O problema da violência nas escolas

Criado em 28/06/2019.



O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS


Vou começar com a minha história de vida:


Meu pai tinha uma oficina Eletrotécnica e minha mãe era costureira. Com oito (8) anos de idade, mostrei à minha mãe o desejo de trabalhar, tive uma ideia de abrir o meu próprio negócio baseado em três meninos que engraxavam sapatos em frente ao Cine Jade em Vila Galvão, Guarulhos, onde morava. Neste cinema, todo o final de semana eu frequentava e assistia os filmes. Bem, antes falei com minha mãe e ela me deu uma escova de dente, uma escova de sapatos e uma calçadeira. Montei minha caixa de engraxate e pedi para minha mãe um tamanco de madeira velho que ela tinha e fiz o apoio para os pés de meus futuros clientes. Minha caixa ficou o máximo, tinha até portinha em cima, era triangular e coloquei todos os instrumentos de trabalho, inclusive um pano para brilhar os sapatos e acrescentei álcool para misturar a graxa e dar mais brilho ainda. Fiz com minhas próprias mãozinhas. Chegou à noite, minha mãe comunicou ao meu pai esse meu desejo de trabalhar, mas antes me ofereci para engraxar os sapatos dele.


Ele conversou comigo e disse que eu era muito jovem para trabalhar e prometeu que assim que eu fizesse dez (10) anos de idade me levaria para trabalhar na oficina dele, então fiquei só engraxando o sapato dele todo dia.


Minha mãe me matriculou na escola com nove (9) anos de idade. Fiz o primeiro ano e passei, quando estava com dez (10) anos de idade fui com meu pai para a oficina dele e comecei a trabalhar lá. Até eu mesmo abria a oficina e ficava atendendo os seus fregueses e freguesas.


O começo desta história é só para ilustrar um pouco, agora vamos voltar ao ponto sobre a escola.


No segundo ano do primário, lá estava eu, um aluno comportado, aprendendo e assimilando tudo, até que problemas surgiram: naquela época não existia classe mista, era classe masculina de um lado e classe feminina do outro.


Na minha classe tinha uns quarenta (40) alunos, eu o mais comportado no início e mais alguns quietinhos, mas existiam dois alunos, um da minha idade e o irmão dele que era grandão de uns 15 ou 16 anos, o cara deve ter repetido no segundo ano por uns oito anos seguidos, era o cara mais bagunceiro da classe, mas tinha uma razão, ele gostava de se aparecer para a filha da professora, que era muito linda e, a professora "dava corda pra ele".


Eu tentava aprender alguma coisa, mas devido a bagunça estava difícil. O duro foi que todo dia quando ia pra escola, minha mãe me dava CZ 100,00 (cem cruzeiros) para tomar um lanche e todo dia eu era assaltado por esse cara, o nome dele era Miro. Parei de levar dinheiro e um dia acabei apanhando dele, quando disse que não tinha dinheiro e que era pobre, então todo dia levava um tapa dele. Isso foi me tirando a paciência e na escola mudei o meu comportamento. Comecei bagunçando também, só que comigo a professora colocava uma fitinha de papel na minha cabeça e mandava pra classe das meninas, lógico que as meninas davam muita risada quando eu entrava na classe delas. No outro dia, cabulei à aula.


Em frente à escola havia um bosque que tinha alguns coqueiros e muitas árvores, entre as árvores existia um condutor de água feito de tijolos, era dois tijolos baianos levemente inclinados para a esquerda mais alta, no centro um canal para correr a água e a direita mais dois tijolos inclinados para a direita mais alta. Este canal vinha lá do topo do bosque e seguia até próximo ao caminho inferior, onde se via o alambrado que fechava este bosque.


Juntei-me a mais alguns cabuladores, cada um pegou uma folha seca de coqueiro e a gente subia até o alto do morro do bosque e de lá nos lançávamos sentados na folha do coqueiro escorregando até dar uma trombada no alambrado, era muito divertido, depois de alguns sobe e desce escorregando, a gente enjoava e subia até o topo e saia do bosque. Depois mudamos a brincadeira, já na rua de cima da escola; um dos caras falava - cospe na minha mão, e todo mundo entrou nesta brincadeira que não deu certo, pois quando você cuspia na mão, ele tirava a mão e, do outro lado tinha outro cara. Adivinhem... Um cuspia na cara do outro, ai começava a briga, que a gente chamava de pau.

