O PARAÍSO SEGUNDO O ISLÃO
novo projeto fraturante do Bloco de Esquerda
Preocupado em não impor convicções religiosas e sempre aberto à relatividade cultural, designadamente no que ao mundo do Islão diz respeito, mas muito atento às questões da igualdade de género, o BE pretende que seja obrigatório criar um segundo Céu, de acesso exclusivo das mulheres, com homens virgens (e que voltam a sê-lo após cada encontro sexual), que as respeitem, que obedeçam sem restrições e que andem nús, para efeitos de simplicidade na abordagem.
No momento em que conseguimos apurar esta informação, decorria, ainda, uma sessão temática destinada aos filiados do BE, tendo como orador/a (não pode mencionar-se o género) o/a presidente/a da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, pois ficou por decidir da eventual necessidade de um terceiro céu (ou mesmo mais, consoante as legítimas identidades de género de cada um).
O PAN foi excluído destas negociações, pois considerou-se que a sociedade ainda não está preparada para incluir animais nestes cenários. Um dia, porventura.
CATARINA MARTINS APONTA BATERIAS AO DAESH
À saída da reunião onde altos dirigentes do BE decidiram a obrigatoriedade de vários céus (um para cada identidade de género), Catarina Martins, em conferência de imprensa, manifesta-se contra a ultrajante prática do DAESH de apenas permitir atentados bombistas perpetrados por homens. "Vivemos, ainda, num mundo de barbárie sexista. O BE exige ao DAESH que, no mínimo, 50% dos atentados bombistas sejam realizados por mulheres. Ninguém pode recusar o direito às mulheres de se armadilharem com coletes explosivos e se fazerem explodir. Quero ter a certeza de poder contribuir para um mundo onde as minhas filhas tenham os mesmos direitos que os homens", afirmou a destacada dirigente.
O dirigente do PAN acrescentou, em notícia à Lusa, que os animais não devem ser excluídos desta iniciativa. Até porque animais como as vacas conseguem ser portadores de explosivos com mais e melhor potência.
Como habitualmente, as reações à proposta do BE não se fizeram esperar. São vários os quadrantes políticos a manifestar-se, através de alguns dos seus representantes (leia-se, os que estavam disponíveis e se pelam por estar presente nos media).
PASSOS COELHO
Uma vez mais, vemos este Governo, e a geringonça que o acompanha, a desrespeitar compromissos previamente assumidos e políticas consequentes e equilibradas como as que o meu Governo conseguiu assegurar. Esta ideia não tem cabimento orçamental. Não se trata de desrespeito pelas preferências religiosas ou pela individualidade das escolhas espirituais. Trata-se de realismo. Recordo que apresentamos uma proposta na assembleia para cortar o único céu do Islão em metade (7 virgens por mártir é incomportável), na procura de não hostilizar os mercados.
JERÓNIMO DE SOUSA
A classe trabalhadora recusa qualquer limitação, por questões orçamentais, que possa vir a ser imposta a crentes, independentemente do seu credo. Nós não cremos, mas queremos que outros creiam, em qualquer coisa que queiram crer. E não será a criação de mais céus que vai prejudicar o orçamento do Estado. Creiam nisto que vos digo. Fiscalizem a banca, os ricos e os off-shores, pois isso permite criar céus todos os dias, ao longo de uma década.
ANTÓNIO COSTA
Analisaremos esta proposta com a mesma cautela e ponderação com que temos analisado todas as ideias que permitam contribuir para o desenvolvimento do país. Estamos sensíveis para as pretensões do Bloco de Esquerda, que consideramos legítimas e pertinentes, mas teremos de equacionar qualquer solução no quadro das exigências europeias e dos compromissos assumidos pelo Estado Português (se quiser, pela Estada Portuguesa). Julgamos poder chegar a acordo em torno da criação de dois céus e meio, onde possamos incluir várias das, mais do que legítimas, orientações e pretensões de identidade de género. Já entreguei este assunto ao Diogo Lacerda Machado, para que encontre uma solução de compromisso que satisfaça todas as partes. A título gracioso, claro.
PEDRO ARROJA
O reputado economista, aparentemente incomodado com a proposta do BE, convocou uma conferência de imprensa (em que apenas esteve presente o Correio da Manhä, a quem agradecemos a disponibilização da informação), onde se expressou efusivamente. Chegou, sentou-se, abanou com a cabeça em jeito de discordância e afirmou: "Parvoíce". Levantou-se e saiu. Concludente, sem dúvida.
DIOGO FEYO (com Y, claro)
Não obstante o facto de os dirigentes do BE se encontrarem nos antípodas de Diogo Feyo (com Y, claro), deve salientar-se a generosidade com que, fiéis a princípios, reclamam a possibilidade de Diogo Feyo poder, caso o pretenda, assumir outras identidades de género. Daí a circunstância de se lhe referirem como a Dioguita Feiita. Pois este ilustre representante da nova Direção centrista, cujo principal ativo político reside no facto de ter sido Secretário de Estado da Educação e nada perceber do assunto (convenhamos que é um exemplo inequívoco de dedicação à Pátria), quando por nós inquirido a propósito da iniciativa do BE, limitou-se a responder que ainda era cedo para vaaaaar e que importava conheçaaaaar com mais detalhe a proposta. E escusou-se a mais comentários, invocando uma consulta com uma terapeuta da fala agendada para hoje.
ASSUNÇÃO CRISTAS
Esta nova e notável dirigente do CDS-PP (ainda é assim que se chama?) foi lapidar:
"Considero uma iniciativa que merece ser ponderada. Já há muito tempo que, no âmbito da religião que professo, defendo que vale a pena equacionar, com bases históricas, se Jesus Cristo era o único VERBO divino. Há evidências que sugerem a existência de uma mulher, intitulada Jesua Crista, igualmente pregada na cruz. Estudos arqueológicos recentes sugerem que estava ao lado do ladrão mau, mas foi injustamente ignorada ao longo de todos estes séculos. Refiro-o desinteressadamente, apenas em defesa da verdade histórica, apesar de ser uma descendente da referida santa (ou verba divina).
JORGE JESUS
A gente tamos a brincar com o fogo, fônix. Céu é a Direção do Seportingue, Deus é o Bruno, o seu fiel executor somos eu e o resto são pinatx. Qualquer dia, a gente estamos a falar do Rui Vitória como santo (fchhhhhh, o ruído que faz entre frases). Cais paneleiros cais carapuça. Homem que é homem não partilha casas de banho.
João Gouveia
Vila do Conde, 2016