Vó Rosa

Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder a noção da distância que percorremos, mas se nos detivermos em nossa imagem, quando iniciamos e ao término, certamente nos lembraremos o quanto nos custou chegar até o ponto final , e hoje temos a impressão de que tudo começou ontem (...)


Realizamos uma entrevista para o projeto “Escrevivências” com a avó, professora, mãe, quitandeira e dentre outras qualidades, a senhora Rosa Maria Alves.

Perguntamos para Rosa: O que lhe traz saudades?

Esta pergunta não é fácil de ser respondida, pois aos 70 anos, com uma extensa estrada percorrida, tenho saudades de muitas coisas, mas o que mais sinto saudades são dos meus netos ainda na infância. Me tornei avó com 37 anos e tenho 7 netos, que hoje estão adultos, sendo que a caçula está com 18 anos. Minha relação com os meus netos sempre foi muito achegada, criando até disputas para ver quem iria caminhar comigo, ficar na cama ou ir ao clube com a vovó. Já que eles sempre queriam me fazer companhia, os ensinei a nadar, andar de bicicleta, patins e andar a cavalo. Sempre tivemos uma convivência muito boa, mas infelizmente passou muito rápido, realmente o tempo voa. Ultimamente estou ansiosa para ganhar bisnetos, para aproveitar um pouco mais.

Além dos meus netos, sempre adoto outros. Um dos que eu tive o prazer de conhecer foi o Igor. Nos conhecemos no conservatório, devido ao grande interesse dele pela música, portanto o Igor é o meu neto pianista. Já as amigas das minhas filhas vinham em minha casa e se acostumaram em chamar de “vó Rosa”, esse costume já estava se espalhando e ganhei muitos netos queridos. Para finalizar, todas essas lembranças me remetem saudades e percebo que tudo passou muito rápido. Ao olhar as fotos, sinto um aperto no coração, querendo que as lembranças voltem para conviver com tudo isso novamente.


Digamos então que nada se perderá. Pelo menos dentro da gente.

- João Guimarães Rosa.