1994/95
Competição: 2ª Divisão- Zona Norte
Classificação: 1º lugar (26 jogos, 20 vitórias, nenhum empate, 6 derrotas)
Pontos: 60 pontos;
Média Pontos: 2,31 pontos/jogo
Golos marcados: 71 (2,73 p/jogo)
Golos sofridos: 15 (0,58 p/jogo)
Equipas da competição: Lamelas, Carvalhais, Paivense, Sul, Lamas, S.M.Mouros, Boassas, Aregos, Castro Daire, Tarouquense, O.Douro, Britiande, S.J.Pesqueira
Subiu: Nespereira FC
Desceu: S. João Pesqueira, Britiande
Campeão Distrital: Parada de Gonta
Presidente: Daniel Bastos
Na época de 1994/95, com a indisponibilidade de se poder inscrever alguns dos jogadores que foram acima referenciados, a equipa voltou à antiga base dos juvenis. Então, tivemos o primeiro jogo num campo relvado, que foi em Lamego, contra o Sp. Lamego, no estádio local. Chovia imenso, o campo estava todo empapado, e quem nos orientou naquele jogo, foi o treinador dos seniores, Mário João.
Com aquela chuva imparavel, o Nespereira chegou ao intervalo perdendo por 8-0, num jogo em que fazia-se um “carrinho” para chegar à bola, e o jogador ia parar só nas grades, ou muros que limitavam o terreno de jogo. E recordo-me de um golo, marcado pelo avançado do Sp. Lamego, em que ele pega a bola no meio-campo, passa pelo Filipe, passa pelo Nuno, passou pelo Bateira, e depois pelo Nuno Carlos, e ainda passou pelo Pedro, marcando um golo fabuloso, fruto da nossa inexperiência em relvado. Enquanto o jogo decorria dentro de campo, o treinador Mário João apenas abanava a cabeça negativamente, e já resignado, olhou para o “banco”, viu as opções que tinha, e muito seriamente perguntou para nós todos: - Há alguém aqui que saiba jogar à bola? O Helder “Raposo” muito solicito, saltou do banco, levantando o braço, e dizendo entusiasticamente: -Eu!Eu!Eu! Aí, o Mário João, muito calmamente respondeu para ele: - Então senta-te, que eu já vi, que não tenho ninguém para substituir!- provocando uma onda de gargalhadas no “banco”, pela cara de espanto que o próprio Helder ficou com a resposta do Mário João. Outra das recordações que guardo desse jogo, foi de que, sendo o primeiro jogo num relvado, o entusiasmo era tal, que o próprio “banco” não conseguia ficar quieto, e o Carlos “Lobo” e o Vítor Semblano brincavam ao lado, feito crianças, atirando-se para o relvado, escorregando naquele piso, passando completamente ao lado do jogo. O final do jogo foi um 10-0, que não vou dizer que teria sido humilhante, mas foi uma lição de maturidade, que nos mostrou que nós precisávamos de empenhar mais para atingirmos objetivos maiores. Outro dos jogos dessa época que e ficaram marcados, foi um em Resende, que acabou sendo histórico, foi o de Resende. Para essa recordação, transcrevo um artigo que o atual capitão do Nespereira FC, Nuno Cardoso, escreveu para um jornal, que se falará mais para a frente, sobre esse jogo em Resende, que o Nespereira esteve perdendo, e acabou ganhando por 8-4, na casa do adversário: “Pediram– me para falar sobre um dos jogos mais marcantes na minha carreira de futebolista, e eu aqui estou para o contar. Mas não vou descrever com floreados, mas sim como aconteceu de verdade, para que sirva de exemplo para aqueles que não têm fé e que podem conseguir coisas fabulosas. Então começa assim: houve em tempos, uma equipa do Nespereira F.C., das camadas jovens, mais propriamente dos juniores, que praticava um futebol espectáculo, de encher o olho como se costuma dizer. Essa equipa foi fazer um jogo a Resende com a equipa local. Nesse jogo a partida estava a ser bem disputada, mas desde cedo, a equipa da casa começou a ser bem mais perigosa do que a nossa e sem surpresas chegou ao golo. O pior não foi o golo, mas sim o segundo golo momentos depois. Para agravar a situação, o guardião Pedro Semblano foi expulso, antes do intervalo. Como nós nesse ano já estávamos habituados a começar o jogo a perder não ficamos surpreendidos. E com menos um jogador, ainda antes do intervalo, conseguimos chegar ao empate por duas bolas. Começou a segunda parte e o Resende voltou a adiantar– se no marcador, para 3-2. Nós voltamos a empatar 3-3, pouco depois. Para desespero nosso eles voltam a marcar e o resultado passa para 4-3. Nós nunca desistimos da luta, e fomos a melhor equipa em todos campos que jogamos e, para que a história não fosse diferente, nem a nossa mentalidade o era, fomos em busca da vitória. E lá conseguimos o empate 4-4, logo a seguir fizemos o 4-5, e sucessivamente até atingirmos o final com um 4-8 a nosso favor. Um resultado para a história do meu clube de sempre– NESPEREIRA FUTEBOL CLUBE!