Deus Castiga?

Essa questão é tratada no movimento espírita brasileiro com o seguinte raciocínio:

Tendo como um de seus atributos a bondade infinita Deus não castiga ninguém, sendo os sofrimentos que passamos conseqüência de nossos erros e imperfeições.

Esse pensamento não é correto, baseados nas diversas respostas e ensinamentos contidos na Doutrina Espírita, dadas por Espíritos Superiores, como veremos abaixo, mas antes vamos analisar a definição da palavra castigo.

Castigo é uma sanção usada para reprimir uma conduta considerada incorreta, podendo ter carácter educativo, disciplinar ou judicial. (Fonte: Wikipédia)

A ideia de que Deus não castiga porque é bom, vem da interpretação equivocada da palavra castigo. Alguns entendem que castigo é sempre aquele aplicado com excesso e crueldade, às vezes injustamente, como os aplicados aos escravos pelos seus senhores. Desde que o castigo seja uma punição por uma falta cometida contra as leis de Deus e que seja também proporcional à falta cometida, depois de analisado o grau de adiantamento daquele que errou, essa punição deixa de ser entendida como uma falta de bondade de Deus para ser, ao contrário, uma conseqüência de sua justiça, imparcialidade e também bondade, tendo em vista que através desse castigo é que o ser em expiação reflete sobre seus erros e arrepende-se. Não agem também assim os pais, embora sejam bons, quando tem que corrigir seus filhos? Tudo isso fica bem claro nas questões abaixo:

O Livro dos Espíritos. 781.

Tem o homem o poder de paralisar a marcha do progresso?

“Não, mas tem, às vezes, o de embaraçá-la.”

a) — Que se deve pensar dos que tentam deter a marcha do progresso e fazer que a Humanidade retrograde?

“Pobres seres, que Deus castigará! Serão levados de roldão pela torrente que procuram deter.”

Questão 1009

"Que é o castigo? A conseqüência natural, derivada desse falso movimento; uma certa soma de dores necessária a esgotá-lo da sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que estimula a alma, pela amargura, a se dobrar sobre si mesma e a buscar o porto de salvação. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção. Querê-lo eterno, por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão de ser. (Paulo, apóstolo)

Livro O Céu e o Inferno, Cap VI, 21 (no final)

"...Segundo a Doutrina Espírita, de acordo mesmo com as palavras do Evangelho, com a lógica e com a mais rigorosa justiça, o homem é o filho de suas obras, durante esta vida e depois da morte, nada devendo ao favoritismo: Deus o recompensa pelos esforços e pune pela negligência, isto por tanto tempo quanto nela persistir."

O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. X, 6.

"...O obsidiado e o possesso são, pois, quase sempre vítimas de uma vingança, cujo motivo se encontra em existência anterior, e à qual o que a sofre deu lugar pelo seu proceder. Deus o permite, para os punir do mal que a seu turno praticaram, ou, se tal não ocorreu, por haverem faltado com a indulgência e a caridade, não perdoando."

A ideia de que somos nós mesmos que nos castigamos ao cometermos erros, não faz sentido tendo em vista que as leis foram criadas por Deus e se as infringimos seremos punidos. Se Deus é quem criou tais leis, consequentemente é Ele que nos pune. Isso está claro. Até mesmo quando um criminoso se entrega à Justiça, não podemos dizer que foi ele que se castigou. Não faz sentido. Ele cometeu uma infração, arrependeu-se, entregou-se e será julgado e se condenado será castigado com a pena de detenção numa penitenciária, ou outra qualquer, por período estabelecido pela Lei, proporcional ao crime cometido. Não é ele que se pune mas a lei, no nosso caso a lei de Deus.

Entre aqueles que erram contra as leis de Deus existem os que zombam de sua justiça ou dela duvidam, por ignorância ou orgulho, mas de uma forma ou outra, só através do castigo é que entenderão a soberana justiça e, porque não dizer bondade de Deus, que lhes dará quantas oportunidades forem necessárias até que se corrijam.

Para completar esse assunto devemos fazer um estudo criterioso do texto código penal da vida futura do livro O Céu e o Inferno, Cap. VII, 3º item.

Aires Santos da costa