APRESENTAÇÃO

O Brasil foi o último país da América Latina a abolir a escravidão, em 1888, e é um país marcado pela opressão da sua população negra. Além disso, possui uma sociedade organizada sob os pilares patriarcal e sexista, tendo uma forma de racismo estrutural e machismo estruturante que segrega e dificulta que cidadãs desse grupo consigam alcançar desenvolvimento social. 

 Cabe destacar que o acesso à educação formal foi negado oficialmente à população negra até meados do século XX, sendo as mulheres negras as que mais tempo demoraram para alcançar a instrução. Como resultado, hoje temos percentuais pouco animadores sobre a formação de mulheres que trazem a negritude como marca identitária. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, das mulheres negras na faixa etária entre 25 a 44 anos apenas 10,4% delas concluem o ensino superior e, o percentual de professoras doutoras negras atuando em programas de pós-graduação é menor que 3%.

 Em termos mundiais, a subjugação racial sofrida por mulheres negras é uma realidade que afeta a percepção comunitária sobre sua intelectualidade, desenhando um imaginário negativo às potencialidades científicas que possuem. Isso gera a invisibilidade de personagens que conseguiram romper com a opressão social para traçarem uma trajetória ascendente de desenvolvimento acadêmico, até alcançarem emancipação científico-profissional. 

 Diante disso, apresentamos a exposição “Mulheres & Ciência” na tentativa de romper com o ciclo de desconhecimento sobre mulheres que ultrapassaram a linha social imposta pela colonização escravagista. Imbuídas de muita força e resistência, superaram o racismo e o machismo que afetam as estruturas acadêmicas para se tornarem referência nas ciências exatas, humanas e biológicas, produzindo conhecimentos significativos no campo científico.

Nesta pequena exposição, apresentaremos mulheres negras cientistas que insurgiram contra o sistema hegemônico no Brasil, contribuindo para mudança no paradigma científico que exclui mulheres, especialmente as mulheres negras. Destacaremos quatorze mulheres com destaque nas diferentes áreas das ciências, colaborando com saberes científicos fundamentais para o desenvolvimento das sociedades.

Anna Canavarro

Doutora e Mestre em Ciências e Licenciada em Química (UFRJ/ 2005). Professora Associada e Coordenadora do PIBID QUÍMICA da Universidade Federal de Goiás. Coordenadora do Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão- LPEQI da UFG (2006) onde instituiu em 2009 o Coletivo CIATA- Grupo de Estudos sobre a Descolonização do Currículo de Ciências, cujas ações desenvolvidas renderam em 2013 - Diploma de Reconhecimento por ação cotidiana na luta pela defesa, promoção e proteção dos direitos humanos em Goiás; em 2014 - Honra ao Mérito pela Assessoria Especial para Direitos Humanos e Cidadania; 2016- Prêmio Mulher Combativa pela Câmara Municipal de Goiás. Representante do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Estado de Goiás. Ativista do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado. Membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial - CNPIR. (2016/2018),Coordenadora da Rede Goiana Interdisciplinar de Pesquisas em Educação Inclusiva- RPEI. Membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Ensino de Ciências e Presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as Gestão 2016-2018. Secretária Executiva da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros/as Gestão 2108-2020. Assessora da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás. Atua na área de Ensino de Química com foco nos seguintes temas: cultura e história africana no ensino de ciências, ensino de ciências de matriz africana e da diáspora, cibercultura na educação inclusiva e políticas de ações afirmativas.


Anna Maria Canavarro Benite é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fonte: Instituto de Estudos Avançados da universidade de São Paulo.