- (nunca se esqueçam deste nome, principalmente os mais novos que são o futuro do mesmo). Chegamos nesse ano a fase final do Camp. Dist. De Viseu, pela segunda época consecutiva, sem derrotas. Marcamos 99 golos, ganhamos 7-1 ao primeiro classificado e ficamos em segundo no campeonato devido alguns empates. Mas o mais importante disto tudo, é que fomos durante umas épocas uma família onde fomos unidos e caminhamos no mesmo sentido para ajudar o Nespereira F.C. a ser respeitado no distrito de Viseu. A conclusão que eu quero que se perceba desta história veridica , é de que nunca desistam do vosso objectivo, mesmo com as condicionantes que se sobrepõem. E aos meus colegas de futebol, para nunca se esquecerem de dar tudo o que têm pelo vosso/nosso clube. Queria agradecer ao falecido senhor Isidro Semblano por tudo que me ensinou e também aos meus colegas de sempre: Pedro Semblano, Márcio Correia, Nuno Carlos, Luís Semblano, Filipe, Nandito, Ruizito, Mário “Nicho”, Mota, Bateira, Simão, Manel “Batoques”, Ercílio, Rogério, Pedro “Cangalhas”, Kosta, “Xaqueca”, Vítor “Lobo”, Sérgio (Cinfães), Renato, Nuno Semblano, Hélder “Raposinho”, e aqueles que me esqueci de mencionar. Foi o maior prazer de sempre fazer parte desta equipa fantásticada qual eu apelidei “Os Invencíveis”. Aos companheiros de agora, que sejam sempre felizes neste clube. “ Esta, considero uma das melhores descrições do que era a equipa dos júniores do Nespereira, naquela época, feitas pelo “capitão” Nuno Cardoso. Nessa mesma época que demonstramos aqui, uma oscilação grande de opostos, ainda podemos dizer que o Nespereira, nessa época ficou em 2º lugar, classificando-se pela primeira vez para a fase de qualificação para a Divisão Nacional, num jogo em Sernancelhe, em que vencemos, e saímos de lá festejando entusiasticamente essa qualificação, e, mesmo assim a equipa da casa, de Sernancelhe, com um mau perder, acabou por resolver tentar agredir e estragar a nossa festa, atirando garrafas de cerveja para dentro dos balneários, que até, o Renato e o Mário, estavam tomando banho, e tiveram que sair dele, na ponta dos pés, porque no chão se encontravam vidros espalhados das garrafas, e também da janela partida pelos adeptos,ou jogadores do Sernancelhe. Essa fase, era disputada por seis equipas, e apenas o primeiro classificado do grupo iria ascender à Divisão Nacional. Não nos correu muito bem essa fase, em que lutávamos muito para conseguirmos agüentar a pressão de equipas mais bem preparadas, com melhores condições de trabalho, e também com a simpatia da arbitragem. Mas há um jogo que até hoje sorrio ao me lembrar dele...a nossa deslocação à Repeses, para jogarmos com o Repesenses- que na altura, era financiada pelo antigo “internacional” português, que na altura jogava no Sporting CP, Paulo Sousa. Saímos muito cedo, no autocarro da “Asadouro”, levando connosco um “reforço”, que era o Vítor Kosta, que o Sr. Isidro decidiu levar para fortalecer o nosso ataque, visto que naquele jogo, o “Nicho” estava castigado. Então entramos em campo, e muito cedo, marcamos o primeiro golo, com um golo do Kosta, que ficou tão entusiasmado, que festejou aquele golo com tanta raiva, que correu para os seus colegas de equipa gritando efusivamente:
