O que há por trás do sobrenome Fujimori?


Autora: Eliene Ferreira

28 jun. 2021

Foto: manifestação contra Fujimori, em 2018, acusado de ter esterilizado compulsoriamente 350 mil mulheres durante seu governo. 

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Durante a década de 1990 os países latino-americanos passaram por diversas mudanças políticas e sociais. Após a maioria das nações pertencentes à região vivenciarem longos períodos de regimes ditatoriais, foi majoritariamente nessa época que a democracia voltou ao destaque do cenário político. Em termos econômicos, no ano de 1989,  o “Consenso de Washington”, foi realizado na capital dos Estados Unidos, com o objetivo de impor a agenda neoliberal aos países da região, sob o comando do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Foi em meio a esse contexto que Alberto Fujimori se tornou presidente do Peru em 1990. Sua eleição se deu contra o intelectual direitista Mario Vargas Llosa e contra a Aliança Popular Revolucionária Americana, uma frente formada por grupos socialistas. Cabe destacar que um governo de direita no Peru naquele momento tinha como objetivo implementar o neoliberalismo no país, mas também controlar o movimento guerrilheiro maoísta Sendero Luminoso.

Em 1992, com auxílio das forças armadas o presidente peruano deu um autogolpe, ou seja, dissipou o congresso, pôs fim ao poder judiciário, ministério público, conselho de magistratura, ao tribunal constitucional, e perseguiu seus opositores.  Sua política econômica era drástica e ficou conhecida como “Fujishock. Seu governo foi baseado, sobretudo, em privatizações, abertura do mercado peruano à empresas transnacionais, flexibilização de regras para a iniciativa privada, assim como para as leis que regularizavam as relações trabalhistas.  

Marcado por uma série de escândalos de corrupção, Fujimori renunciou em novembro de 2000. Em 2009, quando tinha 70 anos, foi condenado a 25 anos de prisão em razão de seu envolvimento na morte de 25 pessoas e em sequestros que ocorreram no período em que esteve no poder.

Apesar das polêmicas, o sobrenome Fujimori, assim como seus ideais, não foi desvinculado da política nacional do Peru, pois os dois filhos de Alberto entraram para o meio político. Kenji e Keiko Fujimori são deputados e ela, candidata mais de uma vez a presidência da republica, considerada a principal força da extrema direita peruana e uma das responsáveis pela instabilidade política que assolou o país na última década.