O AMOR DE UM MENDIGO
O que é falar das coisas como elas são?
Ter de mentir para se adaptar e morrer afinal?
Como ser tão pobre e repugnante
E não ter chance de amar
Correr por um sonho que já não é o seu
E ser medíocre aos olhos dos deuses
Perambular pelo breu crepuscular
Sozinho e único, é ser isso especial?
Delírio latu sensu ser mortal...
Ter que mendigar...
Queria poder lhe beijar e lhe contar meus pensamentos
Então me deixe sangrar, vai ser melhor assim
Talvez eu caia na lama para que seus amigos riam de mim
Deixa pois que jaz aqui minha última esperança
De acordar um dia e ser diferente de mim mesmo
Pois renego minha natureza, meu óbito
Queria poder ser como tu e estar contigo
Mas meus sapatos e minhas camisas não te impressionam
E meu corte de cabelo é da assistência social
Tenho o olhar triste de quem é esnobado
Mas finge estar tudo bem
Tenho o semblante marcado e um corpo debilitado
Dentes podres
Cicatrizes deixadas pela vida
As histórias de amor de nada servem pra mim...
E até entendo que você me despreze
Mas o que mais me machuca
É ver você rindo
De mim