17/05/2011 - 19h14
DE SÃO PAULO
Livremente inspirada nos pensamentos do francês Pierre de Fredy, o barão de Coubertain, a cia. La Mínima estreou o espetáculo "Athletis" no Teatro Alfa (zona sul de São Paulo), no último fim de semana.
A peça perpassa a história dos jogos olímpicos, idealizados pelo jovem barão. Com manipulação de bonecos, técnicas de animação e de circo, a montagem conta a ventura do homem e do esporte desde a pré-história até os dias atuais.
O espetáculo fica em cartaz até 10 de julho.
Teatro Alfa - sala B - r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Jardim Dom Bosco, zona sul, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/5693-4000. 200 lugares. Sáb. e dom.: 17h30. Até 10/7. 45 min. Não recomendado para menores de 5 anos. Ingr.: R$ 12 (menores de 12 anos) e R$ 24. Valet (R$ 12). Ingr. p/ tel. 4003-1212 ou p/ site www.ingressorapido.com.br.
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As informações estão atualizadas até a data acima. Sugerimos contatar o local para confirmar as informações
Carlos Gueller/Divulgação
Ator Fernando Sampaio, da cia. La Mínima, que acaba de estrear o espetáculo "Athletis" no Teatro Alfa, que fica na zona sul de SP
Endereço:
Rua Bento Branco De Andrade Filho, 722
Tel.: (011) 5693-4000
Quando:
(Sáb e Dom) Acontece sábados e domingos às 17h30. R$ 12,00 (crianças de até 12 anos) e R$ 24,00.
Grátis para menores de 3 anos. Recomendado a partir de 5 anos. De 14/05 a 10/07.
De Paulo Rogério Lopes. A montagem homenageia o fundador dos Jogos Olímpicos modernos, o Barão de Coubertin (1863-1937). Sozinho no palco, Fernando Sampaio interpreta Barão, que conta a história do esporte e mostra a sua importância. Desdobrando-se em vários papéis, com rápidas trocas de figurino, ele enfrenta uma sequência maluca de diferentes jogos, como corrida e salto em altura. Chamam atenção os momentos bem ensaiados em que o ator entra e sai de dentro de projeções em uma tela, como se fizesse parte do vídeo. Também no Teatro Alfa, às 16h, ✪✪✪ A Cortina da Babá. Estreou em 14/05/2011. Até 10/07/2011.
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Uma cortina animada e um atleta atrapalhado
Teatro com a técnica chinesa de sombras e uma peça divertida são as sugestões de Dib para esta semana. Confira
Dib Carneiro Neto
Quero falar hoje de dois espetáculos em cartaz na sala B do Teatro Alfa, um dos redutos que mais apóiam o teatro infantojuvenil em São Paulo, sempre com uma programação de qualidade. No horário das 16 horas, ‘A Cortina da Babá’. E logo após, na sessão das 17h30, ‘Athletis’. Ambos aos sábados e domingos.
‘A Cortina da Babá’ é inspirado em livro de Virginia Woolf (1882-1941). Isso mesmo: a inventiva autora inglesa de obras de linguagem inovadora como ‘Orlando’ e ‘Mrs. Dalloway’ escreveu raros livros para crianças. Um deles, ‘A Cortina da Tia Ba’, foi editado no Brasil pela Ática em 1993, e é nele que se baseia este belo espetáculo do Grupo Sobrevento.
Virginia não teve filhos, mas escreveu e deixou este manuscrito para uma sobrinha que a visitava com freqüência. A história é encantadora. Uma velha tia invariavelmente borda lindas ilustrações de animais numa grande cortina, até que adormece na cadeira de balanço todo dia. É quando os bichinhos bordados na cortina aproveitam para saltar de lá e brincar. “O antílope faz um sinal à zebra, a girafa começa a mordiscar as folhas do alto de uma árvore; todos os bichos começam a se agitar... Finalmente a velha estava dormindo.”
O Grupo Sobrevento, que se dedica há 24 anos ao teatro de animação de bonecos, formas e objetos, optou para esta peça pela vertente poética do teatro de sombras, que teria surgido na China no ano 121. Não deixa de ser uma história triste, melancólica, bem sensível, esta de Virginia Woolf – e as sombras combinam à perfeição com a proposta sensorial do espetáculo.
