De duas uma

Analisando as diversas contradições abordadas nesse "site" somos forçados a concluir que: De duas opções uma é verdadeira, ou a Codificação está ultrapassada, desatualizada e até mesmo incorreta em vários pontos, desde o seu surgimento, ou ela está atualizada e correta em todos os pontos desde o seu surgimento, até hoje. Se admitirmos que Ela esteja errada em sua base perderia todo o crédito perante seus próprios adéptos e seus contraditores teriam armas suficientes para destruí-la. Admitindo, ao contrário, a impossibilidade desses erros somos forçados a concluir que várias obras dentro do movimento espírita brasileiro (algumas já citadas neste site) estão erradas doutrinariamente falando, por estarem evidentemente contrárias aos ensinamentos contidos nas bases da Doutrina. Não esperamos que aqueles que já formaram idéia pré-concebida mudem de opinião ou concordem com tudo o que está escrito aqui. Mas esperamos que aqueles leitores sérios e conscientes da grandeza da Doutrina Espírita reflitam bastante sobre o conteúdo deste trabalho para que tais contradições que são, sem sombra de dúvidas, bastante evidentes, sejam analisadas com mais seriedade e rigor, não só por dirigentes, mas por todos os Espíritas verdadeiros, sem medo de ferir pessoalidades, corrigindo-se os equívocos e evitando-se, assim, o desvirtuamento das bases doutrinárias. Lembramos que Kardec alerta sobre o grave perigo de publicarmos ou divulgarmos irrefletidamente teorias errôneas, definindo-os de Espíritas exaltados, classificando-os na Quarta Classe: “Há, finalmente, os espíritas exaltados. A espécie humana seria perfeita, se sempre tomasse o lado bom das coisas. Em tudo, o exagero é prejudicial. Em Espiritismo, infunde confiança demasiado cega e freqüentemente pueril, no tocante ao mundo invisível, e leva a aceitar-se, com extrema facilidade e sem verificação, aquilo cujo absurdo, ou impossibilidade a reflexão e o exame demonstrariam. O entusiasmo, porém, não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo. São os menos aptos para convencer a quem quer que seja, porque todos, com razão, desconfiam dos julgamentos deles. Graças à sua boa-fé, são iludidos, assim, por Espíritos mistificadores, como por homens que procuram explorar-lhes a credulidade. Meio-mal apenas haveria, se só eles tivessem que sofrer as conseqüências. O pior é que, sem o quererem, dão armas aos incrédulos, que antes buscam ocasião de zombar, do que se convencerem e que não deixam de imputar a todos o ridículo de alguns. Sem dúvida que isto não é justo, nem racional; mas, como se sabe, os adversários do Espiritismo só consideram de bom quilate a razão de que desfrutam, e conhecer a fundo aquilo sobre que discorrem é o que menos cuidado lhes dá”. (O Livro dos Médiuns – Capítulo III .28)

Queremos deixar bem claro que não se trata de perseguição a nenhum médium ou autor, mas sim da defesa de uma Doutrina pura, clara e simples, que vem sendo discretamente minada e adulterada, como a Igreja fez antigamente com o próprio Evangelho de Jesus.

