Glossário Africano

Siglas dos países:

(A) Angola

(C) Cabo Verde

(G) Guiné-Bissau

(M) Moçambique

(S) São Tomé e Príncipe

(Ge) Geral


A

Abuamar (A) — espantar.

Africaander (= afrikaander) (Ge) — língua dos boers.

Aiuê! (Ge) — ai!, credo!

Aka! (= haka!) (A) — chiça!

Alakavuma (M) — lagarto a que se associam poderes mágicos, pressagiando malefícios para uma comunidade, após as chuvas.

Alembamento (A) — dote de noivado.

Alma-biafada (G) — ave.

Ambanine (M) — significa aproximadamente adeus a todos.

Ambaquista (A) — da região de Ambaca; diz-se da ironia e do humor corrosivos dos dessa região, próprios também de certa literatura.

Ambul’o Kuku (A) — deixa o avô!

Angolar (A) — moeda angolana no tempo colonial.

Angú (S) — banana cozida, esmagada, para comer com calúlú, blá-blá ou muzengué.

Anhara (A) — planície de capim rasteiro, prado.

Arimo (A) — terrenos cultivados junto à habitação.

Aringa (M) — aldeia fortificada.

Arreganhar (A) — ameaçar.

Assa (A) — o negro albino.

Assimilado (Ge) — o Estatuto dos povos coloniais estabeleceu, em 1954, que qualquer cidadão das colónias, mediante certas condições (de falar correctamente o português e outras), adquiriam a cidadania igual à dos portugueses.

Atabaque (M) — tambor.

Attica (Ge) — local nos EUA.

Auá! (A) — interjeição de espanto.

Avil (A) — amigo íntimo (gíria).


B

Baçula (A) — rasteira.

Badio (C) — natural da ilha do Fogo.

Baga-baga (G) — salalé, formiga branca.

Bailundo (A) — povo do planalto central.

Bala (A) — dinheiro.

Balafon (G) — instrumento musical.

Balaio (A) — cesto.

Bambara (G) — povo da África Ocidental, a norte do Equador.

Banana-pão (S) — banana, que chega a atingir 30 cm., que se come cozida, assada ou frita.

Bança (S) — nervura principal da folha da palmeira.

Bandola (S) — saco de serapilheira para as colheitas.

Banga (A) — prestígio, categoria, vaidade.

Banja (M) — assembleia de povoação.

Bassula (A) — golpe de luta; pancada.

Batanga (G) — pão cozido sobre chapa de ferro ou de barro.

Bate-pa (= Batepá) (S) — situa-se em São Tomé e Príncipe; ali houve um massacre cometido pelas autoridades coloniais, em 1953.

Batuta (A) — conhecedor, competente.

Bazar (Ge) — fugir.

Beleca (M) — costume tradicional de transportar os bebés às costas.

Bentabá (= bentém) (G) — estrado de troncos para reuniões.

Berrida (A) — corrida; expulsão.

Bessá! (A) — a sua benção!

Bessa-ngana (A) — rapariga.

Besugo (A) — branco saloio.

Bilo-bilana (M) — passarinho.

Bimba (A) — espécie de vime.

Bissapa (A) — arbusto.

Bitacaia (A) — pulga que se anicha nos dedos dos pés, tornando-se incómoda.

Blá-blá (S) — prato são-tomense com peixe, óleo de palma, quiabo, couve e folhas de agrião ou maquêquê.

Boas-horas (C) — cumprimento antes do almoço.

Boavista (A) — musseque de Luanda.

Bocar (A) falar.

Boer (Ge) — sul-africano branco, descendente de holandeses.

Bofeta (A) — pano preto.

Boi (A) — liamba, marijuana (gíria).

Bolanha (G) — arrozal.

Bombó (A) — farinha de mandioca.

Bombolon (G) — instrumento musical de percussão; transmissor de mensagens a grande distância.

Bongolo (M) — burro.

Bongolon (C) — variedade de feijão.

Bubu (G) — vestido.

Bué (A) — muito.

Bufado (S) — salteador embuçado.

Bugio (A) — tipo de macaco.

Bula-bula (M) — conversa.

Bulauê (S) — dança muito agitada.

Buli (C e G) — cabaça.

Bumbar (A) — trabalhar.

Bumbo (A) — negro (pejorativo).

Bungular (A) — remexer o corpo como um feiticeiro.

Butadô vungo (S) — o cantor principal que, no socópé, dá o mote.

Buxila (A) — filha de escrava ou de mulher livre, nascida na casa em que serve.


C

Cabiri (ver kabíri).

Cabobo (A) — sem dentes.

Cabrito (A) — filho de pessoa branca e mulata.

Caçambula (A) —jogo infantil.

Cachupa (C) — o mais conhecido prato típico. Para além da carne ou do peixe, a cachupa é elaborada com feijão e milho estufados.

Cacimba (A) — lagoa de chuva; poço; cisterna.

Cacimbado (A) — cheio de cacimbo; perturbado.

Cacimbo (A) — relento, orvalho; estação fria.

Cadavez (A) — talvez.

Cafeco (A) — virgem.

Cafofo (A) — cego; diminutivo de quifofo, ceguinho.

Cafoto (A) — erva para os pescadores do rio Zaire atordoarem os peixes.

Cafuca (A) — insecto que, escondido na areia solta, devora outros.

Cafucambolar (A) — cambalhotar.

Cagarra (C) — ave palmípede marinha. As cagarras são aves marinhas de corpo fusiforme e asas longas. A sua plumagem é escura (cinzenta ou acastanhada) no dorso e branca na zona da barriga. As cagarras são aves migratórias de longa distância, que passam a maior parte da vida voando sobre os oceanos de águas temperadas a frias. O seu único contacto com terra é na época de reprodução, quando se reúnem em ilhas e áreas costeiras para nidificar em zonas rochosas. O ninho é construído como uma espécie de toca e visitado pelos progenitores apenas durante a noite. Cada postura é composta por um único ovo.

Cajamanga (S) — fruta da cajamangueira.

Cajinjeiro (A) — avarento.

Calema (A) — borrasca no mar alto.

Caluanda (A) — indivíduo natural de Luanda.

Calúlú (S) — prato de óleo de palma, galinha, peixe fumado, camarão, quiabo, cebola, beringela, ossami, etc.

Calunga (= kalunga) (A) — mar; oceano; deus do mar.

Cambaco (M) — velho elefante solitário.

Cambular (A) — atrair, adular, arregimentar (de kukambula, apanhar uma coisa em movimento).

Cambuta (A) — baixo, pequeno.

Camoca (C) — farinha de milho torrado.

Campuna (A) — camponês.

Camuelo (A) — invejoso, avarento (de muelu, soleira da porta ou estreiteza).

Camundongo (A) — ratinho; designação vulgar (e pejorativa) do luandense.

Cana’ngana (A) — não, senhor!

Candingolo (A) — bebida fermentada de milho.

Caneco (M) — o hindu cristão (pejorativo).

Canganhiça (M) — enganar com esperteza; feitiçaria.

Cangar (A) — prender (gíria).

Cangarra (M) — cesta.

Cangonha (A) — estupefaciente.

Cangundo (A) — branco de baixa condição e grosseiro.

Canhé (A) — jogo infantil do toca e foge.

Canhota (C) — ave branca da família do abutre.

Canhoto (C) — cachimbo rudimentar.

Caniço (M) — bairro de lata.

Canoa (S) — espécie de banheira (lagar) de tronco de árvore ou de cimento para se pisar o andim.

Canvi (S) — palha resultante do andim, para atear o lume.

Capanga (A) — golpe de luta; braço à volta do pescoço; nuca, pescoço.

