carta_com_buque
Poesia escrita sem data, em Campinas, SP. Já está explícito que é para Ana. Muito tempo separados, após esta, reatamos nosso romance. Eu na minha ignorância não sabia a diferença entre "armário" e "estante". Foi ela quem me ensinou, por isso a referência nesta carta poética e filosófica. O buquê que mandei entregar no local de trabalho de Ana, era de Rosas vermelhas e dois Cravos brancos.
Carta com Buquê
Olho para o céu e vejo um sorriso que não esqueço.
Procuro alguma coisa linda nos cinco elementos primordiais:
Procuro no céu, na terra, na madeira, no fogo e na água.
À noite olho para o céu e só vejo a "boca da noite";
viro para um lado na cama e vejo um guarda-roupa,
viro para outro e vejo um armário, ou uma estante?
Procuro o agradável calor das noites frias e sinto o relento
e um frio que percorre todo o meu corpo.
Tento ouvir a voz aconchegante e fico completamente surdo.
Tento olhar os olhares vagando e fico pasmo ao ver que nada vejo, tento entender tudo a minha volta, mas não acho explicações, só vejo motivos e erros meus, muitos erros, esta vida é muito complicada, já não sei mais o que é certo ou errado.
Procuro a "beleza total-interior-exterior", onde foi?
Sei que não a encontrarei, por que não posso mais,
mas essas flores irão encontrar; encontrar a quem amei
e que ainda amo muito e que muito, muito, muito amarei.