Liquenes

O que é um líquene?

Do grego Leikhen = planta rastejante

“Associação entre um fungo e um simbionte fotossintético da qual resulta um talo estável de estrutura específica”

Associação Internacional de Liquenologia, 1982

Simbiose ou Parasitismo? A visão de Schwendener, 1869

“Através das minhas pesquisas concluo que os líquenes não são plantas simples, nem sequer indivíduos, na verdadeira acessão da palavra. São antes colónias de centenas de milhar de indivíduos, entre os quais apenas um desempenha o papel de carcereiro, enquanto os restantes, eternamente prisioneiros, preparam a sua refeição e a do mestre. Este mestre é um fungo da classe Actinomycetes, um parasita que se habituou a viver à custa do trabalho dos outros. Os seus escravos, são algas verdes. Ele envolve-as, tal como uma aranha à sua presa, com uma rede fibrosa de malha fina, que se converte gradualmente numa cobertura impenetrável. Mas enquanto a aranha ingere a presa e deixa-a morta, o fungo incita a alga crescer rápida e vigorosamente.”

O papel desempenhado por cada um dos componentes (fungo e algas) permanece, no entanto, pouco claro. A teoria mais aceite e a de que se trata de uma relação de simbiose, o que significa que ambos beneficiam da associação: o fungo obtém da alga os nutrientes que não é capaz de produzir sozinho, em troca oferece água, sais minerais e um suporte estável

Identificação

A identificação dos liquenes baseia-se, em geral, nas características do calo liquénico e respectivas estruturas reprodutoras

Morfologia (3 grandes grupos): foliáceo; crustáceo; fruticuloso

Tipo foliáceo – liquenes de grandes dimensões e forma laminar que aderem directamente ao substrato por um ou mais pontos. Podem ser destacados com alguma facilidade.

Tipo crustáceo – fixam-se ao substrato em toda a sua extensão de forma que para os remover é necessário remover também parte do substrato

Tipo fruticuloso – apresenta um talo de forma cilindrica (lembra um pequeno arbusto), convergindo para um unico ponto que o une ao substrato

Na década de 80 um geólogo alemão de nome H. Shroeder-Lanz identificou o que pode ser o ser vivo mais antigo de Portugal: um líquene da espécie Rhizocarpon geographicum (espécie de tipo crustáceo que coloniza rochas em áreas de montanha com baixa poluição) num bloco de granito na estrada que desce da Nave de Santo António até ao covão da Ametade. Com cerca de 24-25 centímetros de diâmetro, e aplicando o método de medição da idade através da dimensão (aproximadamente 3,1 mm por século), foi possível estimar a sua idade cerca de 7700-8000 anos.


Lista de algumas espécies liquénicas epífitas presentes no Concelho de Porto de Mós

Esta lista resume um conjunto de espécies liquénicas epífitas colhidas entre 1970 e 2001 no Concelho de Porto de Mós nas localidades de Arrimal, Pedreiras e Serro Ventoso, por Maurice Pugh Jones - Jardim Botânico de Lisboa (M.N.H.N.), e, faz parte de um trabalho que abrangeu várias regiões de Portugal continental nesse período realizado por este conceituado botânico.


Fonte

JONES M (2002)

Alguma informação sobre a distribuição das espécies de liquenes em Portugal. Portugaliae Acta Biol. 121-224 Jardim Botânico (M.N.H.N.)


nota: As colheitas referidas em Quercus pyrenaica para a localidade de Alvados, poderão ser, referentes a Quercus faginea uma vez que se enquadra na descrição do autor.