Como Espíritas temos o dever de opinar e agir a fim de evitarmos o que estamos vendo com muita tristeza: o esquecimento e o descaso das obras de Allan Kardec, criteriosa e metodicamente elaboradas como uma Ciência séria que é. Algumas pessoas acham que podem apoiar-se na Codificação quando necessário e desprezá-la, ou "entortá-la", quando lhes convém. Com medo de ferirem o amor próprio desse ou daquele médium, utilizam-se de argumentos falsos como dizerem que Kardec não se aprofundou em tal assunto ou que hoje as coisas mudaram, admitindo, na maioria das vezes, que apenas uma mensagem seja suficiente para abandonarem a Codificação e ficarem com as novidades, por terem vindo através de um médium respeitado, mesmo quando estejam claramente contrárias às bases da Doutrina. Taxam de conservadores, clássicos, ortodoxos e até de obsediados aqueles que procuram defender as Bases Doutrinárias. "Defender" Kardec e a pureza da Doutrina é motivo de críticas severas que são feitas por aqueles que pregam o conceito errado do: "Não critique, auxilie" dizendo que estaríamos faltando com a caridade. "Eles podem criticar e o fazem sempre, mas para eles, não se aplicam, incoerentemente, o mesmo critério. Então, perguntamos: como aplicarmos o critério do Controle Universal no ensino dos espíritos? como aplicarmos o critério do crivo da razão? como aplicarmos o critério da análise das questões pelo médium, doutrinador ou dirigentes, e os recomendados questionamentos aos espíritos comunicantes de tais novas reformulações? Perguntamos ainda, quando Kardec recomendou ou veio admitir como verdadeira alguma mensagem utilizando-se apenas da credibilidade de algum médium? NUNCA, respondemos nós. Ao contrário, ele sempre recomendou prudência e criteriosa análise de tudo, como no trecho de O Livro dos Médiuns – Cap. XXXI – IX / Nota 3º parágrafo. “Como já dissemos, quanto mais elevados são os Espíritos na hierarquia, com tanto mais desconfiança devem os seus nomes ser acolhidos nos ditados...”, bem como nos trechos abaixo, encontrados na “Revista Espírita”:

· R. E. 1864, p. 101 O primeiro controle é, sem contradita, aquele da razão, à qual é necessário submeter, sem exceção, tudo aquilo que venha dos Espíritos; toda teoria em contradição manifesta com o bom senso, com uma lógica rigorosa, e com os dados positivos que se possui, mesmo que seja assinada por nome respeitável, deve ser rejeitada.

· R. E. 1864, p. 103 : «O controle universal é uma garantia para a unidade futura do Espiritismo, e anulará todas as teorias contraditórias. É aí que, no porvir, se buscará o critério da verdade. O que fez o sucesso da Doutrina, formulada no Livro dos Espíritos e no Livro dos Médiuns, é que, por toda parte, cada um pode receber diretamente dos Espíritos a confirmação daquilo que eles contém. Se, de todas as partes, os Espíritos tivessem vindo contradizê-los, esses livros teriam depois de muito tempo tido a sorte de todas as concepções fantásticas. Mesmo o apoio da imprensa não os teria salvado do naufrágio, enquanto que, privados desse apoio, não fizeram um caminho menos rápido porque tiveram o apoio dos bons Espíritos cuja boa vontade compensou, e ultrapassou, a má vontade dos homens. Assim o será de todas as idéias emanadas dos Espíritos e dos homens, que não puderem suportar a prova desse controle, do qual ninguém pode contestar o poder.»

· R. E. 1859, p. 176 : «Os Espíritos são aquilo que são, e não podemos mudar a ordem das coisas ; não sendo todos perfeitos, não aceitamos suas palavras senão sob análise e não com a credulidade das crianças ; julgamos, comparamos, tiramos as conseqüências de nossas observações, e mesmo seus erros são para nós ensinamentos, porque não fazemos abnegação de nosso discernimento.

· R. E. 1865 p. 41 : “...O Espiritismo está longe de haver dito sua última palavra, quanto às suas conseqüências, mas está inabalável nesta base, porque esta base se assenta sobre os fatos.”

É extremamente necessário que algo seja feito e já, para que tais contradições não prejudiquem e atrasem consideravelmente a divulgação da verdadeira Doutrina Espírita, Ciência e Filosofia como definiu Kardec, aquela que realmente consola, que realmente nos enche de esperanças, que nos dá certezas e não dúvidas, que destrói os mitos e não nos envolve com mais fantasias, que nos revela um mundo espiritual bem diferente do mundo material que conhecemos.

Devemos seguir todos, conscientemente, o precioso conselho do Espírito Erasto de que é melhor repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. (O Livro dos Médiuns – Cap. XX .230 / 6º parágrafo).

Temos sobre esse assunto preciosos conselhos de Herculano Pires, no livro “A Pedra e o Joio” que traz na introdução o seguinte:

“O símbolo da pedra de toque é usado neste livro para representar a Codificação do Espiritismo. Qual­quer novidade que apareça no meio doutrinário pode revelar a sua le­gitimidade ou a sua falsidade num simples toque dos seus princípios com os da doutrina codificada. Na crítica aprofundada que faz da Teoria Corpuscular do Espírito oferece um modelo seguro de análise a que devem ser submetidas todas as inovações propostas. De posse desse modelo os estudiosos terão um roteiro eficiente para sua ori­entação no uso do bom senso e da razão crítica.

