Pergunta: Durante o processo, o Tzit Tzit deve ser usado, ou eles são usados depois que tudo estiver terminado, ou é opcional? Pergunto porque não vejo muitas pessoas usando-o?
Resposta: Olá! Fico feliz em ouvir de você - o tzitzit são as franjas com os nós - o talit katan, é a camiseta ou camiseta de 4 pontos a que se refere - a camiseta ou camiseta de 4 pontos a que as franjas com nós do tzitzit são amarradas enquanto o talit gadol é o xale com o qual nos cobrimos todas as manhãs e que também tem as listras com nós do tsit-tsit amarrado - ambos são usados com o propósito de observar e cumprir a mitzvah que Deus nos deu de fazer tzitzit nos cantos de nossas peças de vestuário em devarim 15,38.
דַּבֵּ֞ר אֶל-בְּנֵ֤י יִשְׂרָאֵל֙ וְאָמַרְתָּ֣ אֲלֵהֶ֔ם וְעָשׂ֨וּ לָהֶ֥ם לָהֶ֥ם צִיצִ֛ת עַל-כַּנְפֵ֥י בִגְדֵיהֶ֖ם לְדֹרֹתָ֑ם וְנָ֥תְנ֛וּ עַל-צִיצִ֥ת הַכָּנָ֖ף פְּתִ֥יל תְּכֵֽלֶת עַל-צִיצִ֥ת הַכָּנָ֖ף פְּתִ֥יל פְּתִ֥יל תְּכֵֽלֶת
O costume de Ashkenazi é que os homens cumpram esta mitzvah todos os dias de suas vidas vestindo o talit katan (camisa) e adquiram um talit gadol que usarão pela primeira vez em sua noite de núpcias. Depois de casados, eles o usarão todas as manhãs nas sinagogas e continuarão a usar o talit katan também.
O costume sefáradi é que os homens sempre se cobriram com o talet gadol, cumprindo assim esta importante mitsvah. O talit katan vem mais tarde, com o hábito.
Os Ashkenazim usam as franjas do talit katan na parte externa das calças, de modo que sejam visíveis por todos. A razão é por causa do que diz o versículo, que as listras devem ser "vistas" para que se lembrem de todas as mitzvot que Deus nos deu.
Os Sefaradim usam as franjas do talit katan dentro de suas calças, de modo que não são visíveis. A razão é para que as franjas kodesh não fiquem expostas quando se entra no banheiro ou em outros lugares de impureza.
Também não se expõe os tsit-tsiot nos cemitérios, pois aqueles que partiram deste mundo não podem mais observar as mitsvot, e seria desrespeitoso para com eles ostentar de forma flagrante nossas mitzvot.
A maneira de amarrar os nós das listras geralmente varia de acordo com a região de origem de cada um.
Existem duas brachot ligeiramente diferentes de acordo com que se adorna com o talit gadol ou com o katan. Para o katan, diz-se "al mitsvat tsit-tsit", par o gadol, "lehitatef betsitsit".
No meu caso eu sou sefaradi, mas uso as listras do lado de fora para que meus alunos me vejam com o tsit-tsiot e sejam inspirados a nos seguir no mesmo caminho.
É proibido entrar no banheiro com o talit gadol, por isso é melhor esconder as franjas do talit katan também nas calças.
Os tsit tsit são uma linda mitzvah que Deus nos deu, fácil de observar, e todos os homens devem se acostumar a usá-los todos os dias o mais pronto possível.
Minha sugestão, use-o dentro de suas calças por motivos de modéstia e discrição.
Existe uma mitsvá de acrescentar aos fios do tsitsit uma "mecha azul", assim como determinado no versículo de devarim 15,38
דַּבֵּ֞ר אֶל־בְּנֵ֤י יִשְׂרָאֵל֙ וְאָמַרְתָּ֣ אֲלֵהֶ֔ם וְעָשׂ֨וּ לָהֶ֥ם צִיצִ֛ת עַל־כַּנְפֵ֥י בִגְדֵיהֶ֖ם לְדֹרֹתָ֑ם וְנָ֥תְנ֛וּ עַל־צִיצִ֥ת הַכָּנָ֖ף פְּתִ֥יל תְּכֵֽלֶת
Este versículo no entanto está curiosamente formulado em duas orações, como se na primeira houvesse uma Mitsvá, a de fazer franjas, a segunda separada, uma segunda Mitsvá, a de acrescentar um fio celeste à franja. No entanto, não há como acrescentar um fio celeste que não seja parte dos fios com que se faz os nós. Tudo consiste em uma só mitsvá!
Esta original formulação soa quase como uma previsão do futuro como que algum dia este conhecimento fosse se perder. E assim aconteceu.
O tingimento azul do celeste é obtido a partir do sangue de um crustáceo que, ao secar, fica desta cor. Este crustáceo chama-se "חילזון" - mas com os milênios de afastamento de sua terra natal, vivendo em regiões afastadas já não se reconhecia mais a origem do tingimento, nem se sabia mais exatamente qual era o molusco, e o povo judeu teve lamentavelmente de abrir mão desta simpática mitsvá. No tratado de Sanhedrin está relatado que já na era dos Emoraeus (fazem 2000 anos) os persas interceptavam hakhamim tentando trazer carregamentos do crustáceo para a Babilônia. e em algum momento os bizantinos proibiram a produção e comércio do tingimento, provavelmente para obter exclusividade e monopólio. A chegada dos árabes em 638 EC e a destruição das casas de produção provocou o colapso da economia judaica organizada, sobretudo a produção costeira, aquela que se ocupava de pesca e explotação de recursos marinhos. Ao mesmo tempo apareceram novos tingimentos, oriundos de novos lugares - No início da idade média, provavelmente já ninguém mais o tinha. (R. I Herzog), Maimônides escreve com todas as palavras que em sua época já não se confeccionava mais este pigmento.
Existem muitos crustáceos cujo sangue produz a cor celeste, ou plantas como o índigo por exemplo - mas nenhuma delas corresponde às exigências da Mitsvá e a descrição de nossos textos sagrados.
A parte disto, existe desde sempre uma halajá exposta na mishná (menahot 4) explicitando que o "celeste não impede o branco" - leia-se, o fato de não encontrar-se um fio de celeste confeccionado de acordo com todas as exigências, não impede que se usem os fios brancos”. Por todas estas razões, há quem diga que as tsit-tsiot de hoje são exigência apenas de ordem rabínica. Esta não é nossa opinião.
No século 19, com mais e mais judeus habitando as cidades de Israel, começou um intenso estudo para identificar o celeste original e retornar à mitsvá original - desta vez com o auxílio do novo conhecimento científico que se tornou acessível a todos. O primeiro a fazê-lo foi o Admor (líder hassídico) de Radjín que o identificou como um tipo de lula, ou choco de água - cujas excreções/sangue ao secarem tornam-se celestes (baseado em descrições de maimônides) - encontrando este molusco em profusão nas costas da Itália, começou em 1888 a produzir o celeste. Data da libertação dos escravos no Brasil.
O rav I. Herzog o identificou como a Janthina, que tem verdadeiramente uma concha - o vi em aquários, mas não me pergunte o que é, melhor consultar uma enciclopédia - entendo de moluscos como entendo de reprodução de ornitorrincos...
Mesmo em algum momento ouvi uma palestra onde o orador tentou explicar porque poderia tratar-se do púrpura da antiguidade.
O rav Herzog em 1913 completou um doutorado no qual demonstrou que a janthina é o verdadeiro molusco. Hoje em dia, os avanços da química e da arqueologia, permitiram identificar grandes quantidades de conchas acumuladas em portos antigos, indicando que durante anos à fio em tempos remotos sentavam-se ali pescadores e jogavam ali conchas vazias, após extrair seu conteúdo, na cidade de Tsidón por exemplo. Podemos hoje com quase 99% de certeza, apontar para o molusco e cultivá-lo facilmente em tanques. Encontram-se no mercado tsitsiot de todos os tipos e se ainda podemos discutir qual é o mais provável. Como a halakhá da mishná segue vigente, o azul não impede o branco, logo todos eles são adequados.
