Carvalho-alvarinho
Quercus robur L.
Nomes comuns
Carvalho-alvarinho, carvalho-comum, carvalho-roble, carvalheira, roble- alvarinho, alvarinho
Família e descrição
Do género Quercus, e família Fagaceae, o Quercus robur é uma árvore de folha caduca, que pode atingir uma altura de 30-40 metros.
De copa bastante ramificada, possui tronco e ramos de casca lisa quando jovens tornando-se grossa e fendida com a idade. O sistema radicular pivotante forma raízes secundárias bastante profundas que lhe conferem grande capacidade de resistência ao vento.
As folhas dispõem-se de forma alternada, umas em relação às outras, são simples, glabras, verde-claras quando jovens, penatifendidas ou sinuado-lobadas, com os segmentos obtusos e pecíolo curto.
A floração ocorre entre abril e maio, com a floração feminina e masculina desfasadas no tempo, de forma a evitar a autofecundação, já que a espécie é monoica.
A inflorescência é em forma de espiga (amentilho), geralmente pendente e onde se reúnem flores unissexuais e nuas. Cada flor tem um perianto de 4 a 7 lóbulos e 6 a 12 estames. Amentilhos femininos com grupos de 2 a 3 flores, sobre um largo pedúnculo e com um invólucro escamoso.
O fruto, a bolota, amadurece entre setembro e outubro. A bolota, fruto ovóide‑cilíndrico e com 2 a 4 cm de comprimento, encontra-se encerrado parcialmente numa cúpula com escamas planas e imbricadas.
Esta árvore apenas começa a produzir fruto em abundância e qualidade a partir dos 60 anos de idade.
Origem e habitat
É a espécie de carvalho mais abundante em toda a Europa.
Originária da Europa e muito característica da flora portuguesa, o carvalho-alvarinho é uma das espécies com maior área natural de expansão no continente europeu e um dos representantes da vegetação secular de Portugal, correspondendo o seu habitat a matas em clima temperado, com maior influência climática atlântica.
O carvalho-alvarinho aparece sobretudo a baixas altitudes, podendo, no entanto, ocorrer até aos 1.000 m.
Prefere solos frescos, profundos e férteis. É pouco tolerante aos solos calcários, ocorrendo preferencialmente em solos siliciosos.
Desenvolve-se idealmente em climas húmidos, oceânicos, onde se sinta pouco a secura estival, e necessita de muita água e solos com boa retenção de água, apresentando baixa tolerância a frios intensos ou geadas. Ocorre em bosques caducifólios mistos, mas também pode formar bosques onde é a espécie principal.
Os carvalhais de carvalho-alvarinho estão entre os ecossistemas cuja riqueza faunística é mais elevada em Portugal continental, possuindo uma grande importância no que respeita à conservação da natureza. Estes carvalhais representam uma importante fonte de alimento, albergando uma grande biodiversidade de flora e fauna.
É uma das espécies de carvalhos nativos com maior longevidade e um excelente criador de solos.
Utilizações e curiosidades
As galhas ou bugalhos que se formam nos ramos são estruturas destinadas à defesa contra invasores das plantas, produzidas em resposta à postura de ovos por pequenas vespas, moscas, escaravelhos ou ácaros.
Os “bugalhos” que aparecem vulgarmente nos ramos e folhas do carvalho, são excrescências produzidos por um desenvolvimento anormal dos tecidos vegetais em pontos que sofreram a picada de certos insetos.
A forma, tamanho, cor e a composição dos bugalhos variam não só de acordo com as espécies de árvores afetadas, mas também consoante o tipo de inseto que as provoca.
Muitos bugalhos são ricos em taninos, substância usada na curtição do couro e no fabrico de certas tintas. Por essa razão, muitos são exportados industrialmente.
A sua bolota foi muito utilizada na alimentação antes do período das Descobertas, sendo que a população deste extremo ocidental da Europa, que não conhecia o trigo, comia um pão feito de farinha de bolota.
A bolota também possui aplicações medicinais.
Robur era o termo utilizado para a designação de madeiras de grande dureza e solidez. A madeira de carvalho-alvarinho, para além de dura, é de grão fino e apresenta anéis de crescimento bem demarcados. É bastante resistente, tendo sido muito utilizada na construção de edifícios medievais e na construção naval.
É considerada como uma das mais valiosas madeiras duras da Europa. Todas estas características levaram a uma procura e preferência, por parte dos europeus, pela madeira de carvalho-alvarinho, o que em muito contribuiu para o desaparecimento de vastas áreas deste carvalhal na Europa.
A sua madeira, de excelente qualidade, é utilizada no fabrico de mobiliário e na construção civil (vigas e traves).
As bolotas são usadas na alimentação do gado suíno.