- Qual é, quer levar um pau! Ai, era porrada para todo lado.


E eram assim todos os dias, mais faltava do que frequentava aulas. Acabei ficando um cara revoltado na época, era brigão, brigava todos os dias. Apanhava, mas no começo tinha dó de bater nas outras pessoas, mas um dia enfezei e pensei: - "Vou ficar apanhando e deixar que pensem que sou covarde, então comecei a mostrar pra eles quem era o covarde".


Um dia estava na calçada em frente de casa e na outra rua a esquerda, quem eu vejo? O irmãozinho do Miro que passou numa turma de molecada, mas não vi o que aconteceu, só senti a pancada, quase desmaiei e gritei de dor. Quando passei a mão na minha testa, senti um calombo enorme, acho que tinha uns dois centímetros de altura e depois falaram que estava bem vermelho, foi quando olhei no chão, lá estava uma bola de piche preta do tamanho de uma bola de golfe, foi isso que atingiu a minha testa, tenho a marca de um furinho na testa até hoje.


Acabei repetindo o segundo ano, mas comecei sendo mais produtivo e com um bom comportamento na escola, apenas nos intervalos e na saída ficava mexendo com as meninas, acabava apanhando delas, o pior era nos dias de chuva, Vera e Lúcia, duas irmãs, eram as duas que eu "pegava pra Cristo", mas quando estavam com guarda-chuva, então aí é que apanhar delas assim doía demais, mas eu acabava me divertindo, mesmo assim.


No terceiro ano do primário com meus doze (12) anos de idade, já era um cara temido e muito conhecido na escola. Todos me respeitavam. Tentava não arrumar confusão, mas a confusão me achava; era no campo de futebol, era na rua, era na escola. Na minha classe eu respeitava a professora, não bagunçava mais e prestava atenção a toda aula, porém um dia levei meu caderno para a professora corrigir as minhas contas de matemática e ela viu uma conta minha que estava errada, de repente ela me deu um bofetão no meu rosto que eu fiquei paralisado, o meu rosto ficou quente e não ouvia mais nada, fiquei assim, acho que por um minuto ou mais, "perdi o chão".


Contei para minha mãe. Ela foi que nem um bicho, me levou na escola e queria conversar com a professora, estava até a fim de bater nessa professora, mas alguns intervieram, a professora pediu desculpas para mim e para minha mãe, depois ela fez um acordo com a minha mãe para que eu chegasse todos os dias, uma hora mais cedo para ter aulas particulares de matemática com ela e sem pagar nada. E foi assim todo dia, acabei ficando bom em matemática.


Ufa! Que jornada, agora eu cheguei com quase treze (13) anos de idade ao quarto ano primário. Este foi um bom ano, o professor se chamava Dr. Cassiano. Ele era um advogado, inclusive advogado de separação de minha mãe. Era muito bravo. Na classe havia diversas cadeiras duplas, você se sentava em dois numa carteira só. Estas carteiras eram pesadas, ninguém conseguia ergue-las sozinho, eram feitas de ferro e parafusada com uma porção de ripas grossas e pesadas também, pareciam um banco de praça daqueles antigos, mas ligadas pelos ferros e a outra parte que servia de mesa para os cadernos e lápis. E sobrava ferro para frente da mesa, eram ferros trabalhados em curva no chão.


Um dia o professor Cassiano resolveu dar uma bronca num aluno que discutia com outro. Um tinha quase dois metros de altura e o outro era forte que nem o Hulk, acho que ele fazia musculação ou a natureza o beneficiou e, esse tentou reagir, o professor o derrubou, o aluno caiu de costas e quase bateu a nuca num dos ferros da mesa. O professor dava reguada, mas não eram essas réguas pequenas que existem hoje, era uma régua de cem centímetros feita de madeira de lei grossa e pesada. Depois de um tempo os alunos começaram a respeitar o professor. Ele era um ótimo professor, foi o melhor que tive nesta escola. Ele dava muitos exercícios, inclusive tivemos que adquirir um caderno pautado especialmente para aprender Caligrafia. Aprendemos a desenhar todas as letras que escrevemos e todas muito bem desenhadas cheias de enfeites. Lógico que não estávamos na Idade Média, então depois cada um desenvolveu o seu próprio estilo de escrita para poder escrever rápido.