Agora, para explicar os argumentos pros e contra e explicar o que nós recomendamos fazer:
Argumentos contra:
Ainda não há prova absoluta de qual seja o crustáceo.
A tradição foi descontinuada, logo não há por onde começar mesmo se soubéssemos qual é o molusco
Caso o tikhelet (celeste) não for o original, existe um problema em que o pano do talit e a cor dos fios não seja a mesma. Logo, fios brancos, talet branco.
Existe um problema de kalá-ilán, tingimento com o qual fraudadores da antiguidade tingiam tecidos e o talmud é severo com eles - caso o celeste não for verdadeiro (provavelmente um tipo de índigo ou de pau-brasil), que é nominalmente proscrito
Há um problema de yohará, falsa modéstia e presunção, em usar o tijelet exposto quando o rabino chefe de Israel ou outros grandes não o fazem.
Os Midrashim dizem que o Tikhelet foi escondido
Em shaar hacavanot, o Ari Zal, (maior cabalista dos últimos 400 anos explica que o momento correto de usar o tikhelet é quando tivermos o beit hamikdash, não antes.
Os animais que encontramos hoje não correspondem completamente com a descrição da guemará, mas cada um deles tem algumas das características
O argamon, crustáceo para o qual apontam as bússolas, sempre foi conhecido no oriente médio, mas nunca se confeccionou pigmento a partir dele, prova de que não deve ser o verdadeiro.
Argumentos em prol
Para determinar halakhá não é necessário 100%. Basta concordarmos a maioria dos grandes
Não é necessária continuidade na halakhá - Grandes rabinos como o rab Yaakov Molin de Magenza (maharil) "pai da halakhá" ashkenazi entre outros tantos prescrevem que se prescinda em casos como este sem sombra de dúvida
A questão da cor dos fios ter de ser a mesma que a do talit vale unicamente para aqueles que decidiram que este não é o verdadeiro. Ademais, de acordo com o Beit Yossef (shulhan arukh) esta prescrição é melekhathila, bedievad pode-se continuar usando
Com respeito ao kala-ilan, dos fraudadores de índigo ou pau-brasil, trata-se de fraude, enquanto que aqui, de opiniões legítimas
Respeito ao midrash, midrash não é halakhá, e não indica que ela não voltará a revelar-se... talvez até o contrário. O mais correto é lê-lo como algo cujo uso foi reduzido.
Quando a kabalá contradiz a halakhá, sempre vamos de acordo com a halakhá e jamais o contrário. Outros kabalistas como o Rav Shimshon de Ostropoli, autor de um comentário que lemos antes de pesah, afirmam que "levantar-se-à alguém que, com a força da Torá renovará o tikhelet e com certeza demorará até que seja aceito. Na verdade não existe relação entre a destruição do templo e o fato de não termos o tingimento celeste neste momento.
No que tange a nossos estudos e nossa maneira de comportar-nos, precisamos considerar que no dia em que a maioria dos grandes de nosso povo decidirem adotar o celeste, este se tornará obrigatório, e isto aumentará consideravelmente o custo de cada tsit-tsit. A parte disto, os nós deverão fazer-se diferentemente do que se faz hoje, de acordo com alguns khakhamim como maimônides, o raavad e outros.
Enquanto os grandes Rabinos não oficializarem a descoberta, qualquer um que coloque está fazendo mais do que aquilo que solicita a halakhá e isto é algo que apenas quem já tem alto nível de observação deve fazer. Alguém que não conhece o talmud bavli e de jerusalém, as relações proibidas de maimônides e a pureza familiar, as leis de lashon hará, leis de shabath, Tur, Shulkhan arukh e Rif e Rama, Mehilta e tosefta, sifri e Rashi, a torá e as haftarot de cor como todos os aspirantes ao rabinato que não obstante, não colocam a mecha azul, têm muito o que aprender, cumprir e estudar antes de querer ostentar algo que nem o grão rabino de Israel ostenta.
Não preciso dizer que a mecha celeste não é assunto para conversos, nem um converso deve colocá-lo, por melhor que sejam suas intenções. Existem um milhão de coisas mais importantes em sua vida e no judaísmo para serem estudadas e observadas.
Com saudações sinceras