O Bem, o Mal e a Percepção


Desde mentes curiosas a livros didáticos, salas de aula e círculos de filosofia, essa pergunta vem surgindo com frequência, aparentando ser tão simples à primeira vista, mas muito complexa para quem tenta a responder com seriedade. O que é o bem e o que é o mal?

Acredito que bem e mal estão ligados à percepção. O dicionário define bem como tudo que é bom, benéfico, a favor e possui utilidade. O mal seriam as coisas que prejudicam, inoportunas, que se opõe ao bem, trabalhando contra tudo que é honesto e moral. O problema aqui é que moral também é uma questão de percepção, pois trata dos atos humanos, dos “bons” costumes e dos deveres do homem em sociedade. O que acontece se o que é um bom costume para você, de repente, não é um bom costume para o outro? A moral de uns é a imoral de outros. Se é assim, como podemos decretar o que é certo e errado? O que é bom e o que é mal?

Até hoje não existe uma área de pesquisa onde há concordância universal. Nossas opiniões opostas, diferenças, dilemas e debates são o que nos move na direção que, em nosso contexto particular, seria o melhor caminho. “O caminho do bem”. Tentamos ao máximo, em todas as decisões do nosso cotidiano, escolher a opção que nos trará sensações relacionadas ao sentimento de aprovação e dever. Evitando tudo que não é desejável ou que se mostra irregular. Desta forma, de acordo com nossa percepção, seguimos caminhos de vida que ditamos serem bons ou ruins, mas que na verdade são apenas o resultado de um acúmulo de decisões anteriores que não precisam estar necessariamente ligadas com bem ou mal. Pessoas escolhem caminhos seguindo o que lhes é certo. Por vezes as ações de uma pessoa podem colocá-la como um vilão diante da história do mundo, entretanto, o que realmente acontece é que na percepção dessa pessoa se o que ela fez ou ainda faz fosse uma coisa má, uma coisa com resultados negativos a ela própria, ela simplesmente não o faria (considerando um indivíduo são). Tudo que fazemos, tudo que escolhemos, pensamos e dizemos é baseado naquilo que a nossa consciência aponta como sendo o bem, o correto. Nos colocando a favor de determinado ponto de vista que pode ser particular ou geral. Isso faz com que formemos um conjunto de ideias e morais baseados na nossa percepção crítica e deste conjunto é tirada a nossa definição de ética, a qual seguimos cegamente na intenção de estar fazendo o bem.

A percepção move cada um de nós em um conceito diferente e é baseada na minha que digo que o bem e o mal são apenas duas palavras soltas, se me permite dizer, um tanto irrelevantes. Fundamentar qualquer tipo de argumento sobre pessoa, ocorrido ou ação com suporte nessas duas palavras seria incorreto diante do fato que elas se alteram de pessoa para pessoa e de contexto para contexto.

Rosabel Poetry

Autora, Poeta & Redatora