Neste mesmo ano, o parceiro que sentava ao meu lado fez uma fofoca que o tal troncudinho estava falando mal de mim para todo mundo, eu nem conhecia o cara, que é isso? Fiquei indignado, olhei para o professor que estava distraído, olhei para o troncudinho e fiz sinal de porrada na mão para o troncudinho e olhando fixo nos olhos dele e ele fez o mesmo gesto. Com este sinal queria dizer que ia pegar ele lá fora.


Chegando lá fora, após as aulas, nos encontramos e uma torcida toda em volta esperando pela briga. Fui o primeiro a agir; dei um soco na boca do estômago dele, ele abaixou de dor e falta de ar, e eu tonto fiquei perto dele, quando ele levantou depressa e me deu um gancho no meu queixo. Doeu pra caramba, ficou até uma bolinha pendurada no meu queixo. Fiquei olhando para ele, ele olhando para mim e ninguém resolvia nada, ele acabou indo embora e eu virei as costas e fui embora também. Acabou a briga!


Após um tempo descobrimos que o parceiro de carteira de ambos mentiu. Um fala pra mim e o outro falou para ele e nós dois saímos bravos da escola, mas após a descoberta, eu e o troncudinho demos um pau nos dois caras.


Pra vocês verem que naquela época só existia machos, não precisava de armas para brigar, você brigava hoje, amanhã brigava de novo e outro dia já enjoava de brigar com o mesmo. Na escola todos respeitavam os professores e professoras, às vezes existia uma ovelha negra numa classe ou outra, mas sempre acabavam ficando quietinhos, pois outros poderiam segui-los, os professores eram bem rígidos com eles.


Hoje em dia as brigas são de covardes que precisam de turma, ou então de uma arma, são uns desclassificados e malvados. Não respeitam seus professores, merendeiras, inspetores e nem seus pais. Isso tudo foi devido a leis criadas e não pensadas as conseqüências que proviriam após esta decisão hipócrita.


O professor não pode por a mão no aluno. Os pais não podem dar uns tapas na criança que a criança já pensa em processar os pais ou professores. Devia de voltar a lei antiga. Tem "crianças" com dez anos de idade sem educação que não respeitam ninguém, matam qualquer pessoa sem pensar e, as leis que não punem porque elas são crianças tão inocentes. Ah coitadas!


Essa porcaria de Estatuto das crianças e adolescentes é que está causando tudo isso. Deixem os pais educar do modo que eles sabem, não vem com estas porcarias de leis que só levam a aumentar a criminalidade. Veja o vídeo e saiba qual, quanto e quando acontecem as violências nas escolas.


Já fui Inspetor de Escola por seis meses aqui em Campinas, SP e e acabei vendo tudo isso que vocês vão ver neste vídeo. O professor perdeu seu poder de ensinar e os pais perderam o seu poder de educar seus filhos. Acho que os políticos deviam rever estes pontos que acabei de falar. É lógico que tem certas atitudes de pais que tem que haver punição, por exemplo: Bater indevidamente quando a criança não merece, apesar que sou contra a violência contra crianças, o certo é dar um castigo. Outra coisa são pais abusadores que deveriam pegar uns 30 anos de reclusão.


Quando era inspetor, também fui ameaçado, mas reagi à altura: No horário do meu jantar em casa. O zelador da escola abriu o portão e lá tinha uns vinte alunos que chegaram atrasados e queriam entrar de qualquer jeito, não deixamos. Sai pra fora e o zelador trancou o portão e fui andando até a esquina. Os alunos revoltados, um deles lutava artes marciais, frequentava academia e era bem forte, tentou me intimar e eu respondi: Vem que você vai ver o que é bom pra tosse! Vieram? Vieram nada, foi só da "boca pra fora". se você "murcha as orelhas", o sujeito monta em cima.



Veja o vídeo do Programa da Olga: