“És impulso que espelha minha irracionalidade
Tão somente decorrente da minha apatia
Minha saída
E me perco por querer...”
Recuso veementeente ser objetivo
Pois que na objetividade padece agonizante
A esperança de minha liberdade
(Incompletude inata de objetiva atividade)
Saibamos que não somos nada. Mesmo sendo o que quisermos. Não se preocupe pois assim se pensas ser o que não é.
Não é possível ter consciência e paz na consciência
Não é possível não sofrer tendo consciência do ser
(E vejo em ti a sede de um conhecimento perigoso...)
Talvez haja certas coisas cujo entendimento não nos seja permitido. Buscá-las é ter certa a vida que reside nas sombras e aceitar o submundo dos que desafiam o sagrado.
- Ah! beleza de divina bestialidade
Por que tu homem tanto anseias ao que te puseram
Sob a chancela de conhecimento proibido?
Sim, tem o homem esta característica. É o único animal capaz de vender sua alma.
Muge, ó fera que em mim se instaura
Para que devore os seres pífios
Em minha alma centaura
Ora, os deuses realmente se esforçaram para esconder dos homens os sentidos das coisas. Talvez fosse para que não pairasse pela humanidade uma atmosfera de absoluta decepção.
Mas não quero ser o algoz. Não quero ser o responsável.
Tua condenação jazia em minhas mãos quando a minha já restava decretada.
Não te entregarei o conhecimento que tornará negra a tua sorte
E será responsável por tua agonia
(Não me obrigue a ser o responsável por tamanha devassidão
Que entrega o conhecimento impondo condenação)
Afeta-me a mim mesmo a infame graça alcançada em vós
Que o pretende sujeito de sua nobre existência
Corra, meu caro, pois já não haverá mais saídas
Escuto o último trem rumo à confortável ignorância
“Caminhamos sobre o gelo fino das incertezas
Buscando algo que nunca encontraremos
E é da nossa natureza que o façamos (por isso fazemos)
Mas lembrai com ternura
Não há saída fora de vós...”