“Segundo um antropólogo francês, o povo dogon, na República de Mali, tem uma lenda de que a estrela Sírio possui uma estrela companheira extremamente densa. Sírio tem de fato essa companheira, embora seja necessária uma astronomia bastante sofisticada para detectá-la. Assim (1), o povo dogon descende de uma civilização esquecida que tinha grandes telescópios ópticos e astrofísica teórica? Ou (2) foram instruídos por extraterrestres? Ou (3) os dogons ouviram de um visitante europeu a história da companheira anã branca de Sírio? Ou (4) o antropólogo francês estava enganado e os dogons na realidade nunca tiveram essa lenda?” (P.324)
“A intuição, não testada e não comprovada, é uma garantia insuficiente da verdade.” (Bertrand Russell, Mysticism and logic, 1929)
“Onde há dúvida, há liberdade.” (Provérbio latino)
Sobre a Ciência:
“Estarei substituindo uma fé por outra, igualmente arbitrária? A meu ver, de forma alguma. O sucesso da ciência, diretamente observado, é a razão por que defendo o seu emprego. Se outra coisa funcionasse melhor, eu a defenderia. (...) Qual é o segredo do sucesso da ciência? Em parte, é esse mecanismo embutido de correção de erros. Não existem questões proibidas na ciência, assuntos delicados demais para serem examinados, verdades sagradas. Essa abertura para novas idéias, combinada com o mais rigoroso exame cético de todas as idéias, separa o joio do trigo. Não importa o quanto você é inteligente, augusto ou amado. Tem de provar a sua tese em face de uma crítica determinada e especializada. A diversidade e o debate são valorizados. É estimulada a discussão de idéias – substantivamente e em profundidade.” (P.44)
“Os seres humanos podem ansiar pela certeza absoluta; podem aspirar a alcançá-la; podem fingir, como fazem os partidários de certas religiões, que a atingiram. Mas a história da ciência ensina que o máximo que podemos esperar é um aperfeiçoamento sucessivo de nosso entendimento, um aprendizado por meio de nossos erros, uma abordagem assintóica do Universo, mas com a condição de que a certeza absoluta sempre nos escapará.” (P.42)
“Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos.” (Albert Einstein, 1879-1955) (P.17)
P.121: “O medo das coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião.” (Thomas Hobbes, 1651)
P.141 “A mente crédula experimenta um grande prazer em acreditar em coisas estranhas, o quanto mais estranhas forem, mais facilmente serão aceitas...” (Samuel Butler)
P.161 “O fato é que o número de crimes e abusos infantis cometidos por fanáticos em nome de Deus, Jesus, Maomé é muito maior do que os cometidos em nome de Satã.”
P. 211: “Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos (...) inventaram os deuses e a crença no castigo depois da morte.” (Políbio)
P.265: “...as sociedades que ensinam a satisfação com o que temos na vida, na expectativa de uma recompensa após a morte, tendem a se vacinar contra a revolução. Além disso, o medo da morte prejudica a adaptação em tempos de guerra. As culturas que falam de uma futura vida de recompensas para os heróis, ou mesmo para aqueles que cumprem as ordens das autoridades, podem levar vantagem na luta.”
P.200: “A compreensão humana não é um exame desinteressado, mas recebe infusões da vontade e dos afetos: disso se originam ciências que podem ser chamadas ‘ciências conforme a nossa vontade’. Pois um homem acredita mais facilmente no que gostaria que fosse verdade. Assim, ele rejeita coisas difíceis pela impaciência de pesquisar; coisas sensatas, porque diminuem a esperança; as coisas mais profundas da natureza, por superstição; a luz da experiência, por arrogância e orgulho; coisas que não são comumente aceitas, por deferência à opinião do vulgo. Em suma, inúmeras são as maneiras, e às vezes imperceptíveis, pelas quais os afetos colorem e contaminam o entendimento.” (Francis Bacon – Novum organon – 1620)
P.27: “Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.” (Edmund Way Teale)
“Para mim, é muito melhor compreender o Universo como ele realmente é do que persistir no engano, por mais satisfatório e tranqüilizador que possa ser. Qual dessas atitudes se presta melhor à nossa sobrevivência a longo prazo? Qual nos dá maior poder de influenciar o futuro? E se nossa autoconfiança ingênua é um pouco minada no processo, isso é uma perda assim tão grande? Não há razões para acolhê-la como uma experiência de amadurecimento e formação de caráter?”
“É desanimador descobrir a corrupção e a incompetência governamentais, por exemplo, mas será melhor não saber a respeito? A que interesses a ignorância serve?”
P.314: “Dos adultos norte-americanos, 63% não sabem que o último dinossauro morreu antes que o primeiro ser humano aparecesse; 75% não sabem que os antibióticos matam as bactérias, mas não matam os vírus; 57% não sabem que os elétrons são menores que os átomos; (...) Na américa do Norte, apenas metade sabe que a Terra dá uma volta ao redor do sol uma vez por ano.”
