíduo à alta temperatura, passando-o para a fase gasosa e condensá-lo no interior de uma retorta.

Boyle enviou em uma carta selada à Royal Society o segredo de fabricação do fósforo e ajudou Ambrose a iniciar a fabricação do produto e distribui-lo por toda a Europa. Isso fez de Ambrose um homem rico. Quando da descoberta do fósforo, pensou-se que essa nova substância teria um uso militar, o que infelizmente tornou-se uma realidade quando nos dia 3 e 5 de fevereiro de 1945.

Neste dia a cidade de Dresden na Alemanha foi bombardeada por 1.300 aviões Americanos e Ingleses, lançando mais de 3.900 toneladas de bombas de fósforos, que calcinou a cidade e 25.000 pessoas com ela e ferindo mais 22.000, na maioria civis: homens, mulheres e crianças. Hamburgo e Pforshein também conheceram o poder destrutivo do fósforo, que matou 50.000 civis em Hamburgo e 18.000 em Pforshein. Apesar de nenhum dos envolvidos no bombardeio de Dresden jamais ter sido acusado de crime de guerra, muitos defendem que o bombardeio foi sim um crime de guerra. Segundo o Dr. Gregory H. Stanton, advogado e presidente da Genocide Watch: O Holocausto nazista está entre os genocídios mais perversos da história, ,as o bombardeio de Dresden pelos Aliados e a destruição nuclear de Hiroshima e Nagasaki também foram crimes de guerra. Este bombardeamento chocaram tanto a opinião pública inglesa, que o partido conservador do vitorioso Winston Churchill perdeu as eleições de 1945 para os trabalhistas de Clemente Atlee.

A prática de registrar tudo por escrito de Boyle prendia-se à sua filosofia de que toda a descoberta científica fosse de domínio público. Isto estava bem com Boyle que era um homem rico, com uma renda privada, mas outros, compreensivelmente, buscavam ganhar com suas descobertas. Estava a ciência fadada a se tornar um comércio ou deveria existir para o benefício de todos? Esta questão continua relevante até hoje. À essas dificuldades somavam-se também às questões de prioridade de quem descobriu o que primeiro. Se um cientista descobrisse algo e publicasse, a descoberta seria sua. Mas nesse caso ela se tornaria de domínio público e ele nada ganhava com isso. Se não publicasse, outro poderia fazer a mesma descoberta e reivindica-la como sua.

As leis de patenteamento continuavam em sua infância. O direito outorgado por um monarca de uma invenção em seu país não eram reconhecidos em outro. Com a difusão da revolução científica por toda a Europa e com a criação de academias de ciências como: Academia dos Lices na Itália, Academia Royale de Ciencés em Paris e a Academia de Berlim, o conhecimento se expandia cada vez mais e, em certas medidas, essas instituições atuavam como repositórias e coordenadoras do novo conhecimento, desde que ele fosse de uso prático. Mas como fazer quando esse conhecimento era teórico ou permanecia inédito? Como os produtos químicos apareciam muitas vezes sem que os químicos soubessem o por quê, essa matéria era menos passível de descrições precisas. Em muitos casos os químicos estavam operando às cegas. Um exemplo claro foi a descoberta do fósforo por Brand, que estava procurando transformar urina em ouro e descobriu o fósforo, porque ele não tinha a menor ideia da composição química da urina.

Em 1668 Boyle deixou Oxford para ir morar em Londres, onde ele residiu na casa de sua irmã mais velha, Katherine Jones, em Pall Mall. Seus contemporâneos amplamente reconheciam a influência de Katherine em seus trabalhos, mas historiografias posteriores não registraram essa parceria intelectual ao longo de suas vidas.

Em 1689 sua saúde já não muito boa piorou e boyle gradualmente retirou-se de seus compromissos públicos, cessando as suas comunicações para a Royal Society e anunciando seu desejo de ser dispensado de receber convidados, "a não ser em ocasiões muito extraordinárias", às terças-feiras e sextas-feiras de manhã, e quartas-feiras e sábados à tarde. Desta forma teve tempo para se dedicar ao seu lazer, que consistia em preparar algumas investigações químicas importantes e deixa-las como um legado hermético aos "discípulos estudiosos da Arte", cuja natureza ele não especificou (Alquimia? provavelmente sim). Sua saúde se tornou ainda pior em 1691, e morreu em 31 de dezembro daquele ano, apenas uma semana após a morte da irmã com quem vivia há mais de vinte anos. Boyle morreu de paralisia. Ele foi enterrado no cemitério da igreja de St Martin-in-the-Fields, seu sermão fúnebre foi feito por seu amigo, Bispo Gilbert Burnet.

A misoginia era sacralizada na Royal Society, que já fora encorajada antes por Hooke, o secretário da sociedade, que fizera voto de celibato. Parece que para membros daquela instituição, mesmo a menor perspectiva de se envolver com uma mulher, era intolerável. De fato, por quase três séculos desde a sua criação, a única presença feminina na Royal Society foi um esqueleto preservado na coleção anatômica da sociedade.

A Royal Society of Chemistry emite uma medalha para o prêmio Robert Boyle para a Ciência Analítica em sua homenagem.

BIBLIOGRAFIA:

O Sonho de Mendeleive, Paul Strathern, Zahar editor, 2002.

A Short History of Chemestry, J. R. Partington, Macmillan and CO Limited,London, 1951.

Robert Boyle and His Alchemical Quest : Including Boyle's "Lost" Dialogue on the Transmutation of Metals, Princeton University Press, 1998, ISBN 0-691-05082-1.

Robert Boyle entry by J. J. MacIntosh and Peter Anstey in the Stanford Encyclopedia of Philosophy.

O'Connor, John J.; Robertson, Edmund F., "Robert Boyle", MacTutor History of Mathematics archive, University of St Andrews, Scotland.

The Sceptical Chemist – Project Gutenberg.

Essay on the Virtue of Gems – Gem and Diamond Foundation.

Experiments and Considerations Touching Colours – Gem and Diamond Foundation.

Experiments and Considerations Touching Colours – Project Gutenberg.