O cenário de André Cortez, que brinca com dimensões e perspectivas, intriga as crianças de forma saudável, complementando a “brincadeira” do teatro de sombras. Os atores-manipuladores são Anderson Gangla, Agnaldo Souza, Giuliana Pellegrini, J.E. Tico e Marcelo Paixão, este último na pele do sapeca menino da casa, que brinca com os animais antes que sua velha babá acorde. Ele dá um show de técnica e emoção, muitas vezes usando apenas as mãos e nada mais.
Os tarimbados diretores Sandra Vargas e Luiz André Cherubini, que estudaram a técnica durante dois anos e até receberam em sua sede para workshops o diretor da Cia. de Arte Popular de Shaanxi, o chinês Liang Jun, acertam em cheio na comunicação com as crianças, que não resistem a ficar na plateia tentando adivinhar quais animais correspondem a cada sombra que surge na tela branca.
Reza a lenda que o teatro de sombras teria surgido pela primeira vez a partir de uma imagem de bailarina que despontou numa cortina branca esticada contra a luz do sol – o que também explica o acerto do Sobrevento em realizar um espetáculo sobre uma cortina realizando esta técnica de sombras. A ideia dos realizadores é também mostrar aos pais, de forma terna e singela, como é importante interromper a correria da vida para se dedicar, um pouquinho que seja, às coisas mais simples e pessoais, nem que seja uma simples cortina estampada.
Athletis
O outro espetáculo em cartaz no Alfa, ‘Athletis’, é defendido por uma companhia igualmente veterana e premiada, o Grupo LaMínima, que estreou em 1997 na linha do humor físico e das paródias acrobáticas. Aqui, sozinho em cena, o excelente Fernando Sampaio dá conta de recapitular toda a história do surgimento das Olimpíadas, inspirando-se livremente na vida e nos pensamentos do francês Pierre de Fredy, o Barão de Coubertin, a quem se atribui a idealização, há mais de cem anos, das primeiras Olimpíadas da era moderna.
‘Athetis’ começa antes, na era da pré-História, e “inventa” um lema engraçado: “O importante não é vencer, mas também não é competir. O importante é se divertir!” Com texto e direção de Paulo Rogério Lopes, a partir de argumento de Fernando Sampaio e Domingos Montagner, também seus parceiros no roteiro, a peça infelizmente é irregular, como quase toda peça dividida em esquetes. Tem momentos de extrema graça e carisma, e outros em que ela emperra no humor e na surpresa. A cena de Fernando nos halteres, por exemplo, é pobre de texto como uma piada infeliz e sem graça.
O ritmo do espetáculo também fica bastante prejudicado por sua estrutura. Fernando ora está interagindo com as imagens num telão, ora volta-se para cima de um púlpito e anuncia as atrações seguintes, disfarçado de anão (ótima caracterização, aliás, graças ao talento da figurinista Carol Badra). Isso vai se alternando até que na terceira ou quarta vez o elemento surpresa já se foi e o roteiro fica um pouco maçante. O blecaute para as transições interrompe a “viagem” olímpica de forma muitas vezes fatal.
No caso da interação com o telão, porém, há momentos de incrível sincronia das imagens projetadas com o ator ao vivo, isso sim surpreendendo a plateia, isso sim fazendo valer uma visita à esta nova montagem do LaMínima. É raro que os encenadores consigam tamanha harmonia e entrosamento entre atores e imagens pré-gravadas. Parabéns para LaMínima e seu atleta Fernando Sampaio.
SERVIÇO:
Teatro Alfa – Sala B. R. Bento Branco de Andrade Filho, 722 - Santo Amaro. Tel. (11) 5693-4000. Vindo na Marg. Pinheiros sentido Santo Amaro, fazer retorno na ponte Transamérica e entrar à direita antes de voltar para marginal (Rua do Teatro Alfa). O teatro localiza-se anexo ao Hotel Transamérica (altura do nº 18.591 da Avenida das Nações Unidas). A Cortina da Babá: sábados e domingos, 16h. Athletis: sábados e domingos, 17h30. Ingressos a R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia).
