A Revolução Cubana: Uma Transformação Histórica e Política

Autora: Yasmim L. de Oliveira

14 jun.2023.

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A dominação de Cuba pelos EUA no início do século xx


A revolução cubana foi o movimento responsável por derrubar o governo ditatorial de Fulgêncio Batista, em 1959. Ao contrário do que muitos pensam, no início, o processo da revolução não se baseava em uma ideologia socialista, e sim sobre uma luta anti-imperialista.

 

Antes de sua independência, Cuba fazia parte da América Espanhola e somente em 1898 conseguiu se tornar independente, após a Guerra Hispano-americana, sendo a última colônia espanhola a se libertar.

 

Durante a guerra da independência de Cuba, os Estados Unidos prestaram ajuda com serviço militar, fornecendo armas, munições e suprimentos para os rebeldes cubanos que lutavam pela independência da Espanha. Tendo em vista que o desenvolvimento do conflito poderia ameaçar os investimentos e propriedades estadunidenses na região de Cuba, enviaram uma frota naval para o Caribe para proteger seus interesses comerciais na região e para pressionar a Espanha a conceder a independência a Cuba.

 

A intervenção dos Estados Unidos na guerra foi decisiva, e a Espanha acabou sendo derrotada. Como resultado, Cuba se tornou um protetorado dos EUA e, posteriormente, uma república independente com forte influência americana. Desde então, de maneira concisa, os estadunidenses governaram Cuba até 1902.

 

Em 1901, por meio de uma assembleia, foi implantada a primeira constituição cubana e foi aprovada a Emenda Platt. Em termos gerais, a emenda constitucional determinava que os Estados Unidos poderiam intervir em guerras, na economia e nas movimentações de Cuba quando ameaçadas.

 

Durante os 3 anos os governos e empresas norte-americanas mantinham-se com altos lucros obtidos pela exploração da sociedade cubana, e investiram no desenvolvimento da industrialização açucareira, tornando Cuba uma feitoria industrial e desnacionalizando a economia cubana.

 

Os antecedentes da revolução cubana


A primeira movimentação contra o governo cubano foi o golpe de Fulgêncio Batista dado ao presidente Carlos Prio Socarras, em 10 de março de 1952. Durante seu segundo mandato Batista governou de forma autoritária e repressiva, suprimindo a oposição política e a liberdade de imprensa. Ele suspendeu a Constituição de 1940 e governou por decreto, estabelecendo um regime ditatorial.

 

No governo de Batista foi o auge da corrupção generalizada e o tráfico de drogas em Cuba, o que levou a um aumento da criminalidade e da violência. A situação interna de Cuba era a de um país que vivia sob uma ditadura e cujo propósito era atender os interesses dos Estados Unidos no território cubano. Com a miséria no campo, a grande desigualdade, insatisfação social e problemas econômicos. Esses foram os fatores que contribuíram para a Revolução Cubana liderada por Fidel Castro em 1959.

A classe média cubana se encontrava dividida, de um lado, apoiadores da elite e do outro, intelectuais que defendiam os operários.

Assim deu início a revolução cubana. Uma luta contra o governo ditador e as intervenções americanas.

 

A revolução cubana


Fidel liderou um grupo de guerrilheiros que lutou contra o governo de Batista. Seu primeiro ato foi em 1953, quando foi organizado o ataque ao Quartel de Moncada, na cidade de Santiago, no dia 26 de julho. O objetivo do ataque era realizar a tomada das armas, porém o ataque foi um fracasso e Fidel e seu irmão, Raúl Castro, foram presos. Os dois foram condenados a 15 anos de prisão, entretanto, Fidel organizou sua própria defesa, na qual pronunciou a célebre frase: “Me condenem, não importa. A história me absolverá”, 2 anos depois, em 1955, havia uma pressão pública sobre Fulgêncio Batista, o que o fez conceder o perdão e os irmãos Castro foram anistiados. 

 

Após ser liberto, Fidel Castro se exilou no México para o planejamento de um novo movimento a fim de derrubar o governo. No México, o revolucionário organizou um grupo de 81 homens e entre eles estavam Raúl Castro, Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos, que retornaram à ilha de Cuba em 1956 e em dezembro do mesmo ano sofreram um ataque do exército cubano e foram derrotados.

 

Após a derrota, os sobreviventes fugiram e se esconderam na região de Sierra Maestra e, a partir de lá, organizaram e passaram a atuar em táticas de guerrilhas, realizando pequenos ataques às tropas do exército cubano que, pouco a pouco, foram desmoralizando o governo de Fulgêncio Batista e ganhando cada vez mais simpatizantes.

 

A queda de Fulgêncio Batista foi repentina, em 1959, pois as primeiras grandes conquistas dos guerrilheiros cubanos só aconteceram no final de 1958. Apesar de lutar há três anos contra os guerrilheiros, a queda pode ser explicada como reflexo da falta de apoio real ao seu governo e Fulgêncio ficou à própria sorte.


A vitória dos revolucionários cubanos é datada em 1º de janeiro de 1959, quando os guerrilheiros liderados por Fidel Castro adentraram Havana e Fulgêncio Batista fugiu de Cuba para a República Dominicana. Fidel Castro, só chegou em Cuba no dia 8 de janeiro.

Cuba após a revolução


As primeiras medidas do novo governo foram acabar com a dependência econômica dos Estados Unidos por meio da Reforma Agrária, responsável por colocar fim aos grandes latifúndios que operavam no país, a disposição estabeleceu que os documentos de propriedade das terras fossem entregues aos camponeses, retirando os territórios do mando das grandes empresas que atuavam na região. Essa ação foi assinada por Fidel Castro, então primeiro-ministro de Cuba.

Os norte-americanos tentaram derrotar o governo de Fidel, mas sem sucesso. Em 1961, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Cuba e impuseram um bloqueio econômico à ilha. O embargo que os EUA impuseram em Cuba dura até hoje, teve um impacto significativo na economia cubana, limitando o comércio e o acesso a recursos e tecnologia.

Em abril do mesmo ano, um ataque contrarrevolucionário que contava com apoio da CIA foi realizado contra o governo de Fidel na Invasão da Baía dos Porcos, que resultou na Batalha de Playa Girón. As tropas de Fidel Castro conseguiram neutralizar o ataque e Fidel Castro alinhou Cuba à União Soviética, declarando Cuba como uma nação socialista. O contexto histórico desse período era a Guerra Fria e os Estados Unidos e a União Soviética eram as superpotências com dualidades políticas.

Com efeito, a revolução cubana foi autóctone, teve um caráter nacional e democrático, e a implantação de um regime segundo o modelo dos países do Leste Europeu resultou de uma contingência histórica, não de uma política empreendida pela União Soviética, mas sim, empreendida pelos Estados Unidos que, sem respeitar os princípios da soberania nacional e autodeterminação dos povos, não aceitaram os atos da revolução, como a reforma agrária, e transformaram contradições de interesses nacionais em um problema do conflito Leste-Oeste”- Fidel Castro, sobre a união entre Cuba e a URSS, em 1961. 

Com a aliança entre Cuba e URSS, os soviéticos viram a oportunidade para uma instalação de bases de mísseis nucleares que ficariam apontados para as cidades estadunidenses. Por tudo que Cuba já havia passado com os EUA, o novo governo cubano optou por ceder o espaço em suas terras, como forma de se impor geopoliticamente no continente americano. Essa ação foi chamada de Crise dos Mísseis, um dos períodos mais tensos da Guerra Fria. Esse era um contra-ataque da URSS aos Estados Unidos, que haviam inserido mísseis balísticos na Turquia apontados para a União Soviética.

A URSS, então, estabeleceu uma condição para a retirada dos mísseis da região cubana, de que os mísseis seriam retirados quando os estadunidenses, além do compromisso de não atacar Cuba, deveriam também retirar “material semelhante” da Turquia. O acordo foi selado e a URSS se comprometeu a desativar e retirar seus mísseis da ilha caribenha.

Na liderança de Fidel Castro, o novo governo cubano nacionalizou empresas estrangeiras e estabeleceu um sistema de saúde e educação gratuito e universal. Também promoveu a igualdade social e econômica, eliminando a propriedade privada e estabelecendo um sistema de planejamento centralizado.

A Revolução Cubana teve um impacto significativo na história da América Latina e do mundo, inspirando outros movimentos revolucionários que fizeram história e até os dias atuais passam por tensões geopolíticas.