Capiango (A) — roubo, delinquência.

Capianguista (A) — gatuno.

Capiar (A) — fazer fintas, driblar.

Capoeira (S) — mato, óbà.

Capopa (A) — fonte; curso de água.

Cápsula (S) — cacau.

Capulana (M) — pano típico, estampado, de prestígio, com que as mulheres se vestem, até aos tornozelos.

Carambola (S) — fruto da caramboleira.

Caramô (G) — sacerdote, profeta fula.

Cariengue (A) — assalariado, de aluguer (do quimbundo kadiengue).

Cassacambe (A) — ave fabulosa do imaginário quimbun— do.

Cassanda (A) — nome dado às prostitutas portuguesas, antigamente, a cumprirem pena de degredo; branca de má educação; as brancas e mestiças antigas que usavam panos.

Cassumbular (A) — tirar a cassumbula, em jogo infantil.

Cassuneira (A) — arbusto, planta.

Casuarina (A) — árvore que se dá na areia da praia.

Catituí (A) — pássaro.

Caxexe (A) — ocultamente.

Cayatte (A) — musseque de Luanda.

Cazumbi (A) — alma de antepassado, errante, espírito.

Cê-Efe-Bê (A) — Caminhos de Ferro de Benguela.

Cê-Efe-Éle (A) — Caminhos de Ferro de Luanda.

Chaluto mu muzumbo (A) — de charuto ou cigarro nos lábios.

Chana (= xana) (A) — savana, planície.

Chango (M) — espécie de gazela.

Charoco (S) — peixe de rio que o povo consome.

Chibalo (= xibalo) (M) — trabalho compelido.

Chicudo (M) — forma de escudo.

Chicuembo (= xicuembo) (M) — feitiço, feitiçaria.

Chifunfununo (M) — carocha que faz rolar uma bola de excremento.

Chigubo (ver Xigubo).

Chimba (A) — cipaio.

Chingufo (= xingufo) (A) — grande tambor.

Chipala (A) — cara.

Chirico (M) — pássaro.

Chovar (M) — empurrar.

Cipaio (= sipaio) (A) — polícia auxiliar africano, da administração.

Clêclê (S) — parte espinhosa da nervura principal da palmeira dendém, seca, para atear o lume.

Coalbrook (M) — Mina de carvão no Transval, onde morreram centenas de mineiros negros num grave desastre.

Cocaiar (A) — espreitar (do quimbundo kukaia).

Coche (A) — um pouco, um pedaço (gíria).

Cocho (M) — almadia.

Côcô d’água (S) — tipo de matabala aquática de quase todos os rios.

Coconote (G) — amêndoa de palma.

Cocuana (M) — velho, avô. Tratamento respeitoso.

Codê (C) — o filho caçula.

Coladeira (C) — música e dança típica; mulher que integra o coro nas festas de S. João, S. Pedro e S. Filipe.

Componde (M) — os acantonamentos ou «reservas» de trabalhadores na África do Sul (do inglês compound); barracão, camarata.

Congolon (C) — casca da cabaça seca.

Cora (= corá) (G) — harpa dupla com cabaça.

Corricar (A) — pescar com cana num barco em movimento lento.

Cotá-béga (S) — último filho de uma pessoa.

Crã (C) — escalvado.

Crueira (A) — mandioca seca.

Cuacar (A) — voz de pato.

Cubar (A) — dormir (gíria).

Cubata (A) — palhota, choupana, residência africana modesta.

Cuca (M) — cozinheiro.

Cuche-cuche (M) — feitiço.

Culimada (M) — cavar para semear. Do ronga ku-ri,na.


D

Dalonga-longa (A) — esperança, futuro.

Damba (A) — duna.

Danço (= danço-congo) (S) — dança folclórica.

Daxa (G) — imposto pago por comerciantes às autoridades africanas.

(G) – partícula de realce: jubi dé, obi dé, ka seta dé (olha, ouve, recusa mesmo).

Desamparinho (C) — crepúsculo.

Desconseguir (A e M) — não conseguir.

Diamba (A) — erva de fumo, liamba, extraída do cânhamo, marijuana.

Dias-há (C) — há muito tempo.

Dibanza (A) — dança.

Dibunda (A) — embrulho, trouxa.

Dicanza (A) — instrumento de percussão (reco-reco), espécie de chocalho com vara.

Dikamba dietu (A) — nosso amigo.

Dikangalakata (A) — planície arenosa e agreste, semelhante à chana (de transição).

Dikoso (A) — remédio de quimbanda.

Dikuua (A) — capim das margens de lagoas e rios.

Dilemba (A) — casa para ritos de jovens pré-nupciais ou mulheres casadas que apresentam problemas de fecundidade.

Diloa (A) — lodo.

Dilombe (A) — casa ou lugar no campo para determinados ritos.

Dimba (A) — sarilho.

Dingo (A) — qualidade de capim.

Dingola (A) — dança.

Disakela (A) — sessão de xinguilamento para invocar os espíritos.

Dizamba (A) — chapéu de palha.

Dizanga (A) — lagoa, local de águas paradas ou mesmo pantanosas.

Dja (C) — ilha.

Djidiu (G) — aedo, griot, que actua sobretudo para os nobres.

Djógó (S) — prato com ossami, misquito, óleo de palma, quiabo, peixe seco ou fumado, etc.

Djongô (C) — sonolência.

Djoni (= John, Johne) (M) — minas do Rand.

Dogon (G) — povo de região do Mali.

Dongo (A) — pequeno barco, tipo piroga, escavado em tronco de árvore, típico dos pescadores de Luanda.

Dril (C) — tecido de linho.

Dúia (A) — moça (gíria).


E

Eme (A) — eu.

Empacaceiros (A) — antigo corpo de soldados municipais.

Epalanga (A) — nome próprio de homem.


F

Fachola (M) — pá (do inglês fire-shovel).

Falucho (C) — veleiro de um só mastro.

Fanguista (A) — ladrão.

Farme (M) — quinta (do inglês).

Fedegosa (C) — planta quenopodiácea, cujas sementes substituem o café.

Fembar ou ku-femba (M) — exorcismo contra doenças e demónios procedentes de alguém.

Ferrera (A) — peixe de Angola.

Fimba (A) — mergulho.

Forro (S) — natural e um dos dialectos de São Tomé e Príncipe; gancho para tirar as cápsulas dos cacaueiros.

Fuba (A) — farinha de mandioca.

Fubeiro (A) — comerciante do mato.

Fula (A) — de cor parda e brilhante (filha de pessoa mulata e negra).

Funante (A) — antigos comerciantes, geralmente portugueses, que percorriam o interior.

Funco (C) — habitação pobre, coberta de palha, geralmente dos negros.

Funda (A) — localidade nos arredores de Luanda.

Fundão (S) — terraço onde se dançava ao ritmo de instrumentos de corda; principal sítio de festas na vila da Trindade.

Funji (A) — alimento de mandioca.


G

Gã-galhã-galhã (M) — onomatopeia do rodar do carro-eléctrico nos carris.

Gala-gala (M) — lagarto de cabeça azul que vive nas árvores de médio e grande porte.

Gamboas (M) — pesca na praia por meio de estacas (o peixe fica preso na maré baixa).

Gandu (S) — tubarão.

Ganguissa (M) — namorar, requestar.

Ganguissela (M) — namorar, arrastar a asa.

Géssu (S) — cachimbo.

Ginga (M) — bicicleta.

Ginguba (A) — amendoim.

Godido (M) — personagem revoltoso, histórico.

Gongom (C) — fantasma, bicho-papão.

