Primeira atriz e primeira bailarina negra a estrelarem no Theatro Municipal comemoram centenário

27 de maio 2021
Por Rachel Nascimento

Mercedes Baptista

Foto: Arquivo Nacional

Ruth de Souza
Foto: IPEAFRO

Nesse mês de maio, comemoramos o centenário de duas mulheres negras brilhantes que atuaram em diferentes cenários artísticos, contribuindo para a ampliação de referências em suas áreas e para a discussão da necessidade de ampliação da diversidade em diversos espaços.


Quem são elas?

Nascia em 20 de maio de 1921, em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro,  Mercedes Ignácia da Silva Krieger, bailarina e coreógrafa, considerada a maior precursora do Balé e da Dança Afro no Brasil. Mercedes fez história ao se tornar a primeira mulher negra a integrar o principal corpo de baile do país, embora poucos diretores a convidassem para seus espetáculos, conseguiu viajar o mundo e construir oportunidades para os que vieram depois de seu grande ímpeto. Dentre muitos feitos, Mercedes participou da revolução estética do carnaval carioca nos anos 60 ajudando a inovar na criação de alas coreografadas.

Nascida em 12 de maio de 1921, na zona norte do Rio de Janeiro, no bairro de Engenho de Dentro, Ruth Pinto de Souza, considerada uma das grandes damas do Teatro brasileiro, foi a primeira atriz negra a atuar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Com grande projeção no teatro, cinema e televisão, é a primeira artista negra a conquistar projeção na dramaturgia brasileira, inclusive em âmbito internacional. Ruth de Souza também atuou junto ao Teatro Experimental do Negro (TEN),  em um momento que negros pouco tinham espaço nos palcos, sendo muitas vezes representados por brancos que faziam Blackface (prática racista em que uma pessoa branca se pinta de negro e reproduz estereótipos negativos), idealizado por Abdias do Nascimento (1914-2011), grande referência nacional e internacional que propôs um espaço de atuação, inspirando gerações. As vidas de Mercedes e Ruth se cruzam no Teatro Experimental do Negro e  Ruth de Souza passou a ser sua aluna e amiga. Dona Ruth, faleceu em 28 de julho de 2019. 


Interface Educativa:

 Você já parou para pensar na grandiosidade que é poder ter referências diversas para tratar de temas diversos?

Para além da dança e do Teatro, Ruth de Souza  e Mercedes Baptista mobilizam saberes pela equidade racial.

Já parou para pensar que essa representatividade é essencial para pessoas negras, mas não menos importante para crianças não negras? Perceber que todas as pessoas podem estar em diferentes lugares é potencialmente formador.

Que tal visitar virtual ou pessoalmente o Monumento de Mercedes Baptista? Revisitar a sua história?

Que tal revisitar as produções e a trajetória de Ruth de Souza? Assistir o documentário "A Negação do Brasil" e ver que caminhos nos levam? Que tal assistir o Teaser do Grupo Emú e, quem sabe, quando for possível, convidar os alunos ao Teatro? De 20 à 30 de Maio, a peça estará disponível on-line. Veja abaixo!


PUBLICAÇÕES DA NOSSA REDE:

Dicas para compartilhar com os alunos:

Monumento de Mercedes Baptista
(Catálogo do Inventário de monumentos Rio de Janeiro)


Dica de documentário: 

"A Negação do Brasil - O Negro nas Telenovelas Brasileiras". De  Joel Zito Araújo. Ano: 2001.

Confira o Teaser da peça “Mercedes”, do Grupo Emú, homenageando Mercedes Baptista!