O mote e alguns acordes, a propósito da crise, foram-me dados pelo dr. Jorge Cotovio, colunista do “Correio de Coimbra”. Hoje fala-se em crise, em crise mas “a verdadeira crise ainda está para vir, dentro de meses”.
Culpamos as políticas despesistas dos governantes. E, de facto, eles deviam dar o exemplo. O exemplo e as reformas devem vir, sempre, de cima para terem credibilidade e seguidores. Assim:
- Em vez de haver 250 deputados, poderia haver 180 como permite a Constituição. Mas eles escolheram o máximo. Para quê, se 80% das orientações vêm de Comunidade Europeia?
- O Governo poderia ter menos ministérios assim como menos “acolitagem” que cada um “apadrinhou”. O País é tão pequeno… e, agora, sem poder investir!...
- O Governo Civil podia ter menos gente - a “Loja do Cidadão” libertou-o de muito serviço.
- As autarquias podiam libertar-se de tantos ‘estorvilhos’ colocados como moeda de favores.
- Muitas empresas estatais e autárquicas deviam encerrar. Foram criadas para colocar ‘afilhados’ e sorver dinheiro.
- E tantas coisas mais a sorver… a sorver o erário público.
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Mas aterremos. Nós também devemos fazer o ‘exame de consciência’, também podemos ser culpados ao abusarmos do “Estado Protector”:
- Por tudo e por nada recorríamos aos “subsídios estatais” e, dizem que muita gente vivia, indevidamente, dos subsídios. Antes preferiam viver (e hoje, não?) dos subsídios do desemprego do que aceitarem um trabalho - os “subsídio-dependentes”.
- Faltava-se ao trabalho por motivos de nada, o que afectava a produtividade. Somos os países da União Europeia com menos produtividade. No estrangeiro, somos dos melhores.
- Somos o País com mais ‘baixa médica’. Há quem precise e quem finja precisar.
- Deu-se o Rendimento mínimo a torto e a direito.
- Criou-se muita ociosidade que gera muitos vícios.
- As prisões estão cheias e, dizem que cada preso custa 60 euros cada um.
- A educação é outro ‘buraco’. Comparados com a Europa somos os que temos piores resultados. Cada aluno do básico fica, ao País, mais de cinco mil euros. Ora, segundo sondagens da U. Católica só menos de um terço chega ao 12º ano sem uma reprovação. Se subirmos os degraus da Universidade, cada aluno, descontando as propinas, fica em 8.500 euros. Mas o ensino universitário não é obrigatório mas é o erário público quem o suporta. No entanto quantos não chegam ao fim e outros, por desleixo, demoram anos e anos, para fazerem cinco? Por que não compensarem o País depois de encartados e empregados? Há países que, assim, procedem. Os padres, dalguma forma, fazem isso quando entregam o estipêndio das Missas binadas, trinadas e plurintencionais à Diocese.
E todos nos afirmamos cristãos...... Cristãos?!
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Estamos no Advento: - tempo de reflexão, estudo Palavra de Deus, oração e exame de consciência para celebrarmos, conscientemente, o NATAL de JESUS.
Bom seria que os pais e os educadores ensinassem os filhos e alunos a crescer, educadamente, para o trabalho, para o sacrifício, para a responsabilidade e para a partilha. Esta educação deve começar desde meninos.
E nós façamos uma introspecção para descobrirmos algum destes ‘pecados sociais’, como maus hábitos, vícios, preguicite… que, mais tarde ou mais cedo, pagaremos muito caros.
Neste Advento, procuremos mudar de comportamentos menos próprios a que S. Paulo chama “obra das trevas” e revistámo-nos da veste da consciência e da responsabilidade para termos um Bom Natal.
P. Justino Lopes