Introdução ao neoliberalismo na América Latina


A implementação do neoliberalismo na América Latina.

Autora: Maria Luiza Nunes

20 mai. 2022.

Foto: Representação dos efeitos da política neoliberal na América Latina, de artista desconhecido. Arte em parede de rua na Argentina. 


Embora o neoliberalismo na América Latina (AL) tenha ganhado destaque durante o final da década de 80 e início da década de 90, após o consenso de Washington (1989), suas primeiras aparições na região aconteceram junto à ditadura chilena, em 1973, com Augusto Pinochet (1973 – 1989), quando a forte negação de direitos civis foi usada para implementar e experimentar as políticas neoliberais, que depois seriam adotadas nos países desenvolvidos, em especial nos Estados Unidos no governo Reagan e na Inglaterra no governo de Margaret Thatcher.

   Com sua consolidação no Chile, o Consenso de Washington estabeleceu as bases para sua implementação em uma série de países latino-americanos. O conjunto de medidas propostos pelo Consenso tinham como justificativa combater a crise econômica global, através de privatizações, abertura ao mercado externo, reformas trabalhistas e redução do gasto público e do papel do Estado em importantes áreas, como saúde e educação. Esses processos não trouxeram resultados favoráveis, iniciando uma série de colapsos financeiros e sociais.

   Um caso emblemático que caracteriza esse período, é o quadro mexicano em 1994 – 1995, como resultado de processos neoliberais iniciados em 1982, durante o governo Miguel de la Madrid (1982 – 1988) e logo depois no governo Salinas de Gortari (1988 – 1994). Durante essa época o México fazia um grande esforço para implementar as políticas neoliberais no país: liberação do comércio, desregulamentação financeira e privatizações. O resultado foi o início de uma série de colapsos financeiros não previstos no país, que desmontou a estabilidade econômica do México, culminando na crise social a partir da hiperdesvalorização do peso mexicano. Essa implementar crise ficou conhecida como Efeito Tequila, pois desestabilizou a economia de vários países como Brasil, Rússia e Coreia do Sul.

Entre os países que passaram por esses processos, também temos a Argentina no período do governo Menem (1989 – 1999) e o Brasil, durante os mandatos presidenciais de Fernando Collor (1990 – 1992), Itamar Franco, (1992 – 1995) e Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2003), que em busca de controlar a inflação, privatizou e desindustrializou o país. 

Este período de hegemonia do neoliberalismo ficou marcado, não só pela disseminação dessa política econômica, como também por uma série de explosões sociais, as quais tomaram grandes proporções. Tinham como principal objetivo reverter as ações do neoliberalismo, como a extrema desigualdade, a crise nos preços, o desemprego e o empobrecimento da região. O Caracaço na Venezuela (1989), Corralito na Argentina (2001), Guerra da Água de Cochabamba (2000) e Guerra do gás (2003) na Bolívia, são alguns exemplos dessas explosões na AL, contra a crescente aprovação de propostas neoliberais no cenário latino-americano.