Uma pequena mensagem de shabath a todos antes do shabat. Quem a publicou foi o Rab Shmuel Eliahu, filho do último grão-rabino de Israel, Mordechai Elyahu, hoje Rabino de Tsfat. Ele cita nesta mensagem o Rabino do meu Tetravô, O Rav Vivas de Corfu. 🧐 Para quem precisa revisar as aulas de geografia que cabulou no segundo grau, Corfu é uma ilha grega de menos de 600 km2 no mar iônico entre a Itália e a Grécia na qual viveram até a segunda guerra mundial 7 mil judeus que formavam uma das mais lindas comunidades do mediterrâneo, deixando-a ano atrás de ano em proporção ao envenenamento crescente contra os judeus da Europa cujo ápice na Grécia coincide com a chegada dos alemães à península e a deportação dos infelizes que lá ficaram. O Rav Yehudá Vivas foi descendente direto do Or haHaim hakadosh do marrocos, formando-se rabino e médico em Livorno, Itália, onde o sidur chamado "Sefaradi" foi impresso e padronizado. Ele esteve em contato com Moshé Montefiori em Londres, voltou para Gibraltar - lugar de seu nascimento - e foi apontado Grão Rabino de Corfu em 1831. A comunidade da ilha era heterogênea composta de judeus de Veneza refugiados, da Itália, da Espanha e Grécia entre outros. O pai de meu Tetravô foi seu aluno estudando diretamente e indiretamente com o Rav Vivas. O Rav ensinava sobretudo a importância para os judeus de deixar o exílio e armar-se (o Rav Shmuel Eliahu falará mais sobre isto em seu comentário desta semana). Meu tetravô Beniamino deixou a ilha seguindo suas orientações em direção ao Oriente Médio - sem encontrar meios de sobrevivência em Israel no entanto, terminou em Skandaria do Egito onde já se encontravam muitos conterrâneos gregos e Italianos em sua época - e com quem seu filho, meu bisavô Moïse trabalhou construindo prédios. Isto a médio prazo salvou a família dos destroços diretos da segunda guerra - mas não os poupou da expulsão de todos os Judeus do Egito em 56-57. Esta mensagem toca a todos os judeus e foi o pivô de grandes debates que envolveram todos os Judeus da época, e cujas consequências até hoje. Os grandes fatos da história, diz o Maharal de Praga, estão entre as mãos de Deus, e Deus manifesta-se ao homem por meio dos grandes idos históricos - O Rav Zini explicou em um de seus artigos que Deus manifesta-se a Moisés pela Sarça ardente sob o nome de "אהיה אשר אהיה", serei quem serei, ou seja, grandes revoluções históricas como a saída do povo Judeu do Egito não são outras que o dedo de Deus alterando o nível existencial do povo judeu em particular e da humanidade como um todo. A segunda saída dos judeus do Egito não seria diferente. Confira:
Mensagem do Rav Shmuel Eliahu - A Ligação entre o Or Hachaim Hakadosh e a Fundação do Estado de Israel
O Rabino Chaim ben Atar (conhecido como Or Hachaim Hakadosh) viveu há 280 anos. Pode-se acompanhar pela Torah que ele transmitiu, a grande contribuição que ele deu para a fundação do Estado de Israel.
Ele escreve em seus comentário sobre a parashá (porção semanal da Torah) Behar, que a diáspora não é apenas um castigo, mas também um pecado cujo conserto está nas mãos dos sábios (grandes rabinos), que devem despertar o povo para que façam aliah (imigrem) para Israel.
No original: "והודיע הכתוב כי גאולתו היא ביד הצדיק אשר יהיה קרוב לה". "והגאולה תהיה בהעיר לבות בני אדם ויאמר להם הטוב לכם כי תשבו חוץ, גולים מעל שולחן אביכם. ומה יערב לכם החיים בעולם זולת החברה העליונה אשר הייתם סמוכים סביב לשולחן אביכם הוא א־לוהי עולם ברוך הוא לעד. וימאיס בעיניו תאוות הנדמים, ויעירם בחשק הרוחני". "ובזה יגאל ה' ממכרו. ועל זה עתידין ליתן את הדין כל אדוני הארץ גדולי ישראל ומהם יבקש ה' עלבון הבית העלוב". (ויקרא כה כה).
O próprio Or Hachamim deu esse passo e imigrou para Israel e, no caminho, despertou um grupo de aproximadamente 30 famílias, que o acompanhou, se estabelecendo em Jerusalem. Um dos descendentes do Or Hachaim Hakadosh foi o Rabino Shmuel Bibhes, que atuou como rabino da comunidade judaica da Ilha de Corfu (Grécia). Como descendente e aluno de seu avô, ele organizou viagens pela Europa, nos anos de 1839 e 1840, despertando os judeus para que viessem para Israel e se estabelecerem nela, inclusive devidamente armados, para sua defesa!
Em Zamlin (Belgrado) o Rabino Shmuel Bibhes encontrou o Rabino Yehuda Alkalay e lhe transmitiu os ensinamentos de seu antepassado, o Or Hachaim, sobre a obrigação de sair da inércia e se fixar em Israel e sobre a obrigação especial que recai sobre os rabinos, para que despertem o povo para esse objetivo. Assim escreveu o Rabino Alkalay sobre o ensinamento ético que recebeu do Rabino Bibhes:
“Eu não posso ocultar as palavras sábias e éticas que ouvi do homem de D’us e maravilhoso rabino (...), o Cabalista Rabino Yehuda Bibhes, de abençoada memória. Disse que, D’us nos livre, Israel pecou perante seu Criador e lhe deu as costas. E já disseram nossos sábios que ‘aquele que habita fora de Israel parece com aquele que não tem D’us’. E o que nós fazemos? Vamos de uma cidade para outra buscando sustento, e não vamos para Israel, terra que o Eterno demanda sempre... Melhor seria se fôssemos a pão e água para a Terra de Israel. E aquele que habita em Israel se assemelha àquele que tem D’us. E é sabido que o despertar no mundo espiritual depende do despertar nesse mundo físico. E disse D’us, Me abram uma entrada do tamanho do furo de uma agulha (...), como está escrito ‘Voltem para Mim e Eu voltarei para vocês’. (...) E tudo isso depende apenas da teshuva (arrependimento; retorno ao caminho). Retorno que não ocorreu por 1770 anos, e agora, será que perdemos a esperança, D’us nos livre? A resposta a isso é o retorno dos filhos para sua terra. Esse é o retorno a que se referiu D’us quando disse ‘Voltem para Mim e voltarei para vocês’, e quando o povo judeu se esforçar para imigrar para Jerusalem, ainda que em aperto, e ficar evidente que nossa alma almeja ser coberta pela Presença Divina, imediatamente o Eterno terá sua piedade despertada e revelará nossa redenção, em breve, em nossos dias, Amen”.
O Rabino Yehuda Alkalay recebeu essa “lição moral” e no mesmo ano publicou seu livro “Minchat Yehuda”, no qual ele conclamava os judeus a imigrarem para Israel. O pai de Theodor Hertzel era aluno do Rabi Yehuda Alkalay e o ajudou a publicar o livro em Belgrado. O avô de Hertzel, inclusive, era quem tocava o Shofar na sinagoga do Rabino Alkalay. Não há dúvidas que as ideias que Hertzel ouviu na casa de seu pai e seu avô influenciaram na elaboração de seu livro o “Estado dos Judeus” e na fundação do Congresso Judaico, que culminou com a fundação do Estado de Israel.
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