Eleições no Equador: Crise, violência e instabilidade. 

23 de setembro de 2023

As eleições do equador foram antecipadas em quase dois anos, após o presidente Guillermo Lasso dissolver a Assembleia Nacional conhecido como "morte cruzada", mecanismo previsto na Constituição do país que permite ao chefe de Estado dissolver o poder legislativo e considerar que ela está prejudicando a sua capacidade de governar.

 

Ao fazer isso, precisa também convocar novas eleições legislativas e presidenciais, nas quais arrisca perder o poder. Daí vem o termo "morte cruzada", já que tanto o presidente quanto a Assembleia Nacional perderam seus poderes.

 

Essa medida foi implementada pelo governo do ex-presidente Rafael Correia, que está exilado na Bélgica, por ser perseguido pela justiça com apoio americano.

 

O atual presidente optou pelo mecanismo de “morte cruzada”, durante um processo de impeachment. Sendo esse seu segundo processo de impeachment desde 2021, quando foi eleito ao cargo, atribuído a um caso de peculato, crime que consiste na subtração ou desvio de dinheiro público em benefício próprio ou de terceiros.

 

Guillermo Lasso foi acusado de ter cometido desvio de dinheiro na gestão da estatal de navegação Flota Petrolera Ecuatoriana (Flopec). Segundo as denúncias, o presidente manteve em vigor um contrato assinado antes de sua posse para o transporte de petróleo bruto com o grupo internacional Amazonas Tanker, que deixou prejuízos de mais de US$ 6 milhões (R$ 29,6 milhões). O presidente não foi condenado pelo crime do qual é acusado.

 

A medida de dissolução da Assembleia Nacional permitiu que o presidente governasse por seis meses até a convocação de um novo pleito.

 

Assim se desencadeou a nova crise política e a violência tomou o país. A eleição tem sido marcada pela violência contra os políticos que estão concorrendo à presidência, como uma tentativa de desestabilizar as eleições e talvez impedir a vitória de candidatos esquerdistas, favoritos no pleito.

 

Já foram duas pessoas envolvidas nas eleições assassinadas. Pedro Briones, dirigente do partido Revolução Cidadã ligado a Rafael Correa, foi assassinado, no dia 14 de agosto. Também foi morto o candidato Fernando Villavicencio.

 

 

Fernando Villavicencio, candidato à presidência, foi assassinado com três tiros na cabeça apenas 11 dias antes das eleições. O candidato, conhecido por suas posições contrárias ao “Correísmo”, ocupava a quinta posição nas pesquisas de intenção de voto.

 

Nos dias que antecederam o assassinato, Villavicencio relatou ter recebido diversas ameaças por telefone, porém não deu a devida atenção e continuou a conduzir sua campanha após registrar uma queixa junto à Procuradoria Geral da República. O trágico evento ocorreu quando Villavicencio estava dentro de seu carro, deixando um comício político na cidade de Quito. A morte de Villavicencio teve um impacto profundo na dinâmica política do país, alterando significativamente o cenário.

 

As eleições ocorreram em 20 de agosto e vão para o segundo turno, com a candidata do partido de Rafael Correa, Luisa González  e Daniel Noboa, empresario da direita.  Christian Zurita, substituto do candidato assassinado Fernando Villavicencio, obteve 16,5%. Cabe destacar que o atual presidente, Guilherme Lasso não se candidatou.

 

O Equador enfrenta uma crise política desde a saída de Correa em 2017, quando Lenin Moreno é eleito, e apesar de manter o mesmo partido de esquerda no poder, Alianza País, enfrentou uma reestruturação dramática. O então presidente assumiu uma posição independente, aliando-se a forças políticas de direita. Ampliou sua aproximação com os EUA e implementou uma série de reformas neoliberais, rompendo com os avanços sociais que marcaram o governo Rafael Correa (2007 – 2017), o que levou inclusive a grandes manifestações populares no país. Guilhermo Lasso, por sua vez, um banqueiro de direita, aprofundou politicas neoliberais, o que gerou grande instabilidade social no país.

 

Rafael Correa ainda está impedido de voltar ao país, numa perseguição judicial que conhecemos na América Latina. Entretanto, ainda é a principal força política popular.  O segundo turno ocorrerá no dia 15 de outubro de 2023.

Para conhecer mais sobre a política no  Equador: