O ANO ESTÁ A TERMINAR!

Para muitos é altura de balanço, altura de fazer contas, altura de arrumar as coisas velhas e dar lugar às novas, altura de muitas coisas mais.

Esta semana foi para mim uma semana muito preenchida. Não só porque como referi atrás, é altura de verificar muitas contas, como de “bater o recorde” nas comezainas do bacalhau. Mas ao mesmo tempo foi para mim mais uma semana multicultural do ano que está a terminar.

Terça Feira.

Comecei por assistir a uma espectacular representação do “Exercito Russo” na casa da música na cidade do Porto.

Já andava há uns anos a ver se tinha a oportunidade de ir ver aqueles magníficos artistas, que andam por esse mundo fora a divulgar a cultura russa, vivida pelos militares que andaram pelos quatro campos do mundo, tanto a morrer na guerra, como a viver na paz.

O grupo mostra como é, como foi, e como certamente será o espírito do soldado russo, nos vários ambientes em que se encontra, esteja ele onde estiver. A incerteza da partida para longe, sem saber se regressa, a euforia da batalha, travada ela na Chechénia ou no Afeganistão, ou naquele caixão de morte que foi o “Kursk”, ou naqueles momentos em que só é permitido ao marinheiro subir ao convés do monstruoso porta aviões para sentir a suave brisa do fim da tarde e desfrutar o seu cigarro pensando nos bons momentos com a sua namorada ou esposa que ficou lá longe nos Urais…

O espectador que assiste a esse espectáculo sente uma enorme emoção ao ouvir a “Katyusha”, ao sentir a energia da música “Kalinka”, e ao ver a força e expressão que o “artista” posicionado no quarto lugar da fila da frente apresenta. Mas a emoção transborda quando no final do espectáculo, sem que ninguém o esperasse, se ouve cantar em português “É uma casa portuguesa concerteza”.

Se estão a ler este artigo em Madrid, Milão, Londres, Rio, ou qualquer outra cidade e se este “Exército Russo” aí estiver, não olhem ao preço, vão ver que vai valer a pena.

Quinta Feira.

Foi quase ao terminar de mais uma jornada que fui convidado pela minha esposa para uma sessão de cinema para nós. Digo para nós, porque sempre que tenho oportunidade de ir ver um filme é daqueles em que vamos assistir a uma sessão para mais de 6 anos.

Bom, mas este era mesmo um filme que eu queria ir ver. Tinha visto o “trailer” e gostado, ainda mais porque tinha ouvido que um jovem português participou no projecto com o desenvolvimento de uma nova técnica nos efeitos especiais.

Avatar. O nome do filme. Certamente alguns dos leitores já o foram ver. Não sei se gostaram ou não, mas eu achei espectacular. Não pelo argumento, mas precisamente pelos efeitos especiais.

Sobre o argumento, a história é velha e repete-se, nós humanos onde quer que vamos temos a tendência para destruir depressa ou devagar, não importa, tudo aquilo que nos aparece pela frente, com o fim de sempre obter lucro. Só que aqui a “pressa” conta. O Realizador e Argumentista conseguiu uma vez mais a proeza de nos fazer, a nós telespectadores, sentir desprezo pelas atitudes de nós próprios, os intitulados inteligentes seres humanos.

Sobre os efeitos especiais, e para quem gosta de efeitos especiais, não digo nada. Vão ver, pois é do melhor. Para terminar ainda sobre este filme fica a minha interrogação, como é possível que este filme seja o mais caro de sempre? Os computadores, e quem os opera e programa, serão qualquer dia conhecidos como “Tiger Hoods” ou “Cristiano Ronaldo”, não só pelo que fazem, mas sim pelo que ganham.

Sábado.

Também fui convidado esta semana para assistir a uma representação, esta sim em Nespereira, da escola de música da Banda Marcial de Nespereira.

Confesso que não sabia bem para o que ia. Assisti a um espectáculo simples mas muito bonito. Começou com a representação individual dos pequenos e pequenas aprendizes. Foi divertido ouvi-los. Também eu tenho as minhas filhas a frequentar aulas de música, e ao ouvir os pequenos pensei que também as minhas pequenitas ali poderiam estar a fazer trocadilhos com as notas.

Como disse, diverti-me bastante com os erros e incertezas que os pequenotes cometiam cada vez que sopravam ou teclavam o seu instrumento. Esses erros naturais de quem está a aprender, serão os seus alicerces no futuro. Deixam uma vaga lembrança mas ultrapassam-se. Também eu me recordo de um final de ano na escola primária, onde participei numa pequena peça. Ainda hoje tenho “aquela” impressão do que é estar a falar para um público de adultos.

Estes miúdos e jovens certamente se recordarão no futuro daquela representação que fizeram quando eram alunos da escola de música. E de como o público gostou de os ouvir.

As peças finais ou como estava intitulado “Os Autos” teve participação conjunta, desde o mais pequeno ao maior. Foram os momentos mais divertidos. Divertido foi também apreciar a vontade e alegria com que uma miúda dos seus 10 anitos, que precisamente no meio do coro exaltava vida e animação pelo que estava a fazer.

Está pois de parabéns o Alberto Leitão e a sua equipa, pela organização e direcção da escola de música bem como o seu presidente, Manuel Matinhas, por dar força à formação dos nossos jovens, neste caso na área musical.

Domingo.

Benfica-Porto.

Não digo nada… melhor, vou dizer alguma coisinha.

Os meus amigos benfiquistas pensaram que o campeonato tinha acabado e festejaram como se tal tivesse acontecido. Não, não acabou. Além do mais, mesmo que tivesse acabado, o Braga estava à frente. Mas não interessa, só o facto de ganhar ao Porto já é como se tivessem ganho o campeonato.

Não quero que me interpretem mal, mas vou aqui deixar uma passagem de um treinador do Benfica há uns anos atrás, nos seus comentários de final do jogo.

Penso que era o Espanhol Camacho e disse mais ou menos isto, (perdoem-me o castelhano): - “…los jugadores entraran com las pilas cagadas e por supuesto….

Onde os jogadores carregam as “pilas” não sei nem me interesso, o que sei é que as pilhas do meu portátil já se foram e, meus amigos, falamos depois do jogo no Dragão.

Um Feliz Natal e 2010 cheio de saúde e prosperidade.