Dib Carneiro Neto, 50, é jornalista, dramaturgo (Prêmio Shell 2008 por Salmo 91), crítico de teatro infantil e autor do livro Pecinha É a Vovozinha(DBA), entre outros. Fale com ocolunista
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Um intruso chamado telão
Será que o uso de tecnologias no palco é o suficiente para criar um espetáculo de qualidade e chamar a atenção das crianças?
Dib Carneiro Neto
No ano de 2003, quando lancei meu livro Pecinha É a Vovozinha, pela editora DBA, escrevi o seguinte parágrafo sobre o perigo do excesso de efeitos multimídia nas peças de teatro para crianças:
“Muitos autores acham que, para atingir o jovem no teatro, basta levar para o palco os recursos tecnológicos com que esse jovem está acostumado a lidar, ou seja, a linguagem de videoclipe, a rapidez da internet, o visual dos shows de rock, a alta voltagem, as cenas pré-gravadas em vídeo e exibidas em telões em cima do palco. Mesclar linguagens artísticas diferenciadas num espetáculo voltado para jovens é uma atitude até coerente com o universo adolescente multimídia. Mas abusar disso é lamentável, é um equívoco redutor e afasta os autores das especificidades da linguagem e carpintaria teatral.” (pág. 12)
Neste ano de 2011, há em cartaz pelo menos três belos espetáculos em São Paulo que usam projeção de imagens em telão de uma forma absolutamente criativa, harmoniosa, justamente sem perder a mão da dramaturgia. Finalmente aprendemos? Só há motivos para comemorar e prestigiar os três espetáculos, que já foram abordados por mim nesta coluna.
Um deles é O Fantasma da Máscara, com direção de Rosi Campos. Durante todo o espetáculo, o ótimo elenco contracena com um telão em alta definição, que funciona como um cenário animado ou videocenário. Excelentes cenas de animação (com desenhos do ilustrador Osiris Junior) casam muito bem com os atores ao vivo. É um recurso muito usado no teatro fora do Brasil. Por aqui, quem está engatinhando no uso de videocenários e acertando muito são as companhias Pia Fraus e Maracujá Laboratório de Artes, que no ano passado mostraram a técnica com segurança emRabisco – Um Cachorro Perfeito.
Outro exemplo bem sucedido desta temporada é Athetis, da Cia. LaMínima. Entre muitas outras cenas bem sincronizadas, o premiado ator Fernando Sampaio chega a “furar” o telão e passar para o lado de lá das imagens, numa trucagem muito bem feita. É bem divertido e surpreende a plateia. EmAvalon, com direção da ótima Karen Acioly, o terceiro bom exemplo da temporada, reproduzem-se multiplicadamente no telão detalhes das cenas que transcorrem no palco, e isso resulta plasticamente vistoso e forte. Valoriza a cena ao vivo, por incrível que pareça.
O teatro não podia ficar parado no tempo. O que me anima é que, de uma maneira geral, não há retrocesso: o teatro infantil feito no Brasil melhora a cada ano. O que melhorou? Melhorou a visão do próprio artista com relação à criança. Mudou a forma de abordagem. O que é dito à criança hoje é dito com mais respeito, maior cuidado, maior responsabilidade. Isso mudou não porque a criança de hoje seja mais crítica e exigente do que foram as crianças das gerações passadas. No tempo dos nossos avós, criança também sabia quando estava sendo desprezada, subestimada e enganada artisticamente. O que acontece, e isso não é nenhum ovo de Colombo, é que as crianças de cada geração – e ainda bem que é assim, o mundo anda pra frente – vão tendo mais e mais parâmetros de comparação, vão sendo cada vez mais expostas a outros níveis de informação, de arte, de tecnologia.
Para nos ajudar a refletir sobre o uso de tecnologia no palco, separo abaixo para vocês alguns depoimentos que colhi, com gente boa da área de teatro infantil, também para o livro Pecinha É a Vovozinha. Vamos pensar com eles?