A palavra crítica é aqui usada no sentido clássico de avaliação de uma obra ou de uma teoria, e não no sentido popular de censu­ra ou maledicência. A crítica como avaliação é indispensável ao desen­volvimento da cultura, ao aprimo­ramento da inteligência. Sem a justa apreciação de livros e dou­trinas estamos sujeitos a enganos que nos levarão a situações desas­trosas. Há doutrinas apresentadas com roupagem literária e científi­ca enganadora. Precisamos despi-las para chegar à verdade que, segundo a tradição, só pode ser conhecida em sua nudez.”.

(Pedra de toque: cristal duro que serve para os ourives verificarem a pureza de um metal.)

Se admitirmos que livros como “Nosso Lar”, “Violetas na Janela”, “Na próxima Dimensão” possam trazer alterações, inovações ou reformulações à Codificação estaremos pondo em risco a credibilidade da Doutrina e jogando “por água abaixo” todos os esforços e ensinamentos de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores. Kardec faz constar no próprio Livro dos Espíritos, em Prolegômenos, o seguinte: “O Livro dos Espíritos é obra dos Espíritos Superiores e foi por Eles revisto antes de ser publicado a fim de se verificar todas as minúcias”. Também encontramos na Introdução de O Livro dos Médiuns, 10º parágrafo, o seguinte: “Importantes alterações para melhor foram introduzidas na segunda edição, muito mais completa do que a primeira. Acrescentando-lhe grande número de notas e instruções do maior interesse, os Espíritos a corrigiram, com particular cuidado.”.

E para aqueles que acham que tais obras, na sua maioria romances, têm a característica de completarem (???) a Doutrina Espírita, citamos o segundo inciso do item 35 do capítulo III do Livro dos Médiuns, que traz: “2º. – O Livro dos Espíritos. Contém a doutrina completa, como a ditaram os próprios Espíritos, com toda a sua filosofia e todas as suas conseqüências morais...”

Encontramos no Livro "A Pedra e o Joio" de José Herculano Pires, no Capítulo "O Método de Kardec" o seguinte:

"Só a ignorância orgulhosa ou a inteligência vaidosa e interesseira podem hoje querer superar Kardec, quando a própria Ciência e a própria Filosofia atuais estão ainda ras­treando as conquistas de Kardec, nos rumos de futuras descobertas. O Espiritismo evolui, como tudo evolui no Uni­verso. Esse é um axioma espírita. Mas a obra de supe­ração de Kardec pertence às gerações do amanhã, pois a geração atual não revelou ainda condições sequer para compreender Kardec. Por outro lado, é bom lembrar que a superação de Kardec não será mais do que o prossegui­mento do seu trabalho, o desdobramento da sua obra, na medida em que o homem se torne mais apto a compreender o que Kardec ensinou. O atraso atual do movimento espí­rita nos sugere, mesmo, que talvez o próprio Kardec tenha de voltar à Terra, como os Espíritos lhe disseram na ocasião em que esteve entre nós, para completar a sua obra, que homem nenhum foi capaz até o momento de ampliar em qualquer sentido."

É verdade que Allan Kardec disse: "Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ela a aceitará.", mas o que vemos surgir na literatura espírita atual são inovações ou contradições? Estariam essas obras colaborando com o verdadeiro espiritismo ao trazerem fatos importantes sobre o mundo espiritual ou são superficialidades que nada acrescentam à Ciência Espírita? Essas "inovações" estariam seguindo o critério da Universalidade no ensino dos espíritos? Analisem com imparcialidade, coloquem-se como pessoas neutras, sem pensamentos pré-concebidos, reflitam sobre tudo o que foi colocado acima e tirem, cada um, suas próprias conclusões.

Aires Santos da Costa

Leiam, POR FAVOR, o Livro abaixo: "A Pedra e o Joio" de José Herculano Pires