Para que fique mais clara nossa avaliação, separamos a questão em dois extremos apresentados com clareza no filme: a ideia e a empresa. Sendo nossos queridos Richard McDonald e Maurice McDonald os criadores dessa poderosa ideia e o empreendedor e idealista Ray Kroc o criador dessa poderosa empresa que hoje podemos chamar de império.
Para ser detalhista e direito, vamos agarrar a história desde o começo, é claro que imparcialmente. Então vejamos a cena: uma lanchonete de porte médio como tantas outras, cria um sistema de valorização de qualidade e agilidade e um padrão de produção que com eficiência devidamente definida, seguida à risca, oferece uma inovação que parte alguma do mundo viu antes. Vendas, vendas e vendas. Clientes, clientes e clientes. Eis que surge um homem em sua porta, na porta de nossos pequenos produtores, nesse caso, vê sua proposta, sua análise e refaz uma análise por cima das suas, consertando os problemas já consertados, ampliando melhorias. A velha história do ovo e da galinha. Vê a chance de mais e não apostar é sempre uma loucura ou um ato de sabedoria? Para os irmãos McDonald 's um pé firme no chão foi o que levou seus dedos a serem decepados pela esteira, enquanto Ray Kroc voava sobre suas cabeças. Eis que poderia ter erguido nossa dupla de irmãos, você não acha? A não ser que seus pés não estivessem soltos no chão, mas enraizados.
Humildade acima de tudo, ser como é, sem maleáveis. Ouvidos fechados se fazem condenação para empreendedores. Exemplo: vemos em todo percurso do filme vantagens surgirem a quem tem ouvidos atentos ao seu redor, mesmo em coisas banais, pois tudo ao seu redor é uma porta e a escolha das passagens é essencial. É evidente uma exceção à regra devido às convicções de Ray, um passo útil se não tivesse sido dado para trás. Tentativas foram feitas e nada de resultados positivos, ter a desistência como opção foi uma mentira, afinal, se o que havia na mente dos irmãos fosse desistência da ideia de franquias não a teria colocado nas mãos de Kroc como uma última chance.
Sobre contratos, segurança firme, padrões e exigências exatos. Queriam tudo sendo feito exatamente como seria pelas mãos deles, mesmo que não estivesse sendo feito pelas mãos deles.
Persistência sobre qualquer emoção, fazer de novo, diferente e melhor. De novo, de novo e de novo. Medo em segundo plano, mudar de vista, mudar de ideia e mudar de novo. Economia em consideração, tudo pode ser alterado e tudo deve agir de acordo com o que funciona melhor no seu setor. Saber quem trazer para saber como fará. Tentativa e erro. Almejar mais e mais enquanto for possível. Ater-se a luta do equilíbrio pelo que é correto e o que é necessário.
Sobre contratos, segurança temporária, tudo pode ser mudado. Novos contratos nascem e morrem todos os dias e nada que não pode ser comprovado tem importância desde que tudo esteja funcionando como planejado.
Chegamos à pergunta de ouro afinal. Qual a razão para Ray Kroc não ter compartilhado as glórias do império McDonald 's com os irmãos de mesmo nome? Continuemos a avaliar em comparação ao filme: temos em diversas cenas provas concretas de como a “mordomia” dos irmãos tirava parte da motivação de Kroc, uma vez que este estava fazendo todo o trabalho pelo crescimento da companhia e seus colegas só faziam cobrá-lo e reclamar de seu esforço tão árduo.
Ao sugerir a renegociação do contrato, Ray sugere um aumento para eles, mais envolvimento, diferencial e inovação e ambos se recusam sob pretexto de preferirem a maneira inicial do sistema (uma recusa evolutiva, se me permite dizer). Com esses empecilhos, Kroc não demorou a perceber que esses seus sócios nada mais eram que uma âncora o puxando para baixo, logo, teve de se livrar do obstáculo no caminho do sucesso, fosse essa uma atitude cruel ou não.
Alguns chamariam o que ocorreu como o ato de pisar na cabeça dos outros como degraus, o que não compreendem é que houve a oportunidade de mão aberta para crescer junto e são as pessoas que tomam suas decisões e são responsáveis pelos seus acertos e erros.