P. 351: “...o ônus do analfabetismo (ignorância) é muito alto para todos os demais – o custo de despesas médicas e hospitalização, o custo de crimes e prisões, programas de educação especial, produtividade perdida e inteligências potencialmente brilhantes que poderiam ajudar a solucionar os dilemas que nos perseguem.”
P. 356: “Nós também sabemos o quanto a verdade é muitas vezes cruel, e nos perguntamos se a ilusão não é mais consoladora.” (Henri Poincaré, 1854-1912)
P. 362: “Se há uma resposta científica corriqueira e outra que requer a mais extravagante explicação paranormal ou mediúnica, não há dúvida sobre qual delas terá destaque.”
P.116: “1% de nós é esquizofrênico.” (isto dá aprox. 60 milhões de pessoas)
P.119: “As pessoas com epilepsia do lobo temporal experimentam uma série de alucinações quase indistingüíveis da realidade: inclusive a presença de um ou mais seres estranhos, ansiedade, sensação de flutuar no ar, etc.”
“A paralisia do sono – que pode acontecer entre o estar acordado e o estar dormindo, numa sensação angustiante de não poder se mexer – pode durar vários minutos, sendo às vezes acompanhada de alucinações vívidas parecidas com sonhos, que dão origem a histórias sobre visitas de deuses, espíritos e Ets.”
P.142: Numa sociedade cética, pessoas que têm alucinações seriam tentadas a reprimí-las. Numa sociedade crédula, seriam tentadas até a exagerar ou elaborar um pouco os detalhes para torná-la ainda mais milagrosa do que parecia ser.
“Infelizmente a distinção entre a imaginação e a memória é com freqüência pouco nítida.”
“A Associação Médica Norte-Americana considera as lembranças que vêm à tona sob hipnose menos confiáveis que as recordadas sem esse recurso.”
P.144: “as lembranças de um acontecimento guardam mais semelhanças com uma história que passa por constantes revisões do que com um pacote de informações inalteradas.”
“Lembranças lúcidas, mas totalmente falsas, podem ser induzidas com facilidade por algumas dicas e perguntas, sobretudo no ambiente terapêutico.”
(Pessoas que sofreram abuso sexual quando crianças – e são muitas – tendem a mascarar essas memórias, inconscientemente, de maneira que se tornem menos dolorosas, como uma fuga da realidade)
P.167: “Se não conseguimos lidar com a vida, se estamos sobrecarregados de culpa por não ter desenvolvido nossas potencialidades, não acolheríamos de bom grado a opinião de um terapeuta, com diploma na parede, de que a falha não é nossa, de que nada temos a ver com o problema, de que satanistas, estupradores ou alienígenas são os responsáveis?” (ou espíritos, carmas, Deus, etc)
P.83/87 – Ets nos campos de trigo
P.87/88 – Ceticismo
P.240 – Fenômenos paranormais parecem não acontecer na presença de céticos
P.92 – Balões UFO
P.95/96 – Aviões UFO
P.101: (Como documentos e textos são falsificados ou adulterados para comportar interesses particulares) – Constantino
P.112/115 – Alucinações
P.116 – Crianças
P.137 – Alucinações
P.151 – Santos
P.161 – citação
P.163/65 – Pai violentador
P.175/77 – Cientista que viajava para outra dimensão
P.185 – ceticismo para comprar um carro
P.211 – citação
P.217 – A credulidade mata (cigarros)
CAPÍTULO 13
P.223/225 – Carlos da Austrália – A Mídia
P.228 (placebo)
P.229 (curandeiro)
P.230 (Cabeza de Vaca) – VEJA O INCRÍVEL CASO DO HOMEM QUE CURAVA PELA FORÇA DO PENSAMENTO
P.231 (Câncer – Lourdes)
P.232 (Orações)
P.234/35 (Carlos)
P.238 Mídia
P.240 paranormais
P.242 citação e horóscopo
P.285 aforismos e contradições
P.169/70: “Às vezes, ao adormecer, temos a sensação de estar caindo de uma altura, e nossos membros se movem por si. O reflexo do sobressalto, assim é chamado. Talvez seja um resíduo do tempo em que nossos antepassados dormiam em árvores.”
P.408: “Temos medo de estranhos ou de qualquer outra pessoa que seja um pouco diferente de nós. Quando ficamos com medo, começamos a maltratar as pessoas. Temos botões de fácil acesso que liberam emoções poderosas ao serem apertados. Manipulados por políticos inteligentes, podemos chegar até o mais alto grau de irracionalidade.”
(Do livro “O Mundo Assombrado pelos Demônios – A Ciência vista como uma vela no escuro”, Companhia das Letras, 1996)
Carl Sagan era professor de astronomia e ciências espaciais na Cornell University e cientista visitante no Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Autor de dezenas de artigos e livros científicos e agraciado com várias medalhas e prêmios por suas contribuições ao desenvolvimento e divulgação da ciência.