Programa:
“Pedagogia de Favelas: movimentos de passinho para a afrobetização

Data da exibição:  18/10/2021

Horário: 12h



Convidado: Ricardo Jaheem 

Apresentação:  Luan Ribeiro




Dia 08 de setembro é o “Dia mundial da alfabetização”. Uma comemoração internacional, declarada pela UNESCO em 26 de outubro de 1966 na 14ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, celebrado pela primeira vez em 1967. Há 54 anos essa data é comemorada, sobretudo no campo do direito cidadão à apropriação do código escrito. No entanto, sabemos de todas as dificuldades que envolvem essa etapa do processo ensino-aprendizagem, sobretudo na nossa realidade carioca.

Muitas são as metodologias empregadas, mas o fato é que, até hoje, não podemos definir um único modelo como eficaz na alfabetização de todos os nossos estudantes. Não existe um método único, assim como não há garantias de que um único atenda as demandas de todas as realidades encontradas em nossas escolas.

Por isso, hoje apresentaremos mais uma alternativa como metodologia para alfabetização, sobretudo quando pensamos nos nossos alunos das classes populares, maioria do público em nossa rede de ensino. Não podemos desvincular o processo de alfabetização das perspectivas culturais que fazem parte da identidade dos nossos estudantes, por isso, compreender que a alfabetização é um processo educativo atrelado à cultura, favorece a escolha das metodologias adequadas para cada grupo social atendido.

Nesse sentido, nosso papo de hoje propõe uma reflexão a partir da metodologia da “Afrobetização”. Identificamos que maior parte dos nossos alunos são autodeclarados negros (categorias pretos e pardos, conforme o IBGE). Em razão disso, buscar atender as identidades culturais desses grupos, já é um passo ao sucesso das dinâmicas educativas tecidas no espaço escolar. Em acordo com o que determina as diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais, a partir da Lei 10.639/03, a proposta de afrobetizar pretende instigar o reconhecimento e autoconhecimento dos nossos estudantes, possibilitando sua inserção social na condição de cidadãos empoderados por sua identidade étnico-racial e cultural. 

Trabalhando com o reforço da autoestima de nossas crianças, jovens e adultos, fazendo-lhes enxergar a potência de suas peculiaridades individuais, que se encontram na cor da pele, na textura do cabelo, no corpo, e nas formas de interagir socialmente, acreditamos que empecilhos que se desenham no cotidiano para domínio do código escrito, sejam minimizadas, a partir do momento que as manifestações desses grupos sejam incorporadas pela escola no desenho de suas práticas educativas. 

Pensando nisso, convidamos o Professor Ricardo Fernandes, Professor dos Anos Iniciais hoje atuando na Gerência de Anos Iniciais, para nos apresentar sua premiada metodologia de trabalho, a “Pedagogia das Favelas: movimentos de passinho para alfabetizar” que garantiu sucesso na alfabetização de alunos de escolas na região da 1ª CRE. De acordo com o relatado pelo professor Ricardo, partindo dos materiais Rioeduca dos Anos Iniciais (3°, 4° e 5° anos) nasce uma proposta pedagógica centrada nas culturas locais e periféricas de nossa cidade, usando estratégias metodológicas que potencializam a construção de narrativas educativas do encontro. Uma construção coletiva, uma roda de passinho, em que o desafio é entender o ritmo dos alunos nas danças da aprendizagem, entrar no ritmo certo para ensinar e aprender em conjunto. 

“Como diriam meus alunos, a Pedagogia de Favelas é um papo reto sobre currículo, prática docente e alfabetização.”

Trata-se do investimento em um trabalho que potencializa o protagonismo negro, intervindo no processo histórico que sempre colocou o negro como ser inferior em relação ao branco, como menos capaz, e com menores habilidades intelectuais.

  Mostraremos que trabalhar com corporeidade, dando consciência e acesso às possibilidades corporais ajuda aos alunos assumirem espaços nos quais tradicionalmente não estão inseridos, já que suas características culturais foram renegadas, por muito tempo, inclusive na escola.


material complementar:

Livro Infantil  Adebumi:

Matérias sobre Ricardo Jaheem:

Materiais para professoras/es:

Dissertação PPGEdu - Ricardo Luiz da Silva Fernandes.pdf

Sobre o Convidado:

Ricardo Jaheem

Professor do Ensino Básico da SME/RJ, escritor, poeta, mestre em educação na linha de políticas públicas, pesquisador de Alfabetização (alfabetizador), criador da Pedagogia de Favelas (metodologia de ensino centrada na cultura das Favelas brasileiras), produtor e responsável técnico de materiais didáticos da SME/RJ, premiado por sua atuação em escolas públicas pelo Conselho Municipal de Educação e pelo Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro (COMDEDINE), produtor de conteúdo para Universidades e Assistente da Gerência de Alfabetização e Anos Iniciais.