A Evolução da Espécie ou da Indústria?


Desde quando os historiadores conseguem nos mostrar, sempre houve duas coisas essenciais sem as quais a humanidade não existiria. São elas hoje nomeadas de sociedade e evolução. Está em nossa genética sermos seres gregários (que vivem em sociedade), já na infância trabalhamos na ideia de nos reunir com pessoas como nós, de encontrar a nossa própria tribo de ideologias similares. Poucos percebem, mas ao adentrarmos essas tribos urbanas passamos também a fazer parte de um grupo específico de consumidores e, mais ainda, de uma classe de trabalhadores.

Quando o assunto é o progresso, o foco principal costuma ser os bens materiais criados com as eras. Elementos como as máquinas a vapor, energia elétrica e os combustíveis fósseis, por fim, cria-se a tecnologia e redes sem fio. Estas são marcas deixadas pela Primeira (1760-1860), Segunda (1860-1900) e Terceira (séc. XX e XXI) Etapa da Revolução Industrial. Cito isso porque acredito que ao trazer o termo Revolução Industrial tenhamos criado uma forma de se referir a evolução material. Porém, diferente do público que enxerga isso por primeiro, prefiro enxergar algo diferente, o próprio público. Chegamos até a terceira etapa da evolução da indústria e não duvido que venhamos a viver uma quarta, marcada talvez pela distribuição de tecnologia holográfica ou um tipo novo de combustível mais adepto. Ainda sim, me perturba o fato de esquecermos o principal fator disso tudo, as pessoas. Que apesar de terem sido aliviadas de fortes pesos do passado, continuam a ser exploradas por uma divisão de classes e direitos injustos.

Sei que o avanço da indústria gera o impulso da globalização. Mas vamos pensar um pouco. Globalizar, no próprio sentido da palavra, seria o ato de reunir um todo em conjunto. Nesse caso, de pessoas. Já Globalização é dita como o nome de um mercado financeiro mundial, onde acordos entre países são feitos para liberar fronteiras para povos e mercadorias. Avaliando isso de uma perspectiva crua, posso dizer então que estamos unindo-nos a outros países, não para ajudar a população deles nem a nossa e sim para conquistar uma nova remessa de consumidores inconscientes e de mão de obra maleável. Usando viagens de um lado a outro para custear mais seus produtos. O outro país, por sua vez, faz o mesmo. Tanto com seus consumidores, quanto com os trabalhadores. Ora cedendo disso ou daquilo para calar as vozes daqueles que enxergam atrás da cortina, de maneira a não permitir que eles abram os olhos do restante.

Rosabel Poetry

Autora, Poeta & Redatora