Reportagens especiais

Colagem com: Mãe Hilda, Marie Curie, Harriet Tubman e Angela Davis. Por: Pablo Galan

Dia 8 de março: A história da resistência feminina

Como mulheres lutaram contra a repressão

Por: Pablo Galan Silva

No dia 8 de março é comemorado o Dia das Mulheres, mas nem todas as pessoas sabem como essa data se originou. A data foi impulsionada por diversos eventos, como greves, protestos e intervenções contra agressões e assédio a mulheres nos séculos XIX e XX, ou seja, a data nos faz lembrar a luta e dificuldade que as mulheres passaram naquela época e que passam até os dias de hoje.

A história mais comum entre as pessoas sobre o dia das mulheres é sobre um incêndio ocorrido em uma fábrica em 1857, onde diversas operárias morreram, tendo sido provocado propositalmente pelo proprietário, que era contra a greve das mulheres. Entretanto, essa história não é verdadeira. De fato ocorreu um incêndio, mas somente em 1911, na Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, tendo como vítimas 125 mulheres e 21 homens, sendo grande maioria judia. Essas pessoas não conseguiram fugir do fogo porque as portas estavam fechadas para evitar que mais gente aderisse a greve e deixasse o trabalho. Este foi um dos marcos estabelecidos para o dia das mulheres.

Durante a Segunda Conferência Internacional de Mulheres Socialistas em Copenhague, em 1910, Clara Zetkin, uma proeminente líder socialista da Alemanha, propôs a criação de um dia internacional dedicado às mulheres. Esta proposta visava promover os direitos das mulheres, como o sufrágio feminino, condições de trabalho mais justas e igualdade de gênero. Entretanto não foi decidido uma data durante o encontro.

Então, em 8 de março de 1917, na Rússia, houve um grande protesto feminino contra más condições de trabalho e contra a I Guerra Mundial, conhecido como “Pão e Paz”. Com base neste e nos episódios anteriores, a data ficou estabelecida como o Dia Internacional das Mulheres, enfim reivindicando a concessão de direitos trabalhistas e eleitorais.

Arte de Maria Eduarda Rodrigues Dutra em homenagem ao Dia da Mulher

A importância do dia das mulheres

Por: Pablo Galan

O dia das mulheres não é uma data qualquer (ou comercial) como muitos pensam: ela nos faz lembrar dos direitos, dos avanços sociais e políticos das mulheres ao longo da história, destacando a desigualdade de gênero ainda existente em todo o mundo nos dias atuais. Além disso, esse dia inspira as mulheres a ter forças para continuar e enfrentar seus desafios diários. É um evento também para conectar mulheres de diferentes grupos sociais e culturais para se mobilizarem em prol da igualdade de gênero e do empoderamento.

De acordo com Rosa Amélia Barbosa, professora de artes do IFSP IST, feminista e participante do NUGS (Núcleo de Estudos sobre Gênero e Sexualidade do IFSP) e do NEABI (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do IFSP), “Parece tão redundante falar que o 8M é um dia que representa a luta pelos direitos das mulheres, seus direitos humanos básicos, mas, acredite, é uma luta contínua. Neste 8M de 2024, as marcas dos movimentos e coletivos feministas, das mulheres das cidades, do campo, das águas e da floresta, de partidos e sindicatos, que gritaram, aos seus modos, pelo fim da violência, pela legalização do aborto, contra o genocídio na Palestina, pela vida digna, contra o fascismo e pela vida de todas as mulheres cis e trans, apenas reflete as lutas históricas e o tamanho das desigualdades que nos cercam. O 8M é um dia importante para nos lembrar que conquistas não são permanências e que as atualizações das formas de violência sobre os nossos corpos nunca cessam”.

Em resumo, o Dia Internacional da Mulher é fundamental para promover a igualdade de gênero, aumentar a conscientização sobre os obstáculos que as mulheres enfrentam e inspirar mudanças positivas em busca de um mundo mais justo e equitativo para todos.


Foto Erika Hilton - www.camara.leg.br/internet/deputado/bandep/pag ina_do_deputado/220645.jpg. Acesso em: 24/03/2024.

Ecos da luta: Mulheres que inspiram para um futuro melhor

Por: Maria Eduarda Rodrigues Dutra e Larissa Pereira Trindade

O dia 8 de março marca um evento muito importante para a luta feminina contra os diversos tipos de opressão. Por isso, criamos uma lista de mulheres que desafiaram as normas, romperam barreiras e abriram caminhos para as gerações futuras.

1ª: Erika Hilton

Erika Hilton é a primeira Deputada Federal (PSOL) trans e negra eleita na história do Brasil, com 256.903 votos, tendo sido também a vereadora mais votada do país em 2020, na cidade de São Paulo. Erika se destaca por ser ativista, modelo e atuar ferozmente na luta pelos direitos das pessoas negras e LGBTQIAP+.

A trajetória de Erika se inicia em 9 de dezembro de 1992, na periferia de Franco da Rocha - SP. Durante todo o período de sua adolescência, ela foi vítima da violência por sua expressão de gênero pela sua própria família, sendo forçada a frequentar a igreja para a obtenção da “cura” vinda de Deus. Aos quinze anos foi expulsa de casa e obrigada a morar na rua, levando-a ao extremo: Se prostituir para garantir sua sobrevivência. Após seis anos, vivendo nessa situação, Erika foi acolhida por sua mãe que lhe forneceu a oportunidade de estudar novamente.

Concluiu o Ensino Médio e ingressou na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), local que serviu de pontapé inicial para o início para sua carreira política, por meio do movimento estudantil.