Bárbara Pinheiro

Bárbara Carine Soares Pinheiro, natural de Salvador, nascida em 1987, se entende como: “pesquisadora crítico-decolonial, feminista, antirracista, nordestina, pagodeira, bissexual, mulher cis negra, mãe, mas, também, não se define: abre-se num movimento constante de construir-se ou, talvez, de ser construída”. Nesse processo de construção de si, Bárbara relembra uma infância livre, com experiências e memórias sobre o bairro em que cresceu. Graduada em Química- Licenciatura, pela Universidade Federal da Bahia, posteriormente tornou-se Mestra e Doutora pelo programa de pós-graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da UFBA. Autora de livros como "História Preta Das Coisas: 50 Invenções Científico-tecnológicas De Pessoas Negras", "@Descolonizando _ Saberes: Mulheres Negras na Ciência". Atualmente, Bárbara Carine é professora Adjunta II na Universidade Federal da Bahia. Tem mestrado e doutorado em Ensino de Química pelo programa de pós-graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da UFBA/UEFS. Hoje é membro do corpo permanente de docentes do Programa de pós-graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da UFBA/UEFS. Atua como coordenadora do Grupo de Pesquisa em Diversidade e Criticidade nas Ciências Naturais (DICCINA), desenvolvendo pesquisas nas linhas de pesquisa: Formação de professoras e professores na perspectiva crítico-decolonial; Diversidade no Ensino de Ciências. Vice-diretora do Instituto de Química da UFBA. Consultora Pedagógica na Escola Afro-Brasileira Maria Felipa.

Bárbara Carine Soares Pinheiro é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fonte: Plataforma Lattes

 Beatriz Nascimento

Maria Beatriz do Nascimento foi uma historiadora, poetisa, intelectual, ativista, pesquisadora e professora brasileira que dedicou sua vida a estudar questões relacionadas ao racismo e aos quilombos. Também escreveu sobre a situação de discriminação de raça e de sexo sofrida por mulheres negras no Brasil, relacionando o fato às heranças escravagistas e ao racismo. Nascida na cidade de Aracaju/SE, em 1942, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro com sua família ainda na infância, e nesta cidade desenvolveu sua trajetória. Formada em História pela UFRJ, durante o curso estagiou no Arquivo Nacional, instituição que hoje guarda, em sua biblioteca nomeada “Beatriz Nascimento”, os escritos de Beatriz doados por sua filha, Bethânia Nascimento. Beatriz Nascimento foi professora de História na rede estadual de ensino do Rio de Janeiro e, na continuidade dos estudos, durante a pós-graduação em História realizada na UFF, participou da criação do Grupo de Trabalho André Rebouças, com intuito de expandir o debate racial na academia e para a sociedade.

 Beatriz Nascimento é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fontes: Arquivo Nacional/ Notícia Preta/ Portal Geledés

Danieli Balbi

 Danieli Christovão Balbi é a primeira mulher negra transexual doutora formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Conhecida pela maioria das pessoas como Dani Balbi, dedica-se à atuação política pelos direitos das pessoas negras, mulheres e LGBTQIA+. Sua mãe, técnica de enfermagem no Hospital universitário da UFRJ, criou a ela e seu irmão sozinha. Dani foi aluna da escola pública e sendo professora da Rede Estadual de Ensino e assessora parlamentar, também tem contribuído na formulação de políticas educacionais que impulsionam uma escola democrática que combata o racismo, machismo e homofobia no cotidiano escolar. Possui graduação em Letras: português/ literaturas de Língua portuguesa - Bacharelado e Licenciatura - pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (2010). A Dani é doutora (2019) e mestra (2014) pelo Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ -, na área de concentração Literatura Comparada. Danieli apresenta, também, formação técnica em roteiro conferida pela Academia Internacional de Cinema e Televisão - AICTV (2019). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em literaturas, drama e roteiro e ensino de redação e argumentação. É Professora da Escola de Comunicação Social da UFRJ desde agosto de 2019, docente de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro desde 2016 e Assessora Parlamentar da Comissão de promoção de Direitos das Mulheres da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) desde 2018. 

