Pequenos causos da saudade de um tempo

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Memórias da Infância

Pequenos causos da saudade de um tempo



Apresentação


As lembranças aqui narradas são de Odete Nunes de 88 anos, uma senhora alegre, batalhadora, forte e dona de um coração de ouro.

Essa senhora é muito especial na vida de muitas pessoas, inclusive na minha, pois é minha avó querida!

Esperamos que gostem dos nossos causos, pois foram escritos com muito carinho pela saudade de um tempo de infância que não voltará mais.


Por Ana Beatriz Nunes Dos Santos


Saudades e alegrias do dia a dia

Lembro-me, com saudade, do tempo, dos meus 10 anos de idade.

Das manhãs que levantava-me cedo para ajudar papai e mamãe nas tarefas diárias.

Eram as hortaliças e flores que plantávamos, o mel puro das abelhas que colhíamos, a colheita das frutas e a venda dos produtos pela cidade; como era bom tudo aquilo.

Era emocionante correr da mamãe para presentear um cliente com laranjas, flores e peras.

Hum!; as peras que lindas eram, tão saborosas e suculentas. E o seu perfume, então? Maravilhoso!

Lembro-me de toda correria e de todos os dotes que aprendi a fazer, os bordados, a costura e até as bonecas de retalho.

Que saudades tenho de tudo aquilo, da macarronada da mamãe aos domingos e do seu pão de sal recheado com chicória, era tão bom que até o Papa poderia comê-lo.

Talvez a infância seja um sonho, ou uma breve curta realidade, mas de uma coisa tenho certeza: recordar-me -ei de tudo aquilo que passou com uma grande saudade e um pesar no coração de um tempo que não voltará jamais.

O Causo do Balanço

Lá na casa onde eu morava, tinha um balanço, dependurado num galho de uma linda laranjeira. Minha laranjeira!

Eu a amava com todo meu coração!; e todas as manhãs, quando tinha folga de toda rotina, dependurava-me e punha-me a balançar, para lá e para cá.

Era diversão todos os dias, sentia o vento e achava até que podia voar.

Era mágico, até um dia eu fazer uma pequena bagunça.

Que terrível foi! Mamãe saiu correndo atrás de mim com o chinelo; e para que ela não me alcançasse, subi na laranjeira.

Mamãe estava tão brava que cerrou o galho e pôs fim ao meu balanço.

Como fiquei triste, eu chorei e coloquei-me aos berros:

_ Eu quero o meu galho!

Mas, não adiantava mais, era tarde!

Então tive de aprender a crescer sem o meu balanço.

Não podia mais sentir o vento envolver-me, e nem tinha mais a sensação de poder voar, mas então descobri que correr era tão incrível quanto balançar.

Minhas asas tinham sido cortadas, mas arrumei uma nova forma de sonhar.

Festa entre amigos

Nos meus tempos de infância as festas eram bem diferentes das atuais.

Os vizinhos reuniam-se em volta de uma fogueira e todos cantavam e dançavam.

Era tamanha a alegria de cinco horas.

Todos preparavam-se e a festa começava às 19 em ponto, findando às 23 horas.

Era tudo tão divertido e bonito que doí-me o coração em recordar.

Lá, nas festas da minha infância, todos compartilhavam o que comer, as boas conversas e, também, o gargalhar.

Tinha um amigo muito querido que sempre ía participar.

Ivon Curi, o qual, virou um famoso cantor, sempre cantarolava para alegrar a todos.

Nós ríamos do sonho daquele menino, duvidando de que tudo virasse realidade um dia, mas ele não se importavas com as piadas e continuava a cantar.

Eu adora ver seus pais nas festas, em principal, sua mãe; ela sempre levava travessas de kibes que eram muito gostosos.

E assim a hora corria, todos felizes no fim da festa, já marcavam a do outro dia.