Gravana (S) — estação seca (de Junho a meados de Setembro).

Gravanita (S) — estação seca que vai de Dezembro até final de Janeiro ou Fevereiro.

Gri-gri (G) — amuleto.

Grogue (C) — aguardente.

Grossar (M) — embriagar-se.

Grota (S) — terreno inclinado na intercepção de montanhas.

Guala (M) — alavanca.

Guambú (S) — morcego.

Güeta (Ngüeta) (A) — branco de baixa condição, grosseiro.

Guisa (C) — choro pelos mortos.

Gumbatete (A) — abelha obreira, que faz ninho de barro.

Gunga (A) — grande antílope.


H

Haka! (A) — interjeição de espanto.

Haku (A) — a primeira comida que se dá a uma criança.

Harmatão (C) — vento ardente proveniente do Sahara; lestada; suão.

Hebu (A) — indivíduo de longa gestação, a que se atribuem capacidades mágicas.

Homba (A) — bolsa de pano e cinta.

Honga (A) — vale, seguido ou não de planície.

Hula (A) — creme ou pomada medicamentosa ou cosmética.


I

Icolibengo (A) — natural de Icolo e Bengo, região próxima de Luanda, onde nasceu Agostinho Neto.

Idjogó (S) — prato típico.

Iin (G) – expressão de assentimento equivalente ao «sim». Usa-se do mesmo modo como resposta a um chamamento: Iin? - Sim? O quê?

Imbamba (A) — carga, pacote, embrulho (bicuata, em umbundo).

Imbondeiro (Ge) — árvore africana de grande porte, de tronco muito largo e copa esparsa (baobá).

Impis (M) — hostes.

Ímpis (M) — hostes.

Ingombotas (A) — bairro de Luanda; árvore frondosa.

Inguavana (M) — prostituta.

Inhame (S e G) — planta monocotiledónea, tuberosa, alimentícia.

Inhame-gudú (S) — inhame tipicamente são-tomense.

Inhé (S) — parte superior do bancá, para cestos, cordas, etc.

Inhé-pléto (S) — árvore delgada e muito alta, que serve para ripas, remos, etc.

Isaquente (S) — espécie de pinhão da isanqueira, para cozinhar.

Izê-blancú (S) — camarão branco e mole.

Izê-fundú (S) — camarão esverdeado e mole.


J

Jagacida (C) — prato de farinha de milho e feijão. Mistura (em sentido figurado).

Jamanta (A) — raia gigante.

Jamba (A) — zona mineira (ferro) no sul de Angola.

Javite (A) — machado de folha curta.

Jikula mesu (A) — abre os olhos! (expressão quimbunda para chamar a atenção dos distraídos).

Jimboa (A) — ervas comestíveis.

Jindembu (A) — drogas mágicas.

Jindungo (A) — fruto do jindungueiro; malagueta pequena.

Jinguba (A) — amendoim.

Jinguna (A) — formiga de asas, que aparece após as chuvas.

Jinjilu (A) — frutos comestíveis.

Jinongonongo (A) — enigma, adivinha.

Jitterbug (Ge) — o swing dos anos 20-40.

João «Mulato» (M) — famoso sipaio (polícia africano) que aterrorizava os subúrbios.

Jobar (M) — conseguir emprego.

Jone (M) — abreviatura de Joanesburgo.

Jugudé (G) – djugudé ou djagudi (Necroscyrtes monachus). Ave de rapina diurna. Género de abutre muito frequente na Guiné, nas árvores ou grandes arbustos. Carnívoro de bico adunco e unhas fortes, atinge normalmente mais de 1 m. de envergadura. Cabeça e pescoço nus e coloridos, alimenta-se principalmente de restos e matérias orgânicas em decomposição.

Junbai (G) — (palavra formada de “junto” e “vai”, no significado de “convívio”), serões nocturnos - aliás típicos nas sociedades de convivência -, em que membros de uma família ou de uma comunidade alargada se reúnem para “contar coisas”, fundamentalmente para trocar histórias; convívio.

Junco (= rabo-de-junco) (A) — passarinho de rabo comprido.


K

Kabíri (A) — raça de cão; localidade no rio Bengo; gente de má índole; galinha.

Kabokomeu (A) — grupo carnavalesco de Luanda.

Kabulu (A) — lebre.

Kalundu (A) — divindade ou espfrito justiceiro, presente na natureza.

Kam’tuta (A) — coxo.

Kamavua (A) — azarento (alcunha).

Kamba (A) — amigo.

Kambala (A) — pequena canoa.

Ka-mpfumo (M) — no Reino.

Kamueka (A) — bebedeira (gíria).

Kamuxi (A) — ka, pequeno; muxi, árvore.

Kana kassule sukuama (A) — não, Kassule, chiça!

Kandando (A) — abraço de fraternidade.

Kandengue (A) — criança.

Kanimambo (M) — obrigado.

Kanvuanza (A) — confusão.

Kanzumbi (A) — espírito.

Kapakassa (= pakassa ou pacaça) (A) — boi do mato.

Karibandi (A) — local onde, numa emboscada, foi morto o chefe da guerrilha do MPLA, Hoji ia Henda (leão caridoso).

Karingana-ua-Karingana! (M) — modo tradicional de começar uma história. Tem o significado de era uma vez.

Karkamano (A) — nome pejorativo do sul-africano.

Kasanji (= Cassange) (A) — região do algodão, no norte de Angola, onde houve um massacre no final dos anos 50, daí se legitimando a luta armada de libertação nacional.

Kassule (A) — nome próprio; filho mais novo (caçula).

Kassumunar (A) — roubar, usurpar.

Katul’o maku, sungadibengu... (A) — tira as mãos, mulato ordinário...

Kaveia (A) — conhecida família da guerrilha do MPLA, que tinha três irmãos na mata e cujas anedotas eram conhecidas.

Kazukuta (A) — nome de dança, agora também com o sentido de confusão, tumulto.

Kazumbi (A) — espírito.

Kenguelequezê (M) — ritual como que de baptismo de um recém-nascido, com invocação à Lua Cheia.

Kepe-chacal (M) — mulato que passa por branco. Kepe é corruptela de Cape, como em Kape Town. Pelo cruzamento com colono holandês, o mestiço do Cabo é aloirado e de olhos claros. Chacal o menino branco nascido em Moçambique. Os atributos são criação de um apertado código mulato (Inf. de José Craveirinha).

Kianda (= quianda) (S) — sereia.

Kibaka (A) — banco de tronco.

Kibixila kutululuka (A) — momento de proceder à chamada, de chamar pelos desaparecidos, pelos mortos.

Kíbua (A) — mentira.

Kicôla (A) — não pode ser.

Kidiba-kidiba (A) — a corrida do antílope.

Kiene-muene (A) — é assim mesmo.

Kifuko (= kifutu) (A) — suadouro, banho de vapores, com ervas, raízes e essências.

Kikata muene (A) — aquela mão.

Kikorta (A) — volta (dar uma volta; gíria).

Kikuanga (A) — espécie de pequeno queijo amassado com farinha de mandioca.

Kilamba (A) — intérprete de sereias.

Kilemba (A) — transformação de kileba ou kialepa (alto?). Há uma terra, S. Pedro da Kilemba, a 45 km. a leste do Dondo. Indivíduo rico (gíria).

Kilombo (A) — lugar de reunião dos trabalhadores.

Kilundu (A) — espírito, divindade.

Kimbanda (= quimbanda) (A) — curandeiro.

Kimbo (A) — aldeia.

Kinaxixi (= Kinaxixe ou Quinaxixe) (A) — bairro e largo de Luanda.

Kingombu (A) — quiabo.

