Pergunta: Por que os Rabinos se opõem tão ferozmente à celebração do ano novo civil - não me parece tratar-se de uma festa de cunho religioso. Aqui em Israel os Russos celebram o "Novi God" e ouvi de alguém aqui no norte que não haveria problema.
Resposta: Antes de mais nada, permita-me colocar em palavras diretas e claras: está PROIBIDO a todo judeu que se considera como tal ou tenha um pingo de judaísmo em sua alma, celebrar, lembrar, ter saudades, ver por zoom, pela televisão, em diferencial ou direta o ano novo cristão ou novi god russo.
Um judeu que celebra isto é ou assimilado, ou pior, alguém que se apresenta como vegetariano mas come carne.
Livro Vaikrá: ובחקותיהם לא תלכו (não seguir seus preceitos), ובחקותיהם לא תלכו, וכי מה הניח הכתוב שלא אמרו, והלא כבר נאמר לא ימצא בך מעביר בנו ובתו באש וגומר וחובר חבר וגו' ומה תלמוד לומר ובחוקותיהם לא תלכו? שלא תלכו בנימוסות שלהן בדברים החקוקין להם כגון תיטריות וקרקסאות והאסטריות, רבי מאיר אומר אלו דרכי האמורי שמנו חכמים. (sifra, não seguir seus hábitos, sua idiossincrasia, circos, teatros, árvores, estes são os caminhos dos Emoreus) e outras centenas de fontes que quem se interessar, não terá dificuldade em encontrar - Um tratado inteiro do Talmud dedica-se a este assunto, o tratado de Avodá Zará.
O ano novo civil cristão é a quintessência da expressão do cristianismo, a começar por ser o primeiro ano de contagem das datas a partir do nascimento do rei morto "cristo" (messias - ano de nosso senhor, etc) emulando a forma bíblica de datação anterior ao calendário juliano/gregoriano, quando os anos contavam-se a partir do nascimento do monarca (a tantos anos do nascimento do Rei tal) - e esta era a maneira dos judeus de contar o ano ao descrever eventos de ordem política, como as crônicas por exemplo. Neste caso, vestiram a maneira de contar da época sobre o nascimento do suposto rei messias crucificado.
Saiba aliás que em Israel é comum até assinar cheques com a data do calendário hebreu para não obrigar-nos a usar a data cristã.
Ademais o calendário pela lógica deveria começa com o nascimento de yeshu, ou seja no 1º de janeiro de acordo com sua maneira de contar.
O Calendário Juliano (337-340), contando os dias a partir da fundação do império romano posiciona seu nascimento no 25 de dezembro, provavelmente para fazê-lo coincidir com o solstício e sobressair-se sobre as outras festas pagãs, contemporâneas suas.
Este papa Julio 1ero é o segundo papa depois de Líbero e antes dele, Silvestre.
O papa Libero em 352 decide começar o ano no dia da circuncisão de yeshu mas a discrepância de 10 dias entre o ano lunar e o ano solar fazia com que o equinócio de primavera e o solstício de inverno já não coincidissem com os dias geográficos e no séc 15, o papa Gregório impôs a bula inter gravíssimas segundo a qual as festas cristãs da eucaristia podem oscilar em relação ao ano solar e os meses se descalam - dezembro por ex. (o décimo) passa a ser o último.
Silvestre por sua vez é contemporâneo do imperador Constantino pelo que consta, e o teria convencido de deixar o paganismo clássico e juntar-se quase postumamente aos primeiros cristãos. Eusébio de nicomédia o teria convertido em seu leito de morte. Este papa assentou a noção da trindade e introduziu a noção que "o filho" (yeshu) é tão grande como o "pai", ideia alheia mesmo aos primeiros cristãos, que mantinham ainda algum tipo de reverência pelo judaísmo no qual o messias não é Deus.
Apesar de yeshu jamais ter desrespeitado o shabat, e deste ser o dia de repouso dos primeiros cristãos, estes eram facilmente atraídos pelas sinagogas, onde se expunham aos sermões rabínicos, sério entrave para manter sua fidelidade cristã e que provocava malgrado seu conversões em massa ao judaísmo - mesmo o rei Recaredo dos visigodos que invadiu a região onde hoje se encontra Espanha expressou sua vontade de judaizar, mas chegou à conclusão que não conseguiria observar os mandamentos do judaísmo... e se fez cristão em 587.
Tendo isto em vista, já não era conveniente que as celebrações cristãs e as judaicas fossem concomitantes. Como pelo que parece yeshu teria ressuscitado em um domingo, este tornou-se o oitavo dia, o dia da redenção final, aquele que segue ao sétimo dia, completando-o, substituindo-o. Se durante quase dois séculos ambos dias serão reverenciados no imaginário cristão, a morte do imperador constantino e o dia do sol eterno que lhe é igualmente atribuído (sun-day, o domingo) se tornaria definitivamente "o dia do senhor", o repouso do mundo ocidental no qual se celebra o falso messias em pão e vinho, prelúdio da eucaristia - em julho de 321 será o domingo decretado dia de repouso oficial no império romano.
Em seguida o Papa Silvestre alcançou reorganizar a parte ideológica do império romano para que os pagãos deixassem de perseguir os primeiros cristãos romanos e todos perseguissem juntos os Judeus. Silvestre chamava os judeus de "seita perversa, perigosa e criminal" sendo diretamente responsável pelo assassinato e perseguição de centenas de milhares de judeus. Ele está por trás do antissemitismo de Agostinho. Ele convenceu Constantino a impedir os judeus de viver em jerusalém desde o consílio de Niceia.
Silvestre fez tão bem seu trabalho de cristianizar o imperador e perseguir os judeus que terminou sendo beatificado e transformado em santo. O dia da são silvestre é o 31 de dezembro, concomitantemente com a data de circuncisão de yeshu, expressão máxima do nascimento de deus, sua ressurreição, e beatificação de quem perseguiu seus assassinos, a seita maldita, os judeus.
Se o mundo hoje é habitado por muitas pessoas de bem intencionadas, mas que desconhecem sua própria história e celebram mecanicamente o fato de estarem vivas com excessos de vinho alheio e comida não casher é uma coisa, mas isto não envolve os judeus, ainda menos os Rabinos.
Nossas celebrações são divinas, ditadas por Deus na Torá e são a expressão dos portos em direção aos quais hasteamos nossas velas já fazem 3000 anos, quando Júlio César ainda não sonhava em existir. Elas têm como vocação anular e cancelar todos os maus decretos dos romanos pagãos, cristãos, de constantino, silvestre todos os seus, fazendo desaparecer para sempre sua influência nefasta e antissemitismo nauseabundo.
As festas que ficarão para a eternidade são aquelas que Deus deu ao povo judeu, e as que o povo judeu celebra, este mesmo povo tão vilipendiado pelos acima citados e seus acólitas nos tempos modernos, os católicos, ortodoxos, evangelistas, reformistas e helenizadores, cujo repúdio pelo judeu observante é longo como sua sanguinolenta história.
As festas que celebram nossa desgraça e destruição, ainda quando disfarçadas de cores, luzes e boas intensões, serão esquecidas e ficarão nas enciclopédias, assim como as festas da primavera do Egito antigo e seu panteão, as quais Deus, em boa hora, enterrou entre as traças e a falta de interesse.
Nós não lhe daremos expressão nem a fixaremos no calendário divino só porque você sente falta de seu passado assimilado. A são silvestre, este ano mais, não contará com nossa presença.
Desculpe as palavras duras, não desprezamos seus sentimentos - mas se você tem um pingo de centelha judaica, orgulho nacional, força de vontade, celebre em breve o tubishvat e renasça com as árvores.
Com carinho,