OPINIÕES

"(...)Nem toda a gente pensa e age da mesma forma que nós".

Quando aceitei o convite para colaborar nesta "Voz do Povo" estava longe de imaginar que logo as minhas primeiras palavras fossem tão levadas em conta pelos caros leitores. De facto, fiquei satisfeito por ter obtido várias reacções às ideias que apresentei no primeiro artigo que escrevi, umas positivas e elogiosas, outras nem por isso, mas sempre importantes. É, de facto, compensador saber que nós, ou algo nosso, não passa indiferente ao senso comum e, pelo menos, faz reflectir e reagir. O meu obrigado a todos.

Assim, a vontade de continuar a responder ao desafio do amigo Ercílio Galhardo continua e ainda aumenta, tendo em conta também a qualidade do meu leque de parceiros neste espaço. São sem dúvida vozes autorizadas e conhecedoras, além de experientes, o que me orgulha ainda mais a mim, um pouco novato nestas andanças, a pertencer a este painel.

Quando alguém manifesta publicamente a sua opinião tem de ter sempre a consciência que esta vai suscitar reacções. É por essa razão que muita gente se abstém de assumir publicamente uma posição ou de falar/escrever para uma grande quantidade de pessoas. Em grande parte dos casos será por medo da reacção causada pelas suas ideias ou palavras e em outros casos apenas os próprios o saberão.

Estou a recordar-me da mais recente polémica deste nosso belo país à beira-mar plantado. Um jornalista escreveu um artigo de opinião, publicado num jornal, que iniciava com a seguinte frase: “Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina”. Consequências: o nosso primeiro-ministro não gostou da referência e processou o autor do texto, que enfrenta agora uma queixa-crime.

Sem querer entrar em detalhes específicos sobre este caso, pois não é isso que está em causa, nem o que interessa para aqui, gostaria apenas de realçar os efeitos que advêm de alguém expor algo seu na opinião pública. Pode haver alguém que não goste e depois há que aguentar as consequências. Se é justo ou injusto, se têm razão ou senão, não importa, pois vimos no exemplo deste caso que, mesmo que o processo não dê em nada (como deve acontecer), o jornalista já sofreu as devidas represálias.

Este caso daria início a uma longa e interessante discussão acerca da liberdade de expressão e controlo dos meios de comunicação social. Até que ponto começa e termina a liberdade de cada um. Existem forças que decidem as linhas editoriais dos meios de comunicação? Mas como referi, são conversas para outros locais e para outras tertúlias.

Quando vivemos em sociedade devemos, além de outras, ter em atenção uma grande virtude: respeito! Saber respeitar os outros, respeitar leis e regras, respeitar ensinamentos e experiências, saber respeitar opiniões contrárias e compreender que nem toda a gente pensa e age da mesma forma que nós. Saber ouvir e respeitar o próximo é meio caminho andado para uma vida melhor em comunidade.