Corey, Elias James (1928-atual)

Elias James Corey

E. J. Corey nasceu em 12 de Julho de 1928. O sobrenome vem do nome de família Khoury no Líbano, que significa "sacerdote" em árabe (toda família árabe cristã que possui um parente que tenha sido sacerdote, usa nome Khoury ou Cury como nome de família, e Elias anglicanizou seu sobrenome para Corey). Nasceu de imigrantes libaneses cristãos em Methuen, Massachusetts, 50 km (31 milhas) ao norte de Boston. Sua mãe mudou seu nome para "Elias", para homenagear o seu pai, que morreu 18 meses depois do nascimento de Corey. Sua mãe viúva, um irmão, duas irmãs, uma tia e um tio moravam todos juntos em uma casa espaçosa. Como um menino, Corey era bastante independente e gostava de esportes como beisebol, futebol e caminhadas. Ele frequentou uma escola primária católica, a Lawrence Public High School.

Com 16 anos Corey entrou no MIT, onde obteve o grau de bacharel em química em 1948. Ao entrar no MIT, a experiência de Corey com a Ciência foi em matemática, quando começou a sua carreira na faculdade cursando engenharia. Depois de sua primeira aula de química em seu segundo ano de engenharia, ele sentiu-se fortemente atraído pela Química Orgânica, devido a posição central ocupada por essa matéria, que o fascinou por sua beleza intrínseca, a alegria que ele encontrava na resolução de problemas no laboratório e a sua grande relevância à saúde humana. Após se formar com um diploma de bacharel em química, à convite do professor John C. Sheehan, Corey permaneceu no MIT para seu doutorado. Como membro de pós-graduação, participou do programa pioneiro do professor Sheehan sobre a penicilina sintética.

Corey terminou seu doutorado em 1950 e entrou na Universidade de Ilinois em Urbana Champaign como professor assistente de química, sob a direção dos proeminentes químicos Roger Adams e Carl S. Marvel, que foram os pioneiros da Literatura Química Norte Americana na mesma Universidade de Ilinois e deram origem ao jornal Organic Synthesis da ACS.

Os interesses de Corey em química iam de um extremo ao outro, indo da teoria quântica até o aspecto biológico da Química. Devido a isso, Corey manteve uma amplo programa de ensino e pesquisa, abordando a Química como uma disciplina sem fronteiras internas; as suas pesquisas nos 3 primeiros anos de sua carreira foram feitas por ele mesmo, já que não possuía alunos. Por volta de 1954, como professor assistente, com um grupo de 3 alunos de pós-graduação, ele iniciou projetos experimentais mais complexos, como no trabalho de estrutura, estereoquímica e síntese de produtos naturais. Como resultado do sucesso desta pesquisa, foi nomeado, em 1956, aos 27 anos de idade, como professor de Química. O grupo de pesquisa cresceu e o escopo de se trabalho foi ampliado para incluir outros temas: síntese assimétrica, complexos metálicos, novas reações de síntese química e enzimática. O ritmo das descobertas acelerou.

No outono de 1957, Corey recebeu uma bolsa Guggenheim e sua primeira licença sabática (período de licença remunerada concedido a um professor de faculdade a cada sete anos para estudar ou viajar) que foi dividida entre Harvard, convidado pelo falecido Prof. Robert B. Woodward, e Europa.

No início de outubro de 1957, Corey teve várias ideias-chave para uma forma lógica e geral de pensar sobre a Síntese Orgânica, a chamada Análise Retrosintética. A aplicação destas ideias levou a soluções rápidas e incomuns para vários problemas sintéticos específicos. Corey mostrou esse plano (para a molécula longifoleno) à R. B. Woodward e ficou satisfeito com sua resposta entusiástica. Mais tarde, em 1957, visitou a Suíça, Londres e a universidade de Lund na Suécia, como um convidado do Prof. Karl Sune Bergström. Foi em Lund, no Departamento de Bergström, que iniciou o seu contato com as prostaglandinas. As pesquisas em meados dos anos 1960 levou às primeiras sínteses químicas de prostaglandinas e ao envolvimento no florescente campo de eicosanóides.

Na primavera de 1959, Corey recebeu uma oferta de uma cátedra na Universidade de Harvard, que foi aceita com entusiasmo, pois dessa forma estaria perto de sua família, além de o Departamento de Química na Universidade de Harvard ser insuperável na época por qualquer outra universidade norte americana. O corpo docente de Harvard, em 1959, incluia Paul D. Bartlett, Konrad Bloch, Louis F. Fieser, George B. Kistiakowski, E. G. Rochow, Frank H. Westheimer, E. B. Wilson e R. B. Woodward, todos gigantes em suas áreas na Química.

Em Harvard, seu grupo de pesquisa cresceu em tamanho e qualidade. Ele foi capaz de começar muitos novos projetos científicos e trabalhar com ensino em um curso de pós-graduação avançada em síntese química. Usando os conceitos de análise retrossintética, estudantes de pós-graduação de primeiro ano podiam ser ensinados em apenas 3 meses à projetar sínteses químicas sofisticadas. Os seus interesses de investigação logo evoluíram para incluir as seguintes áreas: Síntese de moléculas bioativas complexas; Lógica de síntese química; Novos métodos de síntese; Catalisadores e robôs moleculares; Química Orgânica Teórica; Mecanismos de reações orgânicas; Química Organometálica; Química Biorgânica e Enzimática; Prostaglandinas e outros eicosanóides e sua relevância para a medicina; Aplicação de computadores para problemas químicos orgânicos, especialmente para análise retrossintética pelo programa Lhasa.