Danieli Christovão Balbi é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fonte: Notícia Peta/ Plataforma Lattes

Enedina Marques

Pioneira no campo das ciências no Brasil, Enedina Alves Marques se destacou como a primeira engenheira negra do país. Filha de Paulo Marques e Virgília Alves Marques, Enedina nasceu na cidade de Curitiba, no Paraná, em 1913, no seio de uma família pobre que viveu no bairro Ahú ou no Portão. Sua mãe era conhecida como Dona Duca e ganhava a vida como lavadeira. A partir de 1920, Dona Duca começou a trabalhar para a família do delegado e major Domingos Nascimento Sobrinho, que custeou os estudos de Enedina em colégios particulares, fazendo companhia para sua filha, Isabel. Entre 1932 e 1935, ela se formou no curso Normal e junto com Isabel, Enedina vai para o interior do Estado do Paraná para trabalhar como professora, passando por cidades como Rio Negro, São Mateus do Sul e Cerro Azul. Foi em 1940 que Enedina ingressou na Faculdade de Engenharia, ocupando um espaço importante numa turma formada somente por homens brancos. Aqueles foram anos difíceis, cheios de desafios e embates contra todo tipo de preconceito e perseguições, porém a inteligência e a determinação de Enedina Marques a destacaram dos demais, garantindo sua formação em Engenharia Civil em 1945 pela Universidade Federal do Paraná. Depois de formada passou a trabalhar como auxiliar de engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas. E sua transferência para o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica do Paraná foi um dos pontos altos de sua carreira. Ela teve um papel fundamental no desenvolvimento do Plano Hidrelétrico do Paraná, com destaque para o projeto da Usina Capivari-Cachoeira. No decorrer de sua carreira, viajou pelo mundo para conhecer outras culturas e se aposentou no início dos anos 60, sendo reconhecida como uma potência no campo da engenharia, o que lhe garantiu renda equiparada ao salário de um juiz à época. Ela faleceu em 1981, aos 68 anos, e seu nome figura entre as 53 mulheres pioneiras do Brasil homenageadas no Memorial à Mulher. 

Enedina Alves Marques é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fontes: Brasil de Fato/ Buiild In/UNIFEI


Jaqueline Góes

Jaqueline Góes de Jesus, natural do estado da Bahia, nascida no ano de 1990, decidiu seguir a carreira de biomédica na sua adolescência. Jovem, mulher, negra e baiana, Jaqueline graduou-se em Biomedicina, na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública; é Mestre em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa, pelo Instituto de Pesquisas Gonçalo Moniz - Fundação Oswaldo Cruz; e é Doutora em Patologia Humana e Experimental, pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é professora adjunta da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, além de pós-doutoranda no programa do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo. Suas primeiras experiências em pesquisa envolviam estudos sobre o vírus HIV. Posteriormente, integrou o Projecto Zibra, responsável pelo sequenciamento do vírus de Zika; tendo como amostragem o todo o território do nordeste do Brasil. Nesse momento, tem dedicado suas investigações à pesquisa sobre a dengue. Jaqueline destacou-se em 2020, por ser uma das cientistas mulheres responsáveis pela sequenciação do primeiro genoma do vírus SARD-Cov-2, em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no nosso país. Por essa contribuição, Jaqueline destaca-se como cientista brasileira de grande potência no cenário acadêmico e científico. 

Jaqueline Góes é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fonte: Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde

Jurema Werneck

Jurema Pinto Werneck, filha de um alfaiate e uma costureira, nasceu na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Criada entre o Morro dos Cabritos, em Copacabana, e a Ilha do Governador, Jurema foi a única aluna negra de sua turma no curso de medicina na Universidade Federal Fluminense. Desde cedo foi ativa em movimentos estudantis, e continuou sua militância no movimento negro, movimento de saúde, movimento de mulheres negras. Feminista, doutora, autora e médica, Jurema é Mestra em Engenharia de Produção pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia/COPPE/UFRJ e, Doutora em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  No ano de 1992 foi uma das fundadoras de uma Organização não Governamental de promoção dos direitos das mulheres negras, a ONG Criola. Atualmente, Jurema é Diretora Executiva da Anistia Internacional Brasileira, integrante do Board of Directors do Global Fund of Women, o Conselho de Administração do Fundo Brasil de Direitos Humanos.  Autora do texto “Nossos passos vêm de longe! Movimentos de mulheres negras e estratégias políticas contra o sexismo e o racismo”, organizou a obra “O Livro da Saúde das Mulheres Negras – Nossos passos vem de longe”, em parceria com mulheres afro-americanas, no qual apresenta seu texto “O desafio das Ialodês – Mulheres Negras e a epidemia de HIV/AIDS” onde desenvolve reflexões sobre a vulnerabilidade das mulheres negras pelo mundo.

