Fundando uma escola

O convidado chama-se João Evangelista de Paulo, tem 62 anos e é natural de Ibituruna MG. Chegou na cidade de Varginha aos onze anos de idade (em 1969).

A lembrança mais prazerosa da infância dele foi: Aa necessidade de estudar.

Quando os alunos terminavam a quarta série de grupo (hoje, fundamental I), a dificuldade em dar continuidade aos estudos era grande, pois a maioria dos alunos eram famílias numerosas e pobres e precisavam de trabalhar durante o dia para ajudar nas despesas de casa. Eram raras as instituições públicas que ofertavam o ginasial para esses estudantes dar continuidade nos estudos. Foi quando a liderança da igreja católica do bairro Vila Barcelona em Varginha juntamente com alguns pais de adolescentes e jovens reuniram-se e decidiram fundar uma escola, mesmo com todas as dificuldades (isso foi em 1969).

O convidado relembra que todas as ações para construção da escola, pagamento de honorários para os professores, eram feitas pelos comerciantes, pais de alunos e muitas vezes os próprios alunos contribuiam, sendo que não era imposto nenhum valor, cada um contribuia com o que tinha.

Quando começou a construção da escola, foi doado um lote pelo Sr. Gustavo Tavares, que pediu que a escola fosse nomeada como “José Camilo Tavares”, nome do seu filho que falecera muito novo de acidente de carro. A partir daí começou uma nova fase: campanha do tijolo, campanha do cimento, leilões e as quermesses.

Em 1971 a escola foi reconhecida pelo MEC, que desde essa data a prefeitura assumiu a Escola Municipal José Camilo Tavares.

Segundo o Sr. João esse “chamado”, essa integração, que ele tão jovem recebeu para fazer parte ativa da comunidade é inexplicável, ajudar a construir uma escola que ele iria estudar e que posteriormente os seus três filhos também estudariam. Para ele, esse momento foi muito marcante na vida dele, e isso ele carrega consigo desde a infância, inspirando-o em um modelo de vida em comunidade e ajuda ao próximo.

Essa lembrança e essa marca eu vou levar para sempre, esse chamamento que foi feita aos meus onze anos de idade, marcou profundamente a minha infância”