Em setembro de 1961, Corey casou com Claire Higham, uma graduada da Universidade de Ilinois. O Casal teve três filhos. David Reid, um dos filhos, graduou-se em Harvard (1985) e fez doutorado pela Universidade da Califórnia, Berkeley (1990) e é atualmente pesquisador em Química/Biologia Molecular na Faculdade de Medicina da Califórnia em San Francisco. O segundo filho, John, se formou em Harvard (1987) e no Conservatório de Música de Paris (1990). A filha, Susan, se formou em Harvard, com especialização em Antropologia (1990) e trabalha na área de Educação. Corey e sua esposa Claire moram perto do campus de Harvard.

Entre as centenas de estudantes de programas de graduação supervisionados pelo professor Corey, estava Jason Altom, que cometeu suicídio e culpou explicitamente Corey, seu assessor de pesquisa. Corey ficou devastado e perplexo com a morte de Altom. Altom citou em sua nota de despedida em 1998 os "supervisores de pesquisa abusivos" como uma das razões para a tomada de sua vida. A carta de suicídio de Altom também continha instruções explícitas sobre como reformar o relacionamento entre alunos e seus supervisores. Corey é citado como dizendo: "Esta carta não faz sentido. Jason deve ter sido delirante ou irracional ao extremo". Corey também disse que ele nunca questionou contribuições intelectuais de Altom. "Eu fiz o meu melhor para orientar Jason como um guia de montanha seria para orientar alguém escalando uma montanha. Eu fiz o meu melhor a cada passo do caminho, minha consciência está limpa. Jason deixou a nossa parceria, nós nunca tivemos a mínima discordância".

Como resultado da morte de Altom, o Departamento de Química aceitou uma proposta permitindo que os alunos de pós-graduação possam pedir 2 membros adicionais da faculdade para desempenhar um papel consultivo na preparação de uma tese. A Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio (AFSP) citou o artigo do New York Times sobre o suicídio de Altom como um exemplo de comunicação problemática, e sugeriu que Corey foi injustamente um bode expiatório. A Boston Globe indicou que a nota de suicídio de Altom mostrava que suas esperanças de carreira foram condenadas por falta de apoio de Corey; contudo, a Boston Globe também citou a entrevista à estudantes e professores que testemunharam que Altom realmente teve o apoio de Corey na sua pesquisa. Corey atualmente é professor emérito de Química Orgânica com um programa ativo de pesquisa, chamado de Corey's Group.

Corey tem sido consultor para Pfizer há mais de 50 anos. Em 1988, ele foi premiado com a Medalha Nacional de Ciência. Ele foi também premiado com a maior honra da Sociedade Americana de Química, a Medalha Priestley em 2004. Quando recebeu a Medalha Priestley em 2004, Corey criou uma controvérsia com sua pretensão de ter inspirado R. B. Woodward antes do desenvolvimento das regras de Woodward-Hoffmann. Corey escreveu:

Em 4 de maio de 1964 sugeri ao meu colega R. B. Woodward uma explicação simples envolvendo a simetria de orbitais moleculares (HOMO) para a estereosseletividade de reações pericíclicas, que forneceram a base para o desenvolvimento de ideias que se tornaram conhecidas como as regras de Woodward-Hoffmann. Esta foi a primeira declaração pública de Corey em sua afirmação de que a partir de 05 de maio de 1964 Woodward ampliou a explicação de Corey como seu próprio pensamento sem menção de Corey e da conversa de 4 de maio. Segundo Corey, ele havia discutido sua afirmação em particular com Hoffmann e colegas próximos desde 1964. Corey menciona que ele fez a declaração quando recebeu o prêmio Priestley "para que o registro histórico fosse corrigido".

A reivindicação e contribuição de Corey foram refutadas por Ronald Hoffmann publicamente na revista Angewandte Chemie. Na réplica Hoffmann afirma que ele perguntou ao Corey ao longo de sua longa discussão sobre o assunto por que Corey não tornou público o problema na época. Corey respondeu que achava que um desacordo tão público prejudicaria Harvard e que ele não iria "pensar em fazer alguma coisa contra Harvard, pela qual sou tão devotado". Corey também esperava que o próprio Woodward fosse "corrigir o registro histórico", com o passar dos anos tornando-se ele mais sensível à sua própria consciência. Woodward morreu repentinamente de um ataque cardíaco em seu sono em 1979, que o impediu de receber o prêmio Nobel pelas regras de Woodward-Hoffman.

E. J. Corey já recebeu mais de 40 grandes prêmios, incluindo o Prêmio Linus Pauling (1973), Medalha Franklin (1978), Prêmio Tetraedro (1983), Prêmio Wolf de Química (1986), Medalha Nacional de Ciência (1988), Prêmio Japão (1989), Prêmio Nobel de Química (1990), Prêmio Roger Adams (1993) e a Medalha Priestley (2004). Ele foi introduzido no Alpha Chi Sigma Hall of Fame em 1998. A partir de 2008 ele foi premiado com 19 títulos honorários de universidades de todo o mundo, incluindo a Universidade de Oxford (Reino Unido) e a Universidade de Cambridge (Reino Unido). Em 2013, o Instituto de Pesquisa Biomédica E. J. Corey (CIBR) foi inaugurado em Jiangyin, província de Jiangsu, China.

Referências Bibliográficas

K. C. Nicolaou, E. J. Sorensen, Classics in Total Synthesis, VCH, New York, 1996, ISBN 3-527-29231-4.

Kuwajima et al. (2003). "Total Synthesis of Ingenol". JACS 125 (6): 1498–1500. doi:10.1021/ja029226n

Danishefsky et al. (1996). "Total Synthesis of Baccatin III and Taxol".JACS 118 (12): 2843–2859. doi:10.1021/ja952692a.

Elias James Corey Biografical NobelPrize.org

Lethal Chemistry at Harvard. The New York Times Mafazine 29 11 1998.