Jurema Werneck é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade

Fonte: Nós Mulheres da Periferia

Karla Paranhos

Karla Paranhos é professora de Ciências da SME-RJ, com graduação em Ciências Biológicas pela UNESP e mestrado em Ecologia e Conservação pela UFPR. Ela gosta de se apresentar afirmando-se “Mulher, bióloga, professora, ambientalista e Mãe do Taiô”. Apesar de ter nascido em São Paulo, já viveu em muitas cidades e florestas diferentes. Dedicou boa parte de sua vida profissional à conservação de espécies ameaçadas, mais especificamente à conservação do mico-leão-preto. E tanto na trajetória acadêmica quanto na vida profissional, as atividades de pesquisa científica e a educação sempre se fizeram presentes. Karla desenvolveu e coordenou diversos projetos de educação ambiental destinados às crianças, mulheres, produtores rurais, profissionais de saúde, educadores e empresas. Suas práticas cotidianas lhe mostraram que apenas por meio da educação é possível alcançar desenvolvimento, proteção e bem estar a todas as criaturas. E no decorrer deste percurso, a professora-cientista se deparou com o debate sobre Educação das Relações Étnico-raciais. Em 2012, em São Paulo, retornou à educação formal e percebeu que muitos conflitos raciais de sua época de estudante ainda estavam presentes na escola. Por isso decidiu se aprofundar nos estudos sobre Educação antirracista , estabelecendo interfaces com o próprio ensino de Ciências a partir dessa temática. Em 2016, atendendo aos "chamados do coração", mudou-se para o Rio de Janeiro, tornando-se professora da Rede Municipal de Educação. Os guetos culturais cariocas a aproximaram de suas africanidades e hoje, como integrante do Coletivo Docente Antirracista AGBALÁ, Karla entende que uma de suas “missões” é decolonizar o ensino de Ciências.

Karla Paranhos é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fonte: Coletivo Agbalá 

 Katemari Rosa

Katemari é graduada em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestra em Ensino, Filosofia e História das Ciências pela Universidade Federal da Bahia, mestra em Science Education pelo Teachers College e doutora em Science Education pela Columbia University. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal da Bahia, onde coordena de área do PIBID Física. Tem experiência em pesquisa em ensino de física e formação de professoras e professores de física. Katemari parte de referenciais teóricos feministas, pós críticos e decoloniais. Seus interesses envolvem a pesquisa e a prática em ensino de física, formação de educadoras e educadores, física nas séries iniciais e discussões que envolvem as interseccionalidades de gênero, sexualidades, raça, etnia e status socioeconômico na construção e no ensino das ciências. A pesquisadora é integrante da Sociedade Brasileira de Física, onde atua como membro do Grupo de Trabalho de Minorias na Física e representante da região Nordeste na Comissão de Ensino de Física. Também é sócia da American Physical Society, atuando como membro do Comitê Executivo do Forum on the History of Physics (2018-2021). Katemari faz parte da American Association of Physics Teachers, na qual integra o Committee for International Physics Education (2018-2021). Além disso, a pesquisadora é membro da National Organization of Gay and Lesbian Scientists and Technical Professionals (NOGLSTP) e da Associação Brasileira de Pesquisadoras/es Negras/os (ABPN).