Desde então, Erika Hilton tem servido de inspiração para muitas pessoas trans lutarem por um futuro melhor e para garantir o respeito a sua identidade de gênero. A deputada também está presente na luta antirracista em combate às consequências do racismo estrutural. Por exemplo, ela tem um projeto de lei chamado Fundo Municipal de Combate à Fome, que têm como objetivo financiar políticas públicas de segurança alimentar em São Paulo. Ademais, ela também foi responsável por aprovar projetos homenageando mulheres trans e travestis da cidade de São Paulo. Erika também recebeu diversas premiações como “Generation Change” (da MTV); Personalidade destaque de 2021 (pela revista IstoÉ); “Next Gemeration Leaders” (pela revista estadunidense Time); “Most Influential People of African Descent” (pela ONU).

Erika Hilton é uma mulher que lidera a luta para assegurar direitos para as camadas marginalizadas pela sociedade no parlamento brasileiro, promovendo o avanço na busca de dignidade para as pessoas LGBTQIAP+ e somando forças na luta feminista. Seu reconhecimento se faz necessário para que as pessoas compreendam a força das minorias.

 “A liberdade de expressão termina quando ela esbarra no direito do outro. Quando ela leva o outro a uma condição desumana ou reforça estigmas e estereótipos, não é mais liberdade de expressão. -Erika Hilton”

Saiba mais: Email: dep.erikahilton@camara.jeg.br; Instagram: @hilton_erika; twitter:@ErikakHilton

2ª: Marielle Francisco da Silva

Marielle Franco foi uma vereadora da cidade do Rio de Janeiro, que defendia os direitos humanos e da mulher, criticava a corrupção na Polícia Militar, denunciava a violência policial contra moradores de comunidades marginalizadas. Devido a isso, em 14 de março de 2018, ela e seu motorista, Anderson Pedro Mathias Gomes, foram assassinados por representarem uma afronta ao poder das milícias.

Em sua juventude, Marielle nasceu e cresceu, no Complexo da Maré, no subúrbio carioca. Em 1990, aos 11 anos de idade, trabalhou em conjunto com seus pais como camelô, juntando dinheiro para financiar seus estudos. Aos 18, atuou como educadora infantil em uma creche, onde ficou por dois anos.

Sua formação no Ensino Superior se iniciou em 2002, no curso de Ciências Sociais da PUC-rio, como bolsista integral, por meio do Prouni. Lá ela se formou, e fez mestrado em Administração Pública pela UFF(Universidade Federal Fluminense). Sua dissertação teve como tema: “UPP: a redução da favela a três letras” (para saber mais é possível acessar: https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/2166/1/Marielle%20Franco.pdf).

Começou a militar pelos direitos humanos, depois de uma de suas amigas ser atingida fatalmente por uma troca de tiros entre policiais e traficantes na Maré. Assim, essa tragédia fomentou a luta de Marielle na Redes da Maré, projeto que promove educação para os moradores do Complexo da Maré. Marielle também criticava duramente os abusos de poder das forças policiais.

Em sua careira como vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco fez diversos atos a favor dos direitos humanos, coordenando diversas manifestações feministas, antirracistas e em defesa das favelas na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Foto Marielle Franco -

wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/68/Marielle_Franco.jpg/300pxMarielle_Franco.jpg. Acesso em: 24/03/2024.

Marielle Franco é inspiração e motivação para os movimentos de resistência e luta das mulheres. Sua morte lembra que é necessário lutar para garantir um futuro para aquelas pessoas que passam pelas mesmas coisas que nós.

“Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra aos pobres acabe? -Marielle Franco”

Saiba mais: https://www.institutomariellefranco.org/quem-e-marielle.

Foto: Anna Maria Canavarro Benite. Fonte: Yaro Rodrigues Dutra

3ª: Anna Maria Canavarro Benite

A Doutora e Mestra em Ciências/ Química Anna Maria Canavarro Benite é uma inspiração que resgata os saberes de uma ciência não eurocêntrica para descolonizar o mundo machista e racista presente na academia.

De origem na Baixada Fluminense, Anna passou por uma infância muito pobre, mas com a forte representatividade de sua mãe. A jovem cientista se graduou em química na UFRJ e seguiu estudando até se tornar Doutora e ser efetivada como Docente no Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás.

Percebendo a grande desigualdade que segregava seus similares no meio acadêmico, Anna teve a iniciativa de fundar o Coletivo Ciata - Grupo de estudos sobre a descolonização do ensino de Ciências em 2009, adotando uma perspectiva não branca e europeia nos currículos de química.

Ademais, em 2015, Anna deu início ao projeto Investiga Meninas, que visa promover ações coletivas para o benefício da comunidade escolar, de modo a exaltar as contribuições das mulheres para a criação de recursos científicos e tecnológicos.

Anna Benite reconhece a educação hegemônica, que reforça atitudes e crenças racistas e machistas, influenciado estudantes a se distanciarem do mundo da ciência, principalmente as estudantes negras.

Atualmente, é militante do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado, escritora de poesias pelo Coletivo Ogum’s Toques Negros e professora associada IV no Instituto de Química da UFG. Tem um extenso currículo acadêmico, com mais de 240 trabalhos em congressos, 96 artigos em periódicos, 2 livros publicados e contribuições em 14 capítulos de livros.

“ O termo descolonização, na verdade, não é bom, porque se a colonização tivesse acontecido de fato, eu não estaria falando com você. A gente não teria resgatado a nossa história, mas a gente está contando a nossa história, não só eu, mas as mulheres antes de mim e outras que virão. - Anna Benite”

Saiba mais: @investigamenina