Kinzônji (A) — capim, erva.

Kiombo (A) — javali, porco do mato.

Kissângua (A) — bebida fermentada de cereais.

Kissanje (A) — instrumento musical, com caixa de ressonância (cabaça) e palhetas de metal.

Kissoko (A) — confiança, intimidade, entre famílias ou pessoas. Tradicionalmente, praticavam-se actos graves que o kissoko protegia.

Kissonde (A) — formiga.

Kitadi malé (A) — expressão quimbunda para a falta de dinheiro.

Kitangana ia kuzunga (A) — tempo de velar, de vigiar.

Kitata (A) —ver quitata.

Kitota (A) — mina de manganês da Kitota.

Kitoto (A) — cerveja de milho.

Kituiu (A) — coro de choros.

Kitumba (A) — mata bravia (alcunha).

Kituta (A) — sereia de água doce.

Kiuza (A) — calor.

Kixima (A) — cacimba, poço.

Kixukululu (A) — olhar lançado com rancor.

Kizaka (A) — esparregado de folha de mandioqueira.

Kizomba (A) — folguedo.

Kolokota (A) — coragem, força.

Kombaritokué (= komba-o-Ditokua) (A) — velório, com comida, bebida e dança; varrer as cinzas; final do óbito.

Kota (A) — mais velho, ancião.

Kuakié (A) — amanheceu!

Kukunar (A) — semear.

Kulucumba (M) — entidade divina; ser supremo.

Kumbu (A) — dinheiro (gíria).


L

Lagaia (S) — raposa.

Lagoas (M) — bairro onde havia lagoas, conhecido pela prostituição.

Lângua (M) — paul.

Languana (M) — alto.

Larar (A) — defecar.

Lazarina (A) — espingarda antiga de carregar pela boca.

Leio (A) — alheio, que não pertence ao próprio.

Lemba-lemba (S) — planta trepadeira.

Libata (A) — casal.

Liceu (A) — Liceu Vieira Dias, nome por que era conhecido Carlos Aniceto Vieira Dias, fundador do grupo musical Ngola Ritmos (histórico, muito popular), membro do MPLA, que esteve preso no Tarrafal.

Lingala (A) — palavra que designa os regressados angolanos refugiados no Zaire e que falam lingala.

Lixeira (A) — musseque de Luanda.

Lobolo (M) — contrato ou vínculo nupcial e marital através de um valor material e simbólico (dote), cujo significado complexo se destina a preservar e desenvolver os laços unitários da família no seu conceito alargado entre os bantos.

Logo-é (A) — até logo.

Logo-logo (A) — imediatamente.

Luando (A) — esteira de papiro que se enrola no sentido da largura.


M

M’benga (M) — recipiente, tipo almofariz, para moer milho, mapira e amendoim; alguidar.

M’bika a mundele, mundele uê (A) — o escravo de um branco também é branco.

M’bití (M) — prefixo aplicado a nome de moça acoplado ao nome do pai.

M’boa (M) — folhas de abóbora.

M’bora (A) — ainda.

M’Siro (M) — creme pastoso, de raiz de árvore, para o rosto das mulheres.

Mabadjia (M) — pastéis de feijão africano.

Mabandido (M) — neologismo do português, com prefixo ronga, atribuído aos grupos de marginais dos subúrbios de Lourenço Marques.

Mabanga (A) — espécie de marisco.

Mabeco (A) — cão selvagem que vive em matilha.

Maboque (A) — fruto do arbusto do mesmo nome, de casca dura, verde, comido simples ou com açúcar.

Maca (= maka) (A) — discussão; confusão; conversa; questão; disputa; caso; assunto.

Maçala (M) — fruto típico da savana, de polpa muito rica, redondo e de casca grossa dura.

Macambrará (S) — árvore do interior, para estacas, esteios, etc.

Macambúzios (M) — termo originário do português, sinónimo de pastor de rebanhos no mato.

Machamba (M) — plantação, quinta ou horta, para onde podia ir a mão-de-obra forçada.

Machete (A) — catana.

Machim (S) — catana agrícola.

Machimba (M) — excremento.

Machimbombo (= maximbombo) (M) — autocarro.

Macucús (S) — três pedras para colocar a panela, lata ou tambor de cozinha.

Macungá (S) — comida de farinha de milho e açúcar.

Macuta (A) — antiga moeda de prata que circulou em Angola, até aos anos 40.

Madala (M) — velho; ancião; pessoa de respeito pela idade e/ou posição; avô.

Madía (A) — pronúncia luandense de «Maria».

Madimbombo (A) — vespa.

Madoda (M) — ver madala.

Maehu (M) — bebida muito nutritiva, confeccionada com arroz ou milho e farinha de trigo com açúcar.

Mafalala (M) — parte do bairro suburbano pobre da Munhuana, muito conhecido também por lá viver, ainda hoje, o poeta José Craveirinha.

Mafurreira ou mafumeira (A e M) — árvore meliácea (trichilia emetica), de fruto comestível, muito comum no sul de Moçambique e em Angola, de que se extrai o óleo chamado mafurra. Em ronga, diz-se cutlho. Serve para fazer embarcações.

Magaíça (= magaíza) (M) — emigrante mineiro.

Magerman (M) — alemão (do inglês german).

Maguerre (M) — saloio branco colonial.

Maguiguana (M) — chefe tribal.

Maianga (A) — bairro muito antigo de Luanda.

Mainato (M) — empregado doméstico que lava e passa a roupa. Do malaio mannatan, que a comunidade inglesa introduziu.

Mais-velho (A) — ancião, patriarca, muito respeitado e venerado nas sociedades mais antigas.

Majengo (M) — rato palmeira.

Majumbo (M) — tripas para cozinhar.

Makala (M) — carvão.

Makèzú (= maquezo) (A) — cola e gengibre, para desjejum tradicional.

Makôfu (M) — couve.

Makongo (A) — dívida.

Maku (A) — mão.

Mákua (= múcua) (A) — fruto do imbondeiro.

Makutu! (A) — mentira!

Malagueta tuá-tuá (S) — malagueta pequena muito picante.

Mala-mala (M) — tarefa.

Malamba (A) — aflição, sofrimento; coisas, objectos.

Malanga (M) — bairro de Lourenço Marques.

Malembelembe (A) — muito devagar, cautelosamente.

Máli (M) — dinheiro.

Mamana (M) — mãe. Senhora. Termo carinhoso para a mulher de meia-idade.

Mamba (M) — cobra venenosa, mortífera.

Mamparra (M) — contratado para as minas da África do Sul; ignorante.

Mampsincha (M) — fruto comestível de planta rasteira.

Mancarra (G) — amendoim.

Mandioqueira (A) — tubérculo usado na cozinha ao natural ou como farinha.

Manduco (C) — varapau. Enorme (em sentido figurado).

Mané-lobo (C) — abutre.

Mangal (M) — massa de arbustos na foz do rio.

Manglôglô (S) — camarão negro e duro.

Mangondo (M) — nome.

Mangonha (A e S) — preguiça, lentidão; vadiagem.

Manhingue ou maningue (M) — muito, bastante.

Manjuandades (G) — (palavra formada de “manjua”, no significado de colectividade), grupos de convivência de pessoas da mesma geração, geradores de grande solidariedade, expressa na participação colectiva em cerimónias que respeitem a qualquer um dos seus membros (festas, casamento, morte), cerimónias em que ocorrem naturalmente manifestações de oratura.

Mano (A) — tratamento afectuoso entre os do povo.

Mantenha (C e G) — saudação. recomendação, lembrança.

Maplamina (S) — camarão azul escuro, menos duro que o manglôglô.

Mapsele (M) — mulher de meia-idade, muito considerada e de elevada condição social.

Maquêquê (S) — hortaliça própria para o calúlú, blcí-blá e djogó.

Maquezo (A) – Cola mais gengibre, que se mastigava pela manhã.

Maria Candimba (A) — conhecida canção do folclore angolano.

Marimba (A) — instrumento musical.

Marimbondo (A) — mosquito de forte ferroada, espécie de vespa.

Marrabenta (M) — dança e canção popular (do português rebenta, com prefixo ronga).

Marrungano (M) — alfaiate.

Marufo (= maruvo) (A) — bebida fermentada extraída da palmeira.

Massala (M) — fruto silvestre, comestível, de casca dura.

Massambala (A) — milho miúdo, usado na fuba.

Massemba (A) — dança, acompanhada por instrumentos africanos (dicanza, puíta, quissange e marimba) e outros.

Massindsa (M) — pulseira.

Massinga (A) — rei Massinga, lendário.

Massinguita (M) — azar.

Massuíca (A) — pedras de fogo usadas como trempe (arco ou triângulo constituído por três pedras sobre as quais se colocam tachos e panelas).

Matacanha (A) — pulga dos pés.

Mataco (A) — nádegas, cu.

Matangadana (M) — morcego.

Matapa (M) — espécie de esparregado, à base de folhas de abóbora.

Mateba (A) — planta de cujas folhas se fazem cordas, vassouras, etc.

Matete (A) — papas, massa de farinha cozida da gente pobre.

Matété (S) — resto resultante de retirar o azeite; massa de farinha cozinhada, inconsistente, rala.

Mati (G) – assistir, presenciar, ver (arc. matar - observar).

Matias (A) — pássaro da região de Luanda.

Matona (A) — peixe miúdo.

Matope (M) — lama, barro.

Matubas (A) — testículos.

Matumbola (A) — indivíduo ressuscitado por artes mágicas e que cumpre ordens do feiticeiro que o trouxe à vida.

Matwasana (M) — pessoa encarnada pelos espíritos, na fase de purificação.

Matxubé (O) — cativo negro; artista que toca vários instrumentos; mimo.

Mauindo (A) — pulga nos dedos dos pés, onde cria um saco com ovos.

Mavique (M) — carregador da estiva (do inglês a week, por ser pago à semana).

Maximbombo (A) — autocarro.

Mbalale (A) — cemitério.

Mbaxi (A) — tartaruga.

Mbeji ni jitetêmbua (A) — a lua e as estrelas.

Mbinda (A) — cabaça.

Mbuetete (A) — instrumento musical muito pequeno.

Mbunda (A) — nádega, cinta.

Mbundo kène Muxima (A) — negro não tem coração.

Melói (A) — Portugal.

Merengue (A) — dança originária da América latina que passou para Angola, no século XIX, tomando uma expressão específica.

Messire (M) — indivíduo com posição social de destaque.

Mezongué (S e A ) — prato típico.

Miá-miá (S) — relâmpago.

Micaia (M) — espinheiro silvestre; árvore espinhosa (acacia nigrescens), com cerca de 12 metros de porte e de madeira resistente

Micate (A) — frito; espécie de sonho.

Micondó (S) — imbondeiro.

Migoudine (M) — minas.

Milando (Ge) — questão, litígio, desavença.

Milongo (A) — feitiço ou medicamento tradicional.

Mindele-iamala (A) — homens importantes.

Miondona (A) — espírito tutelar de uma pessoa.

Missava (M) — terra, areal.

Missosso (A) — conto tradicional.

Mizoudini (M) — minas.

Moamba (= muhamba) (A) — comida típica com galinha ou peixe e óleo de dendém.

Mocrata (C) — prostituta.

Mologe (A) — especialista de magia negra; o oposto do quimbanda, dedicado à magia branca.

Molwêni (M) — menino vadio.

Mon’angola (A) — filho de Angola.

Mona (A) — criança, filho.

Mona-kaxito (A) — lança-obuses com o nome da terra onde foi muito usado (Kaxito).

Monandengue (A) – Criança; jovem. Monandengue u binga kiavulu, a-mu-bana dibinga: provérbio quimbundo que significa «à criança que muito pede dá-se-lhe um cagalhão».

Monangamba (A) — carregador, contratado, serviçal, indivíduo muito pobre ou mal vestido.

Mondrongo (C) — nome pejorativo dado ao português.

Monhé (M) — o asiático do Hindustão, maometano ou hindu.

Morabeza (C) — amorabilidade.

Moringa (= moringue) (A) — bilha para água.

Morna (C) — música típica. dolente, romântica.

Morrumbala (M) — morro.

Msaho (M) — canção chope acompanhada de marimba; o verso de composição musical próprio dos timbileiros chopes; encontro de timbileiros.

Mu muhatu mu ‘mbia! Mu tunda uazele, mu tunda uaxikelela, mu tunda uakusuka... (A) — a mulher é como a panela! Dela sai o que é branco, o que é negro, o que é vermelho!

Mu’xi ietu ia Luuanda inubita ima ikueta sonii... (A) — na nossa terra de Luanda passam coisas que envergonham.

Muadié (A) — senhor (gíria).

Muandim (S) — árvore de madeira muito dura, para barrotes e carvão.

Muari-ngana (A) — senhor; patrão; chefe.

Mubanga (A) — planta rasteira, género batateira, para alimento e enfermagem; canteiro, alfobre.

Mucama (A) — criada; concubina.

Muchém (M) — térmita.

Mucurro (M) — riacho que seca com o calor.

Mudlhiwa (M) — aplacação de espírito.

Muen’exi (A) — o senhor da terra.

Muene uabixila (A) — ele, acercando-se; aquele que se acerca.

Muenho (A) — vida; bebé.

Mufana (M) — rapaz, jovem.

Mufete (A) — prato tradicional de feijão, óleo de palma e peixe grelhado.

Muhípiti (M) — nome local da Ilha de Moçambique.

Muimbo (A) — cantiga; hino.

Mujimbeiro (A) — o que propaga boatos.

Mujimbo (A) — boato.

Mukanda (= mucanda) (A) — carta, bilhete.

Mukuarimi (A) — linguareiro, maldizente.

Mukwomwuana (M) — genro.

Mulala (M) — raiz para limpeza de dentes.

Mulamba ua-xa-ngola (A) — local, perto de Luanda, onde a rainha Jinga (Nzinga), em viagem de embaixada ao governador João Correia, mandou plantar a árvore que testemunhou a sua passagem.

Mulandi (M) — negro.

Mulemba (A) — designação da morácea (ficus psilopoga), uma das mais típicas árvores angolanas.

Mulende iá Késsua uádibalé (A) — a ponte do Késsua caiu.

Mulola (A) — zona cultivável e de criação de gado nas franjas do deserto (do Namibe, no sul).

Muloy (M) — feiticeiro.

Mulunda (A) — corcova, marreca.

Mulungo (Ge) — branco.

Mundele (A) — branco.

Munhuana (M) — grande bairro suburbano do Maputo (de inunho, sal).

Muringue (A) — bilha de barro para água.

Musseque (A) — bairro de lata periférico de Luanda, geralmente em terrenos arenosos (mu, onde; seke, areia).

Mussuá (S) — armadilha para apanhar camarões nos rios.

Mussulo (A) — peixe de água doce; local perto de Luanda (praia).

Mussunda (A) — nome comum em quimbundo; nome de um alfaiate, célebre militante nacionalista; o que nasceu de pés (figurado).

Musungo (M) — homem branco.

Mutamba (A) — tambarindeiro; lugar de Luanda.

