Assim, parece, nasceu a religião no mundo primitivo:
“Os homens viam suas sombras (reflexos) na água. Viam as imagens de seus amigos nos sonhos. Parecia-lhes que as pessoas possuíam dois corpos: o corpo palpável e o corpo-sombra, que só aparecia em ocasiões especiais, ficando escondido todo o resto do tempo. Quando alguém morria, seu corpo era sepultado na terra; seu segundo corpo, porém, seu corpo-sombra, continuava a visitá-los em sonhos. O corpo-sombra devia, portanto, ainda estar vivo em alguma parte. Suponhamos agora que morreu o chefe de uma tribo. Em vida foi um homem grandemente temido. Mas agora, depois de morto, é ainda mais temível, porque seu corpo-sombra é invisível e ninguém sabe quando ele pode atacar as infelizes criaturas que, porventura, lhe caem em desagrado. Para lhe cair nas boas graças fazia-se, pois, necessário cativá-lo com muitos presentes e orações. Ele era um espírito terrível e poderoso. Trovejava na tempestade, trazia doenças e mortes aos que lhe desagradavam, e assegurava a vida aos recém-nascidos. (...) Além disto, esse poderoso espírito-sombra controlava ainda alguma coisa de misterioso que pairava no ar: a Sorte. Às vezes ela vinha ajudá-los, outras vezes, não vinha. Um dia, dois amigos partiam para a batalha: um morria e outro se salvava. A sorte fora favorável a um e desfavorável a outro. Por quê? Talvez por causa de um ato importante que um deles praticara e o outro deixara de fazer. Mas quem podia afirmar? Ora, havia sábios na tribo que se propunham descobrir esse mistério. Tornaram-se peritos na previsão da Sorte, mágicos sagrados, e por fim sacerdotes. Informavam o que se devia fazer ou deixar de fazer para conseguir a graça aos olhos do seu chefe-sombra, seu Deus, e obter um quinhão razoável de boa sorte. Esses sacerdotes deviam ser rigorosamente obedecidos, pois que a desobediência se pagava com a morte...”
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