UMBRAL?

Umbral é a denominação dada à laje de pedra ou peça de madeira colocada na parte inferior de uma porta sobre o piso ao nível do chão ou ligeiramente acima deste (soleira). Nas construções antigas, e ainda hoje, costuma-se colocar uma pedra (de vários tipos, mármore, granito, ardósia, lajota, madeira, etc.), com a mesma largura da porta para funcionar no nível do piso como demarcação de separação entre os dois ambientes.

Originada do espanhol, umbral vem do antigo catalão limbrar que, por sua vez, vinha do latim liminaris, -e, relativo à soleira da porta.

Em português, umbral passou a significar peça lateral de uma porta ou ombreira e, em sentido figurado, porta, entrada, limiar, ponto de entrada ou início de algo.

O termo Umbral no movimento Espírita brasileiro surgiu com o Livro “Nosso Lar”, psicografado por Chico Xavier, atribuída ao espírito André Luiz.

No livro Nosso Lar, o umbral é definido como sendo uma "região destinada a esgotamento de resíduos mentais (...)".

A princípio já podemos classificar tal definição de confusa e incompleta pois a expressão "esgotamento de resíduos mentais" pode ter várias e amplas interpretações não possuindo uma linguagem objetiva e clara como a dos Espíritos Superiores.

Em virtude de algumas conclusões tiradas desta obra e de outras posteriores que tratam do assunto, alguns arriscam afirmar que todos na Terra passarão pelo Umbral após desencarnarem.

No entanto na Doutrina Espírita, ou seja, no Livro dos Espíritos e nas demais obras da Codificação não encontramos nada que confirme ou justifique tal afirmação, até porque Kardec nunca usou esse termo com a definição dada por André Luiz. Ao contrário, Kardec traz o ensinamento de que não há nenhum lugar ou região circunscrita para sofrimento, como podemos analisar nos diversos trechos abaixo:

O Livro dos Espíritos. 87 Os Espíritos ocupam uma região determinada e circunscrita no espaço?

– Os Espíritos estão em todos os lugares, povoam infinitamente os espaços. Estão sempre ao vosso lado, vos observam e agem entre vós sem os perceberdes, porque os Espíritos são uma das forças da natureza e os instrumentos dos quais Deus se serve para a realização de Seus desígnios providenciais. Mas nem todos vão a todos os lugares, porque há regiões interditadas aos menos avançados.

O Livro dos Espíritos 278 Os Espíritos de diferentes ordens se misturam uns com os outros?

– Sim e não, ou seja, eles se vêem, mas se distinguem uns dos outros e se afastam ou se aproximam, de acordo com os seus sentimentos, como acontece entre vós.Constituem um mundo do qual o vosso dá uma vaga idéia.Os da mesma categoria se reúnem por afinidade e formam grupos ou famílias de Espíritos unidos pela simpatia e objetivo a que se propuseram: os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se encontrar entre seres semelhantes.

Exatamente como numa grande cidade, onde os homens de todas as categorias e condições se vêem e se reencontram sem se confundirem; onde as sociedades se formam por semelhanças de gostos; onde o vício e a virtude convivem cada um à sua maneira.

O Livro dos Espíritos 1012 Haverá lugares determinados no universo destinados às penalidades e aos prazeres dos Espíritos, conforme seus méritos?

– Já respondemos a essa questão. As penalidades e os prazeres são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos; cada um tira de si mesmo o princípio de sua própria felicidade ou infelicidade; e como estão por toda parte, nenhum lugar localizado nem fechado está destinado a um ou a outro. Quanto aos Espíritos encarnados, eles são mais ou menos felizes ou infelizes conforme o mundo que habitem seja mais ou menos avançado.

O Livro dos Médiuns, Cap. I, intem 2, terceiro parágrafo:

Não podendo a doutrina da localização das almas harmonizar-se com os dados da Ciência, outra doutrina mais lógica lhes assina por domínio, não um lugar determinado e circunscrito, mas o espaço universal: formam elas um mundo invisível, em o qual vivemos imersos, que nos cerca e acotovela incessantemente. Haverá nisso alguma impossibilidade, alguma coisa que repugne à razão? De modo nenhum; tudo, ao contrário, nos afirma que não pode ser de outra maneira.

Com relação ao fato de todos passarmos pelo Umbral e admitindo Umbral apenas como sendo o período transitório de perturbação, ainda assim argumentamos, segundo a Codificação, que alguns de nós que passamos pela vida de forma resignada nas provas e agindo fraterna e caridosamente para com os nossos semelhantes nos esforçando para corrigirmos nossas más inclinações (defeitos morais), desencarnaremos felizes e com um reduzido ou inexistente período de perturbação como todos os Espíritos que se encontram no Capítulo II Segunda Parte do Livro “O Céu e o Inferno” de Allan Kardec.

Kardec lutou tanto para acabar com a crença no inferno e vemos agora com tristeza renascer tal idéia, trazida por espíritos católicos, confundindo os menos informados e atrapalhando um trabalho sério e infinitamente importante para a humanidade, realizado por Kardec.

Aires Santos da Costa