Mutata (A) — arbusto de cujas folhas é possível extrair um narcótico eficaz.

Mutete (A) — espécie de mochila antigamente utilizada pelos carregadores bailundos, com quatro varas de madeira, ligadas por fibras de imbondeiro.

Mutopa (A) — cachimbo típico.

Mutovana (M) — amuleto.

Mutúri (A) — viúva.

Muxiluanda (ou axiluanda) (A) — pescador, natural da Ilha de Luanda.

Muxima (A) — coração.

Muximar (A) — lisonjear, falar ao coração.

Muxito (A) — mato; bosque.

Muxixi (A) — arbusto, planta.

Muxoxar (A) — ruído de desprezo feito com a boca.

Muzangala (A) — rapaz, adolescente.

Muzondo (A) — variedade de árvore encorpada, podendo atingir mais de 10 metros, sobretudo da zona dos Dembos, predominante em locais lacustres e pantanosos.

My Lai (Ge) — lugar de massacre de civis pelos norte-americanos na guerra do Vietname.


N

N’dala (A) — tóxico extraído de cabeça de serpente torrada e moída.

N’durre (M) — bebida alcoólica de caju.

N’sope (M) — dança graciosa de mulheres, com uma corda de saltar.

N’Zambi (A) — o Grande Deus, que criou o mundo, para seguir o seu próprio curso.

Ndomba (M) — santuário onde se evocam os espíritos dos ancestrais.

Ndongo (A) — templo, farmácia e consultório do quimbanda; dependência onde se guardam objectos relacionados com as dividandes.

Nembo (M) — visco silvestre, que serve para apanhar pássaros.

Nga (A) – senhora

Ngaieta (A) — gaita de beiços.

Ngala ngó ku kakela/ká...ká...ká...kakela, kakela... (A) — estou só a cacarejar/ca...ca...cacarejar.

Ngana (A) — senhora; senhor.

Ngana-iomuhetu (A) — senhora respeitável (também com uso irónico).

Ngejile kua ngana Bina/Ala kiá ku kuata/kua... kua... kuata, kuata... (A) — fui a casa da senhora Bina/ /Começam logo agarra.../agarra...agarra...

Ngexile kua ngana Zefa/Ngala ngó ku kakela/Ka... ka...ka...kakela, kakela (A) — fui a casa da senhora Zefa/Estou só a cacarejar.../ca.. .ca. . .cacarejar.

Ngola Kiluanji (A) — rei do Ndongo (séculos XVI-XVII), que chefiou revoltas contra os portugueses.

Ngoma (A e M) — tambor comprido, de mafumeira, com pele tensa de veado ou corça.

Ngombo (A) — deus da verdade.

Ngongo (A) — sofrimento. Nambuangongo, a norte de Luanda, é uma palavra formada por Nâmbua, deusa da caça, e Ngongo, sofrimento.

Ngueta (= gueta) (A) — branco (ordinário).

Nguzu (A) — força.

Nhanga (M) — feiticeiro (adivinho e curandeiro).

Nhangana (M) — folhas de feijão africano.

Nhanisse (M) — deveras, na verdade.

Nhimba (M) — gravidez.

Njimbu (A) — pequeno búzio que, colhido na Ilha de Luanda, nos séculos XVI e XVII (propriedade do Rei do Congo), era usado como moeda de troca.

Nkakana (M) — folhas de trepadeira alimentar.

Nkata (M) — querida/o.

Nonga (M) — cajado que serve também como arma.

Nozado (S) — velório.

Ntsilana (M) — chicote.

Nuno (A) – Anão.

Nyamussoro (M) — curandeiro espírita.

Nyanga (M) — curandeiro (médico).

Nyatsandsala (M) — abandonado (pode ser nome próprio).

Nyau (M) — máscara para dança ritual na região de Tete, usada em cerimónias nocturnas, acessíveis só aos homens.

Nzandala (A) — menina virgem.

Nzinga (A) — Nzinga Mbandi Ngola, rainha do Reino da Matamba, que lutou contra os portugueses durante cerca de 30 anos; o nome português era Ana de Sousa.


O

O ió kalunga ua mu bangele! (A) — esta foi a desgraça que aconteceu!

O Kam’tuta, sung’o pé! (A) — Ó Kam’tuta, puxa o pé!

Obó (S) — mato, mata, capoeira.

O’canhe (M) — fruto que, por fermentação, produz forte bebida alcoólica, do mesmo nome.

Ochinganji (A) — ritual de circuncisão e outras práticas, no sul de Angola.

ODP (A) — Organização de Defesa Popular (milícia no tempo colonial).

Onjiri (A) — antílope muito belo.

Ossami (S) — fruto de planta, para tempero do calúlú.

Ouri (C) —jogo com tabuleiro e sementes da árvore ouri.

Oxalá (C) — ou maior ainda; ou mais.

Oxi (A) — terra, chão.


P

Pacaça (A) — espécie de búfalo, mais pequeno que este.

Padogó (C) — candeia artesanal.

Palave ver Palanca

Palanca (Ge) — antílope grande e elegante.

Pancar (A) — comer (gíria).

Panguila (A) — lagoa situada entre Caxito e Kifangondo.

Panos (A) — vestimenta tradicional das mulheres.

Pardo (A) — mestiço, assim designado antigamente.

Passanoute (M) — espírito noturno maléfico que habita a floresta, vivendo no cerne as árvores. Do português: aquele que passa à noite.

Pau-gunú (S) — árvore que, crescendo, inclina-se até ao chão, onde lança novas raízes.

Pavo (S) — peça de andala de palmeira, para cobrir casas.

Pávu (S) — cobertura de folhas de palmeira.

Pemba-de-Ngola-Kiluanji-kia-samba (A) — cinza do ritual de umbanda.

Piadô zaua (S) — curandeiro que baseia o diagnóstico na análise da urina.

Piápia (A) — andorinha.

Pica (A) — colibri.

Pirão (A) — papas de mandioca.

Píri-píri (Ge) — espécie de malagueta, mais pequena e mais picante.

Pírula(s) (A) — pássaro azul claro, com penugem branca nas asas e cauda e bico comprido.

Plim-plau (A) — pássaro de cauda grande.

Poilão (C e G) – ver polon

Polana (M) — o mais antigo e importante bairro burguês da capital moçambicana.

Polanulantes (M) — neologismo a partir da aglutinação de Polana (bairro rico de Maputo) e de ululante, que significa riqueza gritante ou burguesismo acintoso.

Polon ou poilão (C e G) – Ceiba pentandra ou Eriodendron anfractuosum – espécie de árvore sempre verde e corpulenta, de aparência majestosa, própria das galerias florestais das margens dos rios e linhas de água.

Pombeiro (= pumbeiro) (A) — negociante de feira.

Pomode (C) — por mor de.

Pomporra (M) — petulância, vaidade, arrogância.

Pópilas! (A) — chiça!

Pouco-pouco (A) — aos poucos (modo quimbundo de formar repetitivos).

Pozolana (C) — espécie de cimento feito antigamente com materiais tirados da terra.

Puíta (A) — instrumento de percussão.

Puíta (S) — dança muito mexida.

Pula (A) — português (no tempo colonial; gíria).

Pumbeiro (A) — ver Pombeiro.

Pumbo (A) — feira.

Purgueira (C) — planta oleaginosa, de que se extrai óleo para a iluminação; serve também para acender o fogo.

Puto (Ge) — Portugal (no tempo colonial).


Q

Quebrada (C) — desmoronamento de terra ou pedreira.

Quede (A) — sapato, ténis.

Quibuca (A) — caravana que percorria a pé o interior.

Quicombo (A) — madeira aromática que se usava na construção de camas.

Quicuanga (A) — espécie de queijo de mandioca.

Quifufutila (A) — doce de farinha com jinguba, açúcar e milho torrado.

Quifumbe (A) — salteador de estrada.

Quilapanga (A) — traquinice; sonho; deslumbramento; bailado de origem são-tomense.

Quileba (A) — alto, colocado alto.

Quilumba (A) — rapariga nova.

Quimbanda (A) — feiticeiro.

Quimbo (A) — casa, palhota africana, sendo o modelo mais conhecido o redondo.

Quimbombo (A) — bebida fermentada de milho, mais forte que o quitoto.

Quimone (S) — espécie de blusa usada pelas mulheres.

Quinda (A) cesto; tabuleiro.

Quindumba (A) — cabeleira.

Quinhenta (M) — moeda de cinquenta centavos.

Quinjango (A) — nome angolano dado pelo povo ao general angolano Geraldo António Victor, celebrizado nas campanhas coloniais do séc. XIX para a fixação das fronteiras da sua terra. Ascendente do poeta Geraldo Bessa Victor. Uma canção em quimbundo, que lhe era dedicada, nas décadas de viragem do século, tornou-se conhecida. Cimitarra.

Quinjongo (A) — gafanhoto; tecido de má qualidade.

Quinté (S) — quintal.

Quiquerra (A) — mistura de farinha de mandioca, açúcar e jinguba.

Quispá (S) — barraca de andalas, banças, bambus e inhé na época festiva.

Quissama (A) — mulher de perto de Luanda.

Quissemo (A) — dito crítico ou jocoso; insulto.

Quissende (A) — recusa, negativa; coice.

Quissimusse (M) — Natal; prendas. O mesmo que Boas-Festas.

Quissonde (A) — formiga vermelha, de forte mordida.

Quissossó (S) — armadilha para camarões nos rios, mais pequena que o mussuá.

Quitaba (A) — pasta de jinguba.

Quitanda (G) — loja, venda, mercado, feira.

Quitande (A) — guisado de puré de feijão, com azeite de palma.

Quitandeira (G) — vendedeira.

Quitata (A) — prostituta.

Quito (A) — pote para transporte de líquidos.

Quitoto (A) — bebida.

Quituta (A) — espírito, génio que vive por toda a parte.

Quitute (A) — doce, guloseima.

Quituxi (A) — crime; pecado; no direito consuetudinário, o culpado pode ser escravizado, mas tem direito a dar um sobrinho ou sobrinha em seu lugar.

Quixibá (S) — recinto para dançar, arranjado com folhas de palmeira.

Quizumba (M) — hiena; designação pejorativa.


R

Rabo-de-junco (A) — pássaro de cauda comprida e penas acastanhadas.

Rebita (A) — dança tradicional inspirada nas danças europeias de salão, sobretudo na valsa. Em voga, em Luanda, na viragem do século.

Régulo (Ge) — chefe tradicional africano (soba).

Rosqueiro (A) — sodomita; masturbador (gíria).

Rua Araújo (M) — rua próxima do cais onde se concentravam os bares e cabarés frequentados por marinheiros e prostitutas.


S

S. Paulo (M) — Palácio de S. Paulo, na Ilha de Moçambique, residência oficial dos governadores quando a ilha foi capital.

(A) — abreviatura popular de senhora.

Sabe (C) — aprazível, gostoso, saboroso.

Safú (S) — fruto do safuzeiro, azul-escuro, azedo, para comer cozido ou assado.

Saguate (M) — imposto pago por comerciantes às autoridades africanas.

Salalé (A) — térmita, formiga branca.

Sandu (A) — santo; santo protector.

Sanga (A) — grande vasilha de barro para a água.

Sanji (A) — galinha.

Sanzala (A) — povoado; bairro tradicional.

Sapalalo (A) — casa em madeira de estilo colonial.

Sape-sape (A) — fruto e árvore da família das anonas.

Satanhoco (M) — injúria correspondente a sacana.

Savelha (A) — peixe.

Sekulu (A) — homem velho, respeitado.

Semba (A) — dança carnavalesca.

Sente (A) — olha!; escuta!; ouve!

Seripipi (A) — pássaro.

Seruma (M) — haxixe, marijuana, canábis.

Sharpeville (M) — lugar da África do Sul onde, em 20 de Março de 1960, ocorreu uma grande repressão, sangrenta, sobre trabalhadores negros das minas.

Shiguêvengo (M) — em ronga, o mesmo que passanoute.

Shipalapala (ver Xipalapala).

Sia-Vuma! (M) — resposta às invocatórias, correspondente a Amén!

Sipaio (Ge) — polícia auxiliar africano.

Soba (A) — chefe negro, autoridade.

Socopé (S) — dança muito agitada, ao som dos tambores.

Sóia (S) — história popular, contada e cantada nos nozados.

Sôô (= soó) (S) — espécie de guisado com tomate, mandioca, inhame ou matabala, peixe e azeite.

Sualalé (= salalé) (A) — térmita (formiga branca) responsável pelos pequenos morros que se encontram em Angola.

Suca (M) — interjeição hostil.

Sucrinha (C) — doce de açúcar ou mel, coco e limão.

Suingue (A) — suinguista.

Suinguista (A) — o dandy popular da época do swing.

Suí-suí (S) — pássaro.

Sukua! (A) — exclamação de espanto, admiração ou raiva.

Sukuama! (A) — exclamação de espanto, pejorativa.

Sungadibengo (= sungaribengo) (A) — nome depreciativo do mestiço de Luanda.

Sungar (A) — puxar.


T

Tabanca (C e G) — aldeamento tradicional.

Tacula (A) — árvore de madeira vermelha, usada na construção e em tinturaria.

Talácua (M) — formiga moçambicana muito voraz, do tipo da térmita ou da marabunta sul-americana.

Tamarindo (A) — fruto do tamarindeiro cuja polpa escura, quase negra, é ácida, adstringente, refrigerante e laxativa, usado em farmácia e na confecção de sorvetes, doces, refrescos e molhos picantes.

Tando (M) — planície de savana.

Tapada (G) — aldeamento tradicional (tabanca).

Tarafe (C) — arbusto dos terrenos incultos do litoral, existente em quase todas as ilhas.

Tarrafo (= tarrafe) (G) — tamargueira, de que se extrai o tanino de uso industrial; mangal.

Tata ietu uala ku diulu/Fukamenu !/Lengenu !/O ituxi! O ituxi! (A) — Pai Nosso que estais nos céus/Ajoelhem-se!/Fujam!/Oh! Os pecados.

Tatula (A) — erva com propriedades narcotizantes.

Tchaia (M) — bater, fazer soar.

Tchiloli (S) — representação teatral popular baseada no auto «A tragédia do Marquês de Mântua e do Príncipe Carloto Magno».

Timaca (M) — conflito.

Timbila (M) — instrumento do sul, semelhante ao xilofone ou marimba (de m’bila, madeira).

Tincarôsse (M) — castanha de caju (do português caroço, com prefixo ronga tin).

Tingo (A) — gratificação que o comerciante dava ao vendedor ou comprador nativo.

Tingolé ou tindzolé (M) — pequeno fruto vermelho, farináceo, saboroso.

Tingoma (M) — plural de n’goma, ritmo de tambores. Tambores.

Tintlholo (M) — ossículos, raízes, conchinhas e pedrinhas que o feiticeiro usa para dissertar sobre o passado e o futuro.

Tipóia (A) — palanque de rede.

Tlhatlhuvem (M) — o agitar os objectos sagrados na adivinhação.

