Homenagem a João Mineiro e Marciano

Homenagem à João Mineiro e Marciano



A tristeza foi que depois da despedida de João Mineiro, agora se foi desta vida o cantor Marciano. Sentiremos a falta deles.


EU QUERO É ROCK!

Todos sabem que referente ao gosto musical, sou eclético, gosto de todos os gêneros musicais e sou músico.


"Eu sou apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior."


Já fui um caipira, um Jeca Tatu. Quando criança, vivi por uns três anos na Fazenda Sertãozinho em Joaquim Egídio, Campinas, SP. A nossa casa era branca, quando você vinha da cidade pela trilha e chegava perto dela à esquerda, tinha um caminho que descia à direita e ficava paralelo ao caminho das casinhas, entre elas, a nossa. Para entrar tinha uma escada de tijolos à vista, logo se via uma porta de madeira compacta pintada de azul colonial e nos lados, grandes janelas de madeira e vidro, também azuis, vidros transparentes. Na cozinha só tinha mesa, cadeiras e armário, além do fogão de lenha. Nos quartos, as camas e guarda-roupas e cada parede interna da casa, era que nem um muro. Só existiam muros altos internamente. Os colchões eram macios de penas e de espuma. À noite, na hora de dormir, ninguém ia dormir cedo, como a casa era cheia de muros por dentro, um conversava com o outro do outro quarto. Um falava, o outro respondia e outros retrucavam. Isso se seguia por horas até que vinha o sono.


Nesta época, tinha uns quatro anos de idade, lá era uma aventura atrás da outra. Nadava num riacho com os meus primos, a gente se aventurava na fazenda, seguindo para a sede surrupiar algumas frutas no pomar da fazenda. Algumas vezes assistíamos a apresentação de cavaleiros e amazonas fazendo saltos com seus cavalos e éguas treinadas. Eram apresentações e disputas incríveis. Minha avó Maria e meus tios Antonio e Joaquim cuidavam de uma horta e um dia se comia arroz com salada, outro dia feijão com salada, no outro tinha um arroz com frango caipira. Nas manhãs sempre tivemos café com leite e pão caseiro feito no fogão de lenha pela minha avó. Quando não tinha pão ou minha avó não fazia, a gente tomava café com farinha de milho.


Nós vivíamos grandes aventuras; uma delas era ir ao Paredão "soltar um barro", isso acontecia caso houvesse uma dor de barriga ou aperto. Após o ato de alívio, a gente pegava um monte de folhas para fazer a assepsia, e depois juntava mais um monte de folhas que a gente usava para catar as "obras" e depois jogava todas na parede do Paredão que ficava todo carimbado, era muito divertido, a gente ria demais com estas peripécias maquiavélicas.


Na madrugada, o galo começava a cantar, abria meus olhos e aguardava um tempo, pois meu tio Zezinho acabava de se levantar, tomava seu café e saia para ordenhar as vacas. Passava um tempinho, eu também pulava da cama e seguia para a cozinha; minha vozinha já estava assando uns pãezinhos e o cheiro do café era hipnotizante. O café dela era fraquinho que nem "mijo de vaca", mas, assim mesmo era muito gostoso. Depois pedia para minha avó um copo duplo vazio, e então partia para os estábulos. Chegando lá, meu tio estava tirando o leite de uma vaca, ele já enchia meu copo direto dos peitos da vaca. Era um leite quentinho que eu degustava sem açúcar, sem nada. Era bom demais. Depois despedia de meu tio e do pessoal para encontrar com os meus primos em casa e logo após, saiamos para novas aventuras.


Noutros dias à tarde, nós nos juntávamos aos nossos tios, tias, primas e minha mãe, partindo para a casa de vizinhos em outras regiões da fazenda ou em outras fazendas da região. Quando a gente chegava, começava um bailinho nestas casas. O som era de uma vitrolinha "Sonata" (toca-discos). As músicas vinham dos Long Play's, LP de duplas de cantores sertanejos, sanfoneiros e violeiros. Existiam vários LP's de cantores famosos e até de algumas duplas ou crianças desconhecidas da maioria do povo das cidades. Era bem divertido, era um tipo de "Arrasta-pé". Após o bailinho, a gente se despedia do pessoal da casa e dos convidados e partíamos de volta para nossas casas, tarde da noite, a gente cruzava matas e caminhos nas noites escuras e algumas claras com a lua cheia, até chegar em nossas casas. Mais uma noite se foi.


Nestes bailinhos, apenas gostava de ficar ouvindo e apreciando as músicas e balançando com elas. Quando tocava o disco da dupla "João Mineiro e Marciano", aí é que eu ficava prestando muita atenção nas letras e nas músicas. Achava os dois como gênios da música sertaneja, curtia demais as músicas. Veja a beleza que são, pois as músicas ainda continuam vivas no nosso coração: