Pergunta: Hoje é o Yom hazicarón, dia do memorial aos soldados caídos - nesta ocasião tocam as sirenes e todos se levantam e respeitam um minuto de silêncio. Me disseram no entanto que este não é um costume judeu, nem tem fundamento na Torá já que recitamos diariamente o kadish nas sinagogas - disseram ainda que é costume militar entre as nações e que não devemos reproduzir os costumes das nações. Fiquei em pé para que não me olhassem feio, mas admito que me senti deslocado e estranho.
Resposta: Escutei em uma ocasião de um convidado de meu Rabino (Rav léon Ashkenazi), o Rav Elie Kling quando era jovem, de que não existe costume mais judaico do que o de silenciar ante a morte trágica, sem razão, intolerável e inexplicável. De fato, nos Yom hashoah e o Yom hazicaron, dias que antecedem o dia da independência, costumamos tocar as sirenes e deploramos nossos mortos, mas também sua coragem e nos recordamos que deram suas vidas por nós - literalmente - e que devemos nossas liberdades a sua coragem. Estes dias são concomitantes com a parashá shemini, na qual Aaron deplora a morte de seus dois filhos Nadav e Avihu que morreram no serviço divino. O midrash traz diversas explicações por sua morte, entre elas explica que sua morte serviu para expiar todos os erros daquela geração (segredos da cabalá que, quem sabe algum dia estudaremos) em outras palavras, deram suas vidas para salvar a de todos os demais.
Ante sua morte a torá relata os sentimentos do pai desolado (vaikrá 13) וַיֹּאמֶר מֹשֶׁה אֶל אַהֲרֹן הוּא אֲשֶׁר דִּבֶּר ה' לֵאמֹר בִּקְרֹבַי אֶקָּדֵשׁ וְעַל פְּנֵי כָל הָעָם אֶכָּבֵד וַיִּדֹּם אַהֲרֹן - e Aaron calou-se.
Portanto não existe costume mais judaico do que o de emular os sentimentos do pai que perdeu seus filhos no serviço de Deus, de recordar sua dedicação e bravura e calar-se durante o toque da sirene