Tluki Sum Dêçu (S) — pássaro de Deus.

Tombasana (M) — rapariga solteira.

Tonga (A) — plantação, normalmente de branco europeu, onde se cultivam os três produtos mais correntes no norte de Angola (café, banana e palmeira-dendém).

Tortolho (C) — arbusto silvestre cuja seiva pode cegar.

Tropida (C) — estrondo, tropel.

Tsalala (M) — bairro suburbano de Maputo, que sofreu ataques da RENAMO.

Tufo (M) — dança e coral das mulheres da Ilha de Moçambique.

Tuji (A) — merda.

Tuji ni masu (A) — merda e mijo.

Tuna (S) — festa.

Tunda! (A) — fora! Rua!

Tyikuwani (A) — vestimenta de peles.

Tyilanda (A) — colar de missangas.

U

Ual’o banda o calaçala (A) — ei-lo subindo a calçada.

Uançate (M) — mulher casadoira.

Uanga (A) — feitiço, superstição.

Uanôco (G) — deus(a) do lar.

Uatobar (A) — caçoar, achincalhar.

Uatunga-mubanga-uanga (A) — palavras de feiticeiro, no transe possessivo.

Uazekele kié – uazeka kiambote (A) — como dormiu – dormiu bem.

Ucué (S) — gigante.

Ululu (S) — placenta.

Umbanda (A) — medicina, ritual, magia, de quimbanda.

Umbila (M) — árvore; madeira muito resistente.

Untué (S) — fruto da untueira, de suco leitoso e viscoso, que as crianças apreciam.

Ússuá (S) — vinho de palma muito azedo.

Uxila (A) — unguento.


V

Vá plegá (S) — habitação pequena, feita com ramos de palmeira.

Viúva (A) — pássaro. Vuzar (A) — bater.


W

Wenela (M) — Native Labour Association. Empresa recrutadora de trabalhadores para as minas sul-africanas.

Wiriyamu (M) — lugar de massacre de civis. em Moçambique, pelas tropas coloniais.


X

Xarrôco (S) — peixe abundante nos rios são-tomenses.

Xaxualhar (A) — sussurrar do vento nas folhas.

Xibalo (M) — trabalhador braçal. Pejorativo, sinónimo de escravo (de ku-bala, escrever, porque o capataz anotava o nome do pretendente ao trabalho).

Xibubutela (M) — espécie de bolachas com açúcar.

Xibuto (M) — região do sul de Moçambique.

Xicadju (M) — sumo de caju.

Xicatauana (M) — blusa muito justa.

Xicombelo (M) — pedir, implorar.

Xicomo (M) — enxada.

Xicuembo (M) — deus, espírito sobrenatural. Quando um indivíduo está possesso.

Xiganda-bongolo (M) — cobertor barato com que se sela o burro.

Xigubo (M) — termo de origem onomatopaica que designa a dança de exaltação guerreira antes ou depois da batalha, no sul de Moçambique.

Xiguevengo (M) — bandido que actua de noite.

Xigugo (M) — casebre.

Xiguinha (M) — alimento de nkakana e mandioca.

Ximba (A) — nome depreciativo dado aos cipaios.

Ximbicar (A) — impelir um barco com uma vara tocando no fundo das águas.

Xingar (Ge) — insultar, ofender.

Xingombela (M) — dança em que intervêm homens e mulheres, geralmente nos casamentos (palavra originária de jingle bell).

Xingufo (ver Chingufo).

Xinguilar (A e Ge) — farfalhar das folhas; entrar em transe, ser atingido pelos espíritos.

Xipalapala (M) — trompa ou trombeta de chifre de antílope pala-pala, para convocar o povo.

Xipamanine (M) — bairro ou mercado pobre suburbano (diminutivo de M’phama, figueira).

Xipefo (M) — candeeiro doméstico muito rudimentar, feito de lata vazia, que provoca muita fumaça.

Xipendanas (M) — instrumento musical unicórdio tocado com uma vareta e modulado com a boca.

Xipene (M) espécie de gazela, pequeno antílope.

Xiphakatana (M) — palmatória.

Xipoco (= xipocué ou xipókwè) (M) — v. passanoute; alma de outro mundo, fantasma ou indivíduo feio; monstro. Provavelmente do inglês spooky.

Xirico (M) — passarinho amarelo e muito alegre. Uma espécie de rouxinol para os poetas moçambicanos.

Xitimela (M) — comboio, navio ou qualquer máquina a vapor (do inglês steam).

Xitotonguana (M) — passarinho saltitante.

Xitrique (M) — associação de trabalhadores para que, rodando, cada um receba parte ou todo o vencimento do grupo.

Xitucumulucumba (M) — ser espiritual com poder sobre-natural.

Xitututo (M) — motocicleta. Onomatopeia do seu trabalhar.

Xuculular (A) — demonstrar desprezo, revirando os olhos.

Xuxualhar (ou. xuaxalhar) (A) — onomaopeia para o farfalhar das folhas.


Z

Zambeze (M) — o grande rio moçambicano.

Zampungana (M) — homem que retira os recipientes de fezes humanas nos subúrbios, durante a noite.

Zavala (M) — região afamada pelos timbileiros chopes.

Zichacha (M) — Zilhalha, régulo rebelde dos tempos da ocupação militar e colonial portuguesa.

Zuna (A) — depressa.

Zunir (A) — atirar; andar com velocidade.


Glossário adaptado de: Pires Laranjeira, Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa (vol. 64), Lisboa, Universidade Aberta, 1995; Aldónio Gomes e Fernanda Cavacas, A Literatura na Guiné-Bissau, Lisboa, Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1997; José Craveirinha, Karingana ua karingana, Lisboa, Ed. 70, 1982; Luís Carlos Patraquim, Vinte e tal novas formulações e uma elegia carnívora, Linda-a-Velha, ALAC, 1991; Dr. João de Vasconcelos (Luanda): manuscrito; José Eduardo Agualusa, A feira dos assombrados, Lisboa, Vega, 1992; José Luandino Vieira, Luuanda, 9ª ed., Lisboa, Ed. 70, 1989; Fernando Couto, «O português de Moçambique», in Jornal de Letras, Artes & Ideias (31-10-1988), Lisboa, p. 12; Pepetela, O cão e os caluandas. Lisboa, Dom Quixote, 1985; Agostinho Neto, Sagrada esperança, 11ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 1987; Textos africanos de expressão portuguesa, Luanda, Ministério da Educação, s. d.; Geraldo Bessa Victor, Monandengue, Lisboa, Livraria Portugal, 1973; Albertino Bragança, Rosa do Riboque e outros contos, São Tomé, Cadernos Gravana Nova, 1985; Uanhenga Xitu, Manana, 2ª ed., Lisboa, Ed. 70, 1978; Mário de Andrade, Antologia temática de poesia africana, vol. 2, Lisboa, Sá da Costa, 1975; Manuel Lopes. Os flagelados do vento leste, 3ª ed., Lisboa, Vega. 1991; Teixeira de Sousa, Na Ribeira de Deus, Lisboa, Europa-América, 1992; Teixeira de Sousa, Xaguate, Lisboa, Europa-América. 1988; Euclides de Menezes, Toti Cadabra e outras estórias, Lisboa, Ália, 1984; Luciano Caetano da Rosa, «A literatura na Guiné-Bissau>, in Suplementos de Lusorana («Studien zur Lusographie in Afrika»), 3ª série, tomo V (1993), Frankfurt, TFM/Domus, pp. 59-267; http://pt.wikipedia.org ; Glossário de O Monhé das Cobras, Rui Knopfli, Lisboa, Editorial Caminho, 1997.


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