Katemari Rosa é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fonte: Plataforma Lattes 

Luiza Bairros

Luíza Helena Bairros era gaúcha, nascida em um bairro negro de Porto Alegre/RS, no ano de 1953. Filha de um militar com uma dona de casa, foi criada numa cidade segregada, com espaços sociais destinados a brancos, e outros, como forma de resistência, a negros. Após concluir a educação básica em escolas públicas, ingressou em uma das primeiras turmas do curso de Administração Pública e de Empresas, na UFRGS. Na década de 70, Luíza mudou-se para Salvador/BA em busca de um referencial positivo que a ensinou a viver entre pessoas negras. Nesta cidade militou ativamente pelas questões raciais, integrando, até o ano de 1994, o Movimento Negro Unificado (MNU). Tornou-se Mestre em Ciências Sociais (UFBA) e, na mesma área concluiu doutorado na Universidade de Michigan, nos EUA. Durante a Conferência de Durban, África do Sul, em 2001, Bairros representou o Brasil debatendo medidas contra o racismo, discriminação racial, xenofobia e outras intolerâncias. Entre os anos de 2001 e 2005 Luiza Bairros atuou na ONU criando políticas de combate ao racismo, e influenciou a criação do GT sobre gênero, raça e etnia na organização. De volta à Bahia, em 2008 atuou na Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do estado, e participou da implementação do Programa de Combate ao Racismo Institucional para os estados da Bahia e Pernambuco. Após convite da então presidenta Dilma Rousseff, em 2010 tornou-se Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, extinta SEPPIR. Atuando no governo federal, criou o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Ativista respeitada por sua liderança no Movimento Negro Unificado, recebeu diversas homenagens como a medalha Zumbi dos Palmares, pela Câmara Municipal de Salvador; o título de Cidadã Baiana, da Assembleia Legislativa da Bahia; do Senado Federal, o certificado Bertha Luz, pelo destaque na luta pelo direito das mulheres. Faleceu, em 2016, deixando como legado mais de 40 anos dedicados à militância antirracista.

Luiza Bairros é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fonte: Alma Preta

Mae Jemison

Mae Carol Jemison, nascida nos Estados Unidos, na cidade de Alabama, em outubro de 1956, é médica, engenheira e ex-astronauta. Mae, desde a infância, tinha interesse pelos estudos de ciência e do espaço. Era fã do programa de televisão Jornada nas Estrelas (Star Trek) inspirando-se na atriz negra Nichelle Nichols, que interpretava o papel de Tenente Uhura. Segundo relatos de Mae, ainda no jardim de infância, quando lhe questionavam o que ela gostaria de ser, ela respondia que queria ser astronauta. Porém, se frustrava por ver que não havia representatividade de mulheres astronautas à época. Em 1977, formou-se em Engenharia química e estudos africanos, na Universidade de Stanford. Durante a graduação, Mae também se destacou como líder do coletivo Black Students Union, o coletivo negro da universidade. Cursou medicina e atuou com clínica médica, como voluntária em missões de assistência a refugiados em diversos países no mundo, contribuindo ainda para pesquisas e desenvolvimento de vacinas. Em 1987, Mae entra para a história como a primeira mulher afro-americana a ser admitida na NASA, em seu programa de treinamento de astronautas. Assim, em 1992, viaja para o espaço, tornando-se mais uma vez pioneira: a primeira mulher afro-americana a viajar para o espaço. Após esse feito, Mae direcionou sua carreira, tornando-se professora no programa de estudos ambientais da Universidade de Dartmouth. Suas pesquisas foram de extrema relevância para os avanços tecnológicos dos países em desenvolvimento em relação à promoção de saúde.

Mae Carol Jemison é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fonte: NASA


Neusa Santos Souza

Nascida na Bahia e radicada no Rio de Janeiro, Neusa Santos Souza, baiana, nasceu na cidade de Cachoeira – BA, em 1948. Formou-se em medicina pela Universidade Federal da Bahia, adquiriu o título de Mestre em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e especializou-se em Psicanálise lacaniana. Contribuiu ativamente para a luta contra a discriminação racial, desenvolvendo estudos sobre o sofrimento psíquico dos negros na sociedade brasileira. Sua dissertação de mestrado foi transformada no livro: "Tornar-se negro ou as Vicissitudes da identidade do Negro Brasileiro em Ascensão Social", publicado em 1983. Sua obra é referência sobre os aspectos sociológicos e psicanalíticos da negritude. screveu também o livro "A Psicose: um Estudo Lacaniano", publicado em 1999, além de textos para jornais e periódicos. Atuou em na área de saúde mental até seu falecimento, em 2008, aos 60 anos.  Trabalhou no Núcleo de Atendimento Terapêutico - NAT, no Centro Psiquiátrico Pedro II, atual IMAS Nise da Silveira, Casa Verde Núcleo de Assistência em Saúde Mental que também funciona como hospital para atendimentos psicoterapêuticos, onde organizou diversos seminários. Neusa foi cronista e escritora de artigos em jornais e revistas, como o Correio da Baixada, voltado para a população da Baixada Fluminense. 

