Aqui no Brasil, temos, por exemplo, o livro Elementos de Química, dos autores Aluisio Pimenta e Duilio de Paiva Lenza, que apresenta uma ilustração com os níveis de menor energia na parte superior, e a ordem de preenchimento dos subníveis dada por linhas diagonais semelhantes ao diagrama que conhecemos, com o título “Ordem de preenchimento dos subníveis”. Contudo, apesar de citarem o trabalho de 1939 de Pauling, trata-se de uma representação completamente diferente.
Muitos textos inclusive citam o livro de 1939 de Pauling, mas, atualmente, é muito difícil achar a edição original (aqui uso a edição de 1960). No livro Atomística, de 1970, dos autores Ricardo Feltre e Setsuo Yoshinaga, é apresentado o diagrama diagonal e o nomeiam como “Diagrama de Pauling” com o texto: “O cientista Linus Pauling idealizou um dispositivo prático que permite dar, imediatamente, a ordem energética dos subníveis e que é conhecido como Diagrama de Pauling” (Feltre e Yoshinaga, 1970, p. 160).
Então, daí em diante todo mundo abraçou esse nome e seguiu reproduzindo essa confusão. Se você digitar no google estará lá estampado em muitos sites de conteúdo escolar sobre o assunto. Mais recentemente, em livros de ensino médio de química, como a coleção da autora Martha Reis Marques da Fonseca de 2016, temos a retirada do nome de Pauling e a citação ao trabalho de Madelung!
Por mais que Silva et al. (2021) comente que Janet e Sommerfeld também deveriam ser creditados por estarem trabalhando no assunto antes de Madelung. Oúltimo foi mais cuidadoso em suas regras, que, mesmo empíricas, já tinham diversos conceitos da mecânica quântica inclusos, como o Princípio de Exclusão de Pauli.
Mas, o Princípio de Aufbau sempre funciona?
A resposta é NÃO!
Mas, como assim eu tive que decorar uma ordem de números, fazer as diagonais e isso não serve para todos átomos da tabela periódica? Pois é... É um modelo que pode ser usado para vários átomos, porém, como qualquer modelo, tem suas limitações! A questão é, essa regra de Madelung é válida como um processo de ordenamento para o preenchimento das camadas, como se fosse uma fila, e não a distribuição eletrônica com energia crescente. Parece que estamos falando da mesma coisa, mas não estamos! Vamos fazer um exemplo:
No cobre, de acordo com a regra de Madelung, o subnível 4s (n + l = 4 + 0 = 4) deveria ser ocupado antes do subnível 3d (n + l = 3 + 2 = 5).
Contudo, experimentalmente, temos a seguinte distribuição:
O mesmo ocorre com o cromo: