Bisa Leotilde
Entrevistadora (L.B): olá, tudo bem? Meu nome é Lídia, sou estudante de Letras Português/Inglês. Estou aqui com a proposta da atividade interdisciplinar e convidei a vó Tidinha, a senhora Leotildes, para responder algumas perguntas pra gente sobre a infância. A senhora está preparada?
Entrevistada (L.M.): sim!
L.B: vai responder com sinceridade?
L.M: sim!
L.B: vamos lá, então. Você tem saudades do quêe?
L.M: de quando criança. A gente trabalhava durante o dia. Aos oito anos eu comecei a trabalhar e a tarde... a gente ia brincar no terreiro junto, as… crianças vizinhas, é, pode por os vizinhos pra ajudar a aumentar ((risos da entrevistadora)).
L.B: e tinham muitos irmãos?
L.M: nós éramos em oito, uma escadinha.
L.B: uma escadinha, né? ((dona Leotilde assente com a cabeça)) e convivia bem, todo mundo?
L.M: convivia muito bem, convivia bem.
L.B: bom, a próxima pergunta já é sobre isso, como era a convivência com sua família?
L.M: então, a convivência com a família foi muito boa e… posso ir pra minha mãe?
L.D: pode!
L.M: então, quando… se eu sou a mulher que sou hoje, a mãe que fui, que sou e vó, é porque minha mãe me ensinou muito bem.
L.B: bom exemplo em casa, né?
L.M: em casa tivemos bom exemplo.
L.B: vamos lá! Você acha que a modernidade de hoje prejudicou as famílias? Por quê?
L.M: eu acho que sim. As crianças não se unem mais pra brincar, é só internet, mais não sei…
L.B: [celular]
L.M: celulares… nem pra comer eles param… né? De::
L.B: (claro!) De reunir com a família, né?
L.M: as crianças de hoje não têm…
L.B: [aquela infância…]
L.M: a mesma união que a gente tinha de primeiro.
L.B: antigamente, igual a senhora falou, uma coisa que sente falta… que reunia todo mundo pra brincar, né? hoje já não… é bem difícil.
L.M: hoje não ajunta mais, não reúne mais.
L.B: não mesmo, né? ((Dona Leotilde nega com a cabeça)) quando pequena, como se imaginava aos setenta e sete anos?
L.M: eu acho que nem cheguei a imaginar ((risadas da entrevistadora)) porque não deu tempo!
L.B: nem deu tempo de imaginar, né? Só foi tendo esse tanto de filho, neto, bisneto ((mais risadas)).
L.M: é!
L.B: tem orgulho de quem se tornou hoje?
L.M: sim!
L.B: por quê?
L.M: porque se eu sou o que sou hoje... ((murmura algo incompreensível)) se eu sou o que sou hoje, e porque minha mãe e minha família... me ensinaram.
L.B: criou muito bem, né?
L.M: foi, fui bem criada, graças a Deus.
L.B: qual experiência mais te marcou?
L.M: qual é a experiência que mais me marcou… essa aí eu esqueci o que que foi…
L.B: quer ir para a próxima e responder essa depois?
L.M: pode?
L.B: pode! Se pudesse voltar no tempo, o que mudaria?
L.M: éh:::: como eu vivia, né, em casa… olha se tá certo isso aí… antes de gravar, porque se não, depois fica difícil…
L.B: aproveitaria mais os filhos, né, que a senhora tinha falado?
L.M: [aproveitava mais os filhos, porque nós não conseguimos… éh:: essa união, porque tinha que trabalhar e…]
L.B: [e acabava que…]
L.M: [pra cuidar deles. Aí fala do…]
L.B: [acabava que ficava longe de casa, né?]
L.M: ficava longe de casa, porque tinha que trabalhar.
L.B: vamos voltar para aquela pergunta: qual a experiência que mais te marcou? Foi ser vó, foi ser mãe...
L.M: sim.
L.B: foi ser… bisavó::
L.M: já vou falar, o que que é. Pergunta!
L.B: qual a experiência que mais te marcou?
L.M: foi ser bisavó.
L.B: BISAVÓ??
L.M: bisavó.
L.B: bom que passou por essa experiência duas vezes e vai passar por mais, né?
L.M: espero em Deus!
L.B: ((risada)) vai tá aí, firme e forte!... E para encerrar, vamos pra última pergunta?
L.M: sim.
L.B: qual conselho você daria pros jovens, hoje?
L.M: pra que eles estudassem mais, e dessem um pouquinho mais de valor aos pais.
L.B: é um bom conselho, né? Hoje tá todo mundo afastado…
L.M: muito!
L.B: se ligando em outras coisas…
L.M: fica ligado em celulares, em internet, mas não sei o que… e com isso eles esquecem de viver também.
L.B: exatamente! O mundo é tão grande, né?
L.M: tão grande e tão bom, tão bonito ((admira o céu)) maravilhoso, Pai!
L.B: mais alguma coisa que a senhora gostaria de acrescentar pra gente?
L.M: ai, tá bom, não tá?
L.B: tá bom. Tá ótimo! Gente, então foi isso. Muito obrigada , e até a próxima!
L.M: até
((risadas))