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MISTÉRIOS DA VIDA

Capítulo 07 - A Casa Assombrada

aguardamos aquele monstro, torcendo para que ele levasse um choque ou se perdesse no caminho, ou então que desistisse de nos perseguir. Sentamos numa muro baixo onde ficava o ponto de ônibus para descansar e relaxar um pouco. Não sei o que deu na gente, mas ficamos ali, pôr muito tempo, de "olho na estrada". Devia ser umas três horas da manhã.

— Jô, vamos esperar uma meia hora, depois a gente vai para casa.

Passada meia hora ...

— Hei Jô, vamos embora, já "estou pregado".

— Eu também. Não vejo a hora de "cair na cama".

— É, acho que agora terminou tudo, graças a Deus.

Retornamos à minha casa que fica atrás da Subestação da CPFL, já um pouco esgotados pelo que passamos, com fome e o pior de tudo sem cigarros e nem um bar aberto. Minha casa se localizava em uma chácara, onde havia umas oito casas. A minha era a última perto do rio Atibaia.

Logo bem em frente à rua, havia uma casa enorme com piscina, recém-construída e ainda em obras. Para chegarmos em minha casa, era necessário passar bem ao lado dessa enorme casa. Acontece que, ao chegarmos perto de uma das duas entradas que davam acesso, ouvimos um barulho que não parava:

— Plim ... Plim ... Plim ...

Pareciam as batidas de uma marreta em um ferro quente na bigorna.

— É Jô, alguma coisa não está querendo que a gente volte para casa hoje.

— Pois é Kung, agora mais essa! Uma casa assombrada em nosso caminho.

— A minha primeira casa nesta chácara era assombrada, agora, casa nova assombrada, nunca tinha ouvido falar !

— A sua casa era assombrada, Kung ?

— Bota assombrada nisso. Você via janela abrindo sozinha, ouvia alguém virando páginas do gibi que ficava na cozinha, ouvia corrente arrastando. Essas foram construídas no tempo dos escravos.

— É Kung, melhor a gente voltar lá para o centro de Sousas.

Voltamos para o centro de Sousas, olhamos a hora em um relógio do Banco Bradesco. Eram quatro horas e cinco minutos.

— Nós vamos ter que "apelar" agora, Kung !

— Como ?

— Vamos ver se a gente arruma cigarros pôr aí.

— Ta legal, Jô !

Começamos procurando pontas de cigarro, pois, a vontade era tanta de fumar que até papel aceso resolveria. E aguardamos naquela madrugada fria e horripilante com essa sucessão de acontecimentos incríveis.