Barroco
Algumas situações conjunturais geradoras do Barroco:
·Causas políticas e económicas:
-declínio do Império Português,
-corrupção administrativa generalizada,
-dificuldades financeiras do Estado,
-empobrecimento agrícola e artesanal da nação;
-domínio castelhano e perda da independência portuguesa entre 1580 e 1640 (absolutismo régio, repressão da liberdade do pensamento político).
·Causas culturais e religiosas:
-esgotamento e desgaste dos temas clássicos/renascentistas;
-competição literária entre poetas e exercício de virtuosismo literário entre académicos;
-descobertas científicas sobre a concepção do universo – infinito e instável;
-reforma protestante e lutas subsequentes;
-Contra-Reforma: a Inquisição aumenta o seu poder, reprimindo alguns valores de liberdade que se havia conquistado com o Humanismo, são eles: humanização da religião; divulgação directa da palavra evangélica; reabilitação da natureza; crítica anticlerical;
-inibição cultural/artística dos temas patrióticos e de glorificação nacional.
Comparação da mentalidade renascentista com a barroca:
Fases do Barroco:
·1ª fase (segunda metade do séc. XVI e duas primeiras décadas do séc. XVII) – o Maneirismo e a crise do Renascimento:
-reacção negativa às normas e aos valores tipicamente renascentistas de harmonia, proporção, optimismo e serenidade;
-interiorização da angústia e consciência de um mal-estar existencial.
·2ª fase (século XVII a meados do séc. XVIII) – a exuberância e artificialidade do Barroco como resposta compensatória às mesmas angústias e crises.
Principais características da poética barroca:
·imitação amplificante da poesia renascentista ou outra;
·repetição de temas, símbolos e imagens:
-o tempo (a efemeridade da vida, o desengano, o infortúnio, as ruínas, a morte),
-a ilusão (o sonho, o espelho),
-o amor e a imagem da mulher,
-a religiosidade (episódios da vida de Cristo e dos santos),
-o jocoso, a sátira e a transformação parodística dos temas anteriores;
·discurso engenhoso composto por malabarismos verbais estilístico-conceptuais que espectacularizam os conteúdos;
· autocríticaliterária: negação jocosa (ex.: «Às poesias que se fizeram à queimadura da mão de uma senhora»).
O excessivo formalismo da arte barroca articula-se, sobretudo, na Península Ibérica, com o silêncio cultural e a repressão ideológica praticada pela Inquisiçãocom o consentimento das coroas espanhola e portuguesa. O Barroco, de conteúdo insignificante e estéreis refinamentos estilísticos, é, assim, o resultado de uma atmosfera obscurantista e fanática.