Manuel, Maria, José, Alberto, Fátima…e tantos outros!!!
Nomes comuns, de pessoas que abandonaram o país, não por querer mas em busca de subsistência, de uma vida que em muitos casos o seu país (Portugal) lhes não permitiu ter!
Pessoas que na sua maioria, ao procurarem o melhor para si, continuaram a ser exemplares contribuintes de um Estado a quem deram mais do que pediram.
Pessoas que procuraram países estrangeiros para trabalhar e não propriamente paraísos fiscais (ou de outra ordem) para viverem no luxo, na ostentação!
Pessoas, algumas delas, que acabaram por perder a vida nesses países de destino, e que em alguns casos por lá ficaram, e nos que assim não aconteceu, regressaram a expensas dos seus…eles que até tinham contribuído para as finanças públicas e para a entrada de divisas no país!
Por nenhuns deles, que seja conhecido, foi decretado Luto Nacional. A nenhum deles, que seja conhecido, o Estado repatriou com despesas próprias de um país que vive num clima de bonança, longe da austeridade que ouvimos falar, mas que deve ser noutro qualquer país com o mesmo nome.
Pois é…desculpem-me fugir ao lugar comum de que quem morre é sempre excelente, merece sempre tudo, fez uma obra ímpar, etç, etç, etç.
Provavelmente, também ajuda o facto de não gostar de Saramago escritor, talvez pela forma cuidada de falar, ler e escrever português que sempre me foi ensinada, quer na escola, quer em casa.
Nos meus tempos de escola primária (era assim que se chamava), uma escrita “à Saramago”, dava direito a uns quantos erros na composição, que então se chamava redacção. Podíamos empregar um chorrilho de adjectivos, palavras bonitas, mas se a pontuação não lhes desse sentido, o mais certo era termos uns riscos vermelhos no papel.
Não sou nenhum iluminado, mas também não é um prémio Nobel que me leva a incluir Saramago no patamar dos vultos da literatura portuguesa, junto de Garrett, Eça, Pessoa, e alguns mais, até mais recentes, que não tiveram direito a Nobel!
Mas, não é certamente o não gostar de Saramago escritor, que me leva a não gostar de Saramago homem (a quem no entanto desejo, descanse em paz)…
Não gosto de Saramago homem, porque não gosto de gente que foge, gente que vendo que não consegue fazer vingar as suas ideias ou os seus ideais, parte e durante muitos anos esquece que tem um país, uma terra mãe.
Não gosto de gente que apregoa a partilha, mas procura apenas o melhor para si.
Não gosto de gente que pede respeito, mas não respeita.
Não gosto…é um direito que me assiste!
E não há sequer aqui, qualquer má vontade de índole política, porque nunca concordando com a generalidade das ideias de Álvaro Cunhal, sempre o respeitei e o entendi como um homem credor da máxima consideração, pela forma abnegada com que se batia por aquilo que considerava ser o melhor para o seu país, para o nosso país – Portugal!
Mas afinal, que valeu por exemplo a Cunhal, lutar tanto?
Teve o mesmo tratamento que teve Saramago. Ficou até mais barato ao país, porque morreu em Portugal!
Ainda assim…que Portugal continue a ter muitos “Manuéis”, “Marias”, “Josés”, “Albertos”, “Fátimas”, e “Cunhais”…e poucos Saramagos.
Digo eu!!!