Em minha perspectiva de mundo ideal, a sociedade viveria em perfeita harmonia com o meio em que vive. Teria como sua máxima lei uma lei natural, a da ação e reação, onde todas as nossas atitudes individuais, por mais insignificantes que pareçam, têm que ser tomadas com responsabilidade, pensando-se nas conseqüências para a coletividade da qual somos parte. Alguns índios costumam chamar ao ambiente que os cerca de “sua outra metade”, pois sabem que sem esta sua “outra metade” eles sequer estariam vivos. Quando destruímos o relevo ou a vegetação de determinado local, o equilíbrio natural é afetado. Como conseqüência, vários acidentes naturais podem ocorrer (enchentes, desmoronamentos, secas, tempestades, etc). O homem de perspectiva coletivista considera que a Natureza existe em estado de impessoalidade - na hora de avisar que seu equilíbrio está abalado, muitos poderão até morrer, bastando para isso que estejam no caminho de sua manifestação (ou “sua ira” como é comum pensarmos). Podemos então comparar seus fenômenos com o comportamento de um Deus, porém, muito diferente de um Deus que estaria sempre disposto a perdoar, ou um Deus que, em troca de um comportamento pré-definido de alguns, zelaria por sua proteção. Mas, de fato, a Natureza é indiferente ao fato de você ser uma formiga, um musgo ou um ser humano, pois quando estamos falando sobre sistema, sabemos que todos os componentes têm suas funções. E uma atitude errada, individualista, poderá comprometer o funcionamento de todo o sistema. E de tempos em tempos, uma catástrofe natural, sem motivos aparentes, tirará algumas vidas, afinal, as necessidades da Natureza não podem se submeter à existência de algumas espécies que habitam um determinado local – o que se diferencia bastante da idéia de um Deus protetor dos homens.
Paulo A C B Jr, 2001