Vladimir Capella, diretor de O Meu Amigo Pintor: “Um autor de teatro, para qualquer idade, precisa levar em conta o ser humano, ajudá-lo a encontrar significados para a vida, trabalhar com as questões essenciais que o atormentam, fornecer subsídios para que ele possa identificar-se, projetar-se, rir, chorar, reflexionar e construir sua história. E isso pode ser feito com uma linguagem ultramoderna ou clássica, assim como um diretor pode conceber um espetáculo cibernético ou com velhas caixas de papelão.”
Pamela Duncan, diretora do grupo A Peste: “Acho realmente que a gente fica falando sozinho quando se acha na obrigação de ser moderno e põe no palco tecnologia sem sentido, sem conteúdo.”
Isser Korik, diretor e coordenador do Teatro Folha: “A agilidade que procuro é puramente teatral. Ritmo tem a ver com emoção.”
Débora Dubois, diretora de Quem Tem Medo de Curupira?: “Acredito que o teatro também deve viver suas delicadas mudanças, e o uso da tecnologia é uma das formas, se for pensada de modo criativo, procurando e pesquisando maneiras diferentes de utilizá-la no palco.”
Ewerton de Castro, ator e diretor: “O teatro pode usar outras linguagens desde que não despreze a sua, que é a da magia absoluta.”
O Fantasma da Máscara. Teatro Raul Cortez. Rua Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista, São Paulo, tel. (11) 2626-0261. Sábados e domingos, às 16 horas. Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda pelo site ingressorapido.com.br ou pelo tel. (11) 4003-1212. Atenção: temporada prevista até 26 de junho. Estacionamento no local (R$ 15). Livre. Duração: 70 min.
Athletis. Teatro Alfa – Sala B. R. Bento Branco de Andrade Filho, 722 - Santo Amaro. Tel. (11) 5693-4000. Sábados e domingos, 17h30. Ingressos a R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia).
Avalon. Teatro Popular do Sesi. 456 lugares. Avenida Paulista, 1.313, tel. 3146-7405. Duração: 60 min. Sábados e domingos, às 16 h. Quintas e sextas para escolas. Grátis. Os ingressos devem ser retirados na bilheteria uma hora antes do dia da apresentação. Recomendação da produção: a partir de 10 anos. Atenção: temporada prevista até 26 de junho.
Dib Carneiro Neto, 50, é jornalista, dramaturgo (Prêmio Shell 2008 por Salmo 91), crítico de teatro infantil e autor do livro Pecinha É a Vovozinha(DBA), entre outros. Fale com ocolunista
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folhinha (Folha de São Paulo) - 11/06/2011 - 08h00
GABRIELA ROMEU
EDITORA-ASSISTENTE DA FOLHINHA
"O importante não é vencer nem só competir. O importante é se divertir!"
É o que realmente diria o Barão de Coubertin, criador das Olimpíadas da Era Moderna (hoje os Jogos Olímpicos), ao ver a peça "Athletis", da companhia La Mínima, no teatro Alfa.
Na peça, o barão conta que essa história do homem e dos esportes começou já nos tempos das cavernas. Ou não era um verdadeiro esporte caçar para garantir o jantar?
Mas quem enfrenta uma maratona no palco para contar essa saga é o ator Fernando Sampaio. Ele faz dez personagens -fora os que aparecem no telão.
Dessa vez, ele está sem seu parceiro de palco, o ator Domingos Montagner. "Mas encenar com outro personagem no telão não deixa de ser divertido", conta. Imagine lutar boxe contra a própria sombra!
Quem ganha? A própria plateia, que ri à beça com as caras e as caretas do ator.
RECORDE
Como as trocas de figurino (roupas) são feitas rapidamente na peça? Fernando Sampaio conta que tudo foi cronometrado durante os ensaios. O tempo para trocar um figurino e a duração dos vídeos no telão tinham que combinar. Uma das trocas tem que ser feita em seis segundos.
PARA CONFERIR
"ATHLETIS"
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Sto. Amaro; tel. 0/xx/11/5693-4000)
Quando: sábados e domingos, às 17h30; até 10/7
Quanto: de R$ 12 a R$ 24
Luiza Sigulem/Folhapress
O ator Fernando Sampaio interpreta vários personagens na peça "Athletis", como o homem das cavernas
Luiza Sigulem/Folhapress
O ator interpreta também uma patinadora