- Caraças! Vamos lá pessoal Vamos ganhar isto! Ó! Quem nos dera!!! Aquilo foi apenas um pequeno gostinho...porque o Repesenses massacrou-nos depois, vencendo-nos por 13-1. Depois chegamos, de noitinha, à Nespereira, e lembro-me de passarmos perto do Café “Barra Azul”, onde se juntava toda a juventude nespereirense, que aguardava por saber o resultado, e, os que estavam no café, levantavam o polegar para nós, para tentar saber se tínhamos ganho o jogo, e nós, levantamos também, em tom de cinismo, como se tivéssemos ganho. O Pedro, com aquele jeito entusiasmado dele, olhava a cena e fazia um comentário dizendo-nos: - Olha o pessoal...eles estão perguntando-nos se nós ganhamos! O Kosta, meio desiludido, e irritado com a derrota, e com o comentário, no seu tom sério e impávido, respondeu ao Pedro: - Ganhamos! Ganhamos sim!Ganhamos...mas foi juízo! Nessa época, a equipa dos juniores sofreu uma perda terrível de jogadores, mas que com felicidade continuaram no Nespereira, sendo o caso do Nandito, do Ruizito, do Luís Semblano, do Pedro Semblano, do Mário “Nicho”. Mas nessa mesma época, de 94/95, presidida pelo “excêntrico” presidente Daniel Bastos, o dono da Escola de Condução, a equipa dos seniores do Nespereira FC, estava apostada em subir para a 1ª Divisão Distrital, tendo um leque de jogadores fenomenais, como Marcelo, Da Rosa, Skif, Luís Pinto, Hernâni, João Bernardo, Varito, Vítor Andrade,Mouta Pinto, entre outros, orientados pelo “bravo” treinador Mário João, que tinha vindo do Boavista FC, que na altura disputava a 1ª Divisão Nacional. Falando do presidente Daniel Bastos, há um episódio dele, que o torna imortal, nos compêndios do Nespereira FC. Num jogo do Nespereira, o árbitro marca um pênalti a nosso favor, e obviamente todos ficamos satisfeitos, mas notamos uma serenidade meio curiosa, no rosto do presidente, que na altura olha, para o Mário João, e pergunta-lhe: - O árbitro marca falta, e porquê é que o guarda-redes não mandou fazer barreira? O Mário João riu-se na altura, mas explicou-lhe a diferença entre um pênalti e uma falta, com o presidente a entender, mas este episódio acabou por ficar eternamente ligado a pessoa de Daniel Bastos. Já sobre Mário João, esse era um treinador das camadas jovens do Boavista FC, de origem africana, que foi trazido para o Nespereira pelo vice-presidente da altura, Hernâni Andrade e pelo diretor Cláudio Oliveira. Mário João era uma pessoa muito boémia, e muito sociável, gostando imenso de conviver com os jogadores e com os dirigentes. Era um incentivador para todos os jovens, e gostava imenso de ver os treinos cheios de gente. Só que, em dia de jogos ele virava um autêntico “bicho”! Perdia facilmente as estribeiras, xingava efusivamente os seus próprios jogadores, fosse quem fosse, se fizesse algo que ele considerasse errado! Taticamente era muito inteligente, e sabia aproveitar bem as capacidades de cada um. Ele mesmo dizia: “Nós não precisamos ter apenas onze jogadores, precisamos ter uma equipa inteira”. Recordo-me que ele chamou o Mário “Nicho” para jogar, e o “Nicho” estava no banco, quando na segunda parte, ele manda-o aquecer, e depois de entrar o Mário começa a dar mais ênfase ao ataque, mas como era habitual da idade, qualquer “toquezinho” faz logo um jogador cair...aí, o Mário numa disputa com um adversário, caiu, e começou a se queixar, quando se levantou em pé coxinho, e deslocou-se na direção do “banco” de suplentes, solicitando ao treinador: - “Mister”! “Mister”! Dá-me gelo que estou lesionado!
O Mário João franziu o sobrolho, olhou diretamente para o “Nicho”, e cortando alguns pequenos “elogios” característicos do Mário João, ele deu um berro típico que ecoava no campo do Olival inteiro, dizendo: - Seu...! Volta mais é para o campo! Vai jogar! Deixa-te de mariquices! E recordo-me que o “Nicho” arregalou os olhos, espantado com a reação do treinador, e, voltou as costas ao “banco”, franzindo também o sobrolho, e baixando a cabeça, voltando novamente ao jogo, esquecendo da lesão que tinha tido! Nessa época, o Nespereira acabou em 1º lugar da Zona Norte, disputando o titulo de campeão com o Parada de Gonta. Primeiro, o Nespereira jogou em casa, contra o Parada de Gonta, num jogo com muita chuva, e com o terreno todo empapado, em que o Nespereira venceu por 1-0, graças a um remate cruzado na entrada da área, do Quim. Na segunda mão, em Parada de Gonta, o Nespereira perdeu por 3-0, mas acontecendo uma situação insólita, que foi, a de que, quando a equipa do Nespereira chegou à Parada de Gonta, para disputar o jogo, deram conta de que, faltava o equipamento do Nespereira, e então naquele jogo, o Nespereira viu-se obrigado a jogar com o equipamento alternativo do Parada de Gonta.