Flora vascular

A paisagem com que nos deparamos ao percorrer o Concelho de Porto de Mós resulta de um conjunto de fenómenos naturais conjugados com a ação do Homem ao longo da história.

A sua orografia particular com cumes arredondados, vales suspensos , escarpas rochosas, cascalheiras, lapiás, e algares, moldada ao longo de milhões de anos contrasta com os vales seccionados por muros de pedra, com pequenas parcelas cultivadas, e manchas de carvalhal, que, a par dos castanheiros dominou as antigas florestas neste território.

Á utilização do fogo, pastoreio e a desflorestação desde os primórdios da colonização deste território, juntam-se, no presente, às crateras abertas pelas pedreiras , que, apesar de ser "o motor" da economia local, não deixam de ser uma ferida na paisagem, e, a delapidação, de um património para as gerações futuras.

Apesar da pressão provocada por :

- uma industria de extração e exploração de inertes com mais de 500 pedreiras ativas, e, o seu impacto em termos ambientais e da paisagem

- uma industria pecuária em regime intensivo (suinicultura) e toda a pressão associada aos aquíferos da região.

- o pastoreio de gado bovino em pequenas parcelas com solos pobres ou decapitados em regime" intensivo encapotado" ,(na prática, cerca de 3/4 do ano a alimentação dos animais depende do feno ou outras forragens adquiridas ou produzidas fora do Concelho).

O facto de estarmos num território de montanha de clima de influência mediterrânica com calcários e solos pobres e decapitados a exigência e o impacto do herbivorísmo de gado bovino em regime extensivo não se enquadra em nenhum modelo de conservação resultando numa forte perturbação das comunidades vegetais e da biodiversidade.

- fogos florestais recorrentes e cada vez mais frequentes, atingindo principalmente áreas de matos

- tráfico rodoviário crescente com destaque para o associado ao transporte de inertes,

- uma crescente área ocupada por povoamento de eucalipto estendendo-se a novas áreas dentro do Parque Natural,

a flora vascular presente no Concelho de Porto de Mós apresenta uma grande diversidade e importância com especificidades, raridades e singularidades que fazem da visita a este território uma experiência inesquecível.

Regista-se hoje, para este concelho, cerca de 570 espécies incluindo relíquias paleoclimáticas, endemismos lusitanos ou ibéricos, raridades e, espécies incluídas na Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental, protegidas por diretivas europeias e legislação nacional.