Nesse mesmo ano a Fundação Palmares considerou sua obra como "primeira referência brasileira sobre a questão racial na psicologia”, reconhecendo sua contribuição para o estudo das relações raciais no Brasil. 

Neusa Santos Souza é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fontes: Portal Gueledés/ SBMFC


Nilma Lino Gomes

Nilma Lino Gomes é graduada em Pedagogia e mestra em Educação pela UFMG, além de doutora em Antropologia Social pela USP. Cumpriu estágio pós-doutoral na Universidade de Coimbra, supervisionado por Boaventura de Souza Santos. Professora da Faculdade de Educação da UFMG e integrante da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN –, entre 2002 e 2013 coordenou o Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão Ações Afirmativas na UFMG. Coordenou também o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas (NERA) e o GT 21 – Educação e Relações Étnico-Raciais – da ANPED, durante a Gestão 2012-2013. Foi também membro do Conselho Nacional de Educação no período 2010-2014, designada para a Câmara de Educação Básica. Em 2013 e 2014 foi reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira – UNILAB –, tornando-se a primeira mulher negra a ocupar o cargo mais importante de uma universidade federal no Brasil.Em janeiro de 2015, deixou essa função para ser Ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPPIR/PR – que, em decorrência da reforma administrativa de setembro daquele ano, foi incorporada ao recém-criado Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, do qual esteve à frente até 2016. No início da década de 2010, na Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, abordou o racismo presente no livro "As caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato. Também propôs formas de contornar o uso de obras racistas nas escolas. Sua iniciativa tem gerado debates e propostas editoriais até hoje. Nilma é autora de obras acadêmicas sobre educação numa perspectiva de desenvolvimento com igualdade e justiça social. 

Nilma Lino Gomes é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fonte: Letras/ UFMG

Sônia Guimarães

Sônia Guimarães, nascida em Brotas/SP, em 1957, sempre foi pioneira. Desde pequena, destacava-se na escola pública por ser excelente aluna, com as notas mais altas em matemática. Tinha o desejo de cursar engenharia civil, mas se encantou pela física durante a faculdade e acabou realizando o vestibular para física. Na graduação em física, na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, apaixonou-se pela matéria sobre materiais sólidos. Após a formatura, ingressou no mestrado em física na USP e no curso de especialização em química e tecnologia dos materiais na  Consiglio Nazionale dele Ricerche,  uma universidade italiana. Sônia cursou o doutorado na Inglaterra, na Universidade de Manchester, dedicando seus estudos aos materiais eletrônicos, tornando-se a primeira mulher negra brasileira e doutora em física. Além disso, Sônia desde 1993 é professora no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), uma das instituições mais renomadas e concorridas do país. Apesar de muitas dificuldades que enfrentou por ser mulher e por ser negra, Sônia acredita no poder da representatividade e sonha com oportunidades mais igualitárias para as mulheres, principalmente as mulheres negras, nas ciências e na docência acadêmica.  Membra da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros - ABPN, do Grupo de Trabalho Equidade Racial em Física da Sociedade Brasileira de Física - SBF, Conselheira Fundadora da AFROBRAS, ONG mantenedora da Universidade Zumbi dos Palmares, Conselheira do Conselho Municipal Para a Promoção de Igualdade Racial - COMPIR, da prefeitura da cidade de São José dos Campos.

Sônia Guimarães é uma mulher do nosso tempo!

Como cientista, inspira às futuras gerações sobre as muitas possibilidades que as mulheres negras constroem em nossa sociedade.

Fontes: Portal Geledés/Marco Zero/ Plataforma Lattes

Sugestões